24 horas

Uma chance

Acordo com tanta dor de cabeça que prefiro ficar deitada a ir comer alguma coisa. A claridade do quarto não ajuda quando se quer dormir até mais tarde, parece uma punição para aqueles que estão de ressaca.

Levanto-me lentamente com os olhos fechados, vou até o banheiro decidindo ficar embaixo da água para relaxar um pouco. Minha mente vaga trazendo à tona as imagens de ontem, seu rosto distorcido quando falei que não existia um "nós", o choque que seu corpo pareceu levar enquanto se levantava nos distanciando... Tudo tão confuso.

Volto para a cama decidida a dormir, só quero fechar os olhos e me imaginar em um lugar bem longe sendo feliz.

-Ela não podia ser mais a sua cara... - ele sorri tocando de leve meus cabelos - Tem certeza que quer viver o resto da vida assim?

-Com você? - pergunto envolvendo meus braços em seu pescoço - Eu tenho mais certeza do que respirar.

Acordo suada e sobressaltada, me sento tentando lembrar toda a cena, mas a única parte que me vem a cabeça é a final. Fecho os olhos com força amaldiçoando esses "pesadelos" terem voltado, porque tudo é com ele?

Passo o restante do dia vendo algumas revistas, não sei por que estão aqui, mas aproveito para fazer algo diferente. Perto da noite ouço um barulho estranho vindo da porta, meu coração acelera fazendo com que minhas mãos suem, meu corpo permanece inerte esperando por alguém que não entrou. Ando demoradamente até a porta, vejo uma sombra do outro lado e decido acabar logo com isso.

- Tem alguém ai? - encosto da porta tentando ouvir algo do outro lado - Alguém?

Logo a sombra some fazendo meu coração desacelerar, minha decepção é tão grande que ainda o chamo mesmo sabendo que já foi.

-James?

Volto a me deitar sem entender o que passa comigo, cada vez meu coração fica mais acelerado com a simples hipótese de ficar perto dele, tenho ciúmes quando o vejo ao lado de outra... Meu Deus, que isso não esteja acontecendo, não é sadio, é algo assustador.

Nos meus devaneios escuto um barulho estranho, decido deixar pra lá e voltar a me focar em uma coisa: preciso fugir. O tempo passa e meus olhos logo cansam, não sei se é a falta de exercício físico ou de outra coisa, mas meu corpo anda cada vez mais cansado. Quando estou perto de fechar os olhos escuto gritos, me levanto rapidamente indo colocar meu ouvido na porta. O barulho é baixo  me fazendo pensar que a briga é longe, por impulso giro a maçaneta e a porta acaba abrindo.

Ando a passos lentos pelo corredor, os gritos vão ficando cada vez mais alto mostrando que não é uma simples discussão. Quando estou mais perto da única porta aberta e iluminada consigo discernir que as vozes são de James e Marie, penso em ir embora, mas acabo ficando por causa da curiosidade.

-Você a ama, é isso? – Marie pergunta praticamente gritando - Que burro, está na cara que você a ama! – ouço sua risada me fazendo ter coragem de ir parar ao lado da porta - Assim que ela sair daqui vai te botar na cadeia, vai te jogar no inferno, seu demônio, ela vai te jogar...

Meu coração acelera fazendo minhas pernas fraquejarem, minhas mãos começam a suar quando escuto um forte estalo, fico ainda parada olhando para teto quando escuto o seu grito.

- Eu a amo! Era isso que queria saber? Eu a amo... Porra.

Prendo a respiração segurando as lágrimas, isso não pode acontecer. O que eu sinto não pode ser também isso... O que ele sente não pode ser amor... Não pode. Ouço mais gritos e acabo não conseguindo entender, minha mente está procurando uma solução, não pode ser verdade... não pode.