Capitulo IX

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Acordei tarde como sempre.

Ainda sonolenta, fui ao banheiro e tomei um longo e demorado banho. Não sei por que, mas algo me dizia que eu deveria estar bem arrumada e foi o que eu fiz. Me arrumei, colocando uma calça preta, uma camisa cinza simples e um tênis branco, para depois descer as escadas em direção a cozinha.

Estranhei o fato de não ter ninguém por lá, mas dei os ombros e fui conferir as panelas em cima do fogão. Acho que tinham feito mingau e o cheiro estava até bom, porém lembrei que era Anne que geralmente cozinhava, então achei melhor não correr o risco.

Peguei uma maçã mesmo e resolvi procurar alguém.

__PAI? ANNE? BEN? -Gritei na sala.

Porém não obtive respostas. Olhei no pequeno relógio da parede e já era 12:30, sendo que eu era a única a acordar tarde, presumi que tinha saído e esquecido de mim.

Ótimo! Eu não conheço nada aqui e eles resolvem me abandonar sozinha em casa! Pensei irritada decidindo voltar para o quarto, pois ainda nem havia desfeito todas as malas. Suspirei fundo e subi novamente as escadas. Entretanto, paro no meio do corredor e analiso um pouco as portas. Uma curiosidade me bate, então sem nada pra fazer, faço " mamãe mandou" para escolher que porta abrir primeiro. Acabou dando a terceira porta. Entrei sem problemas já que a mesma estava destrancada. Seria um quarto simples como o meu e passaria despercebido se não houvesse algumas fotos minha na parede e em diversos porta retratos.

Era o quarto do meu pai...

Fiquei perdida observando as fotos que variavam nas minhas idades. Havia uma de quando eu ainda era um bebe, sendo segurada pela minha mãe na maternidade, assim como uma outra de quando ganhei minha primeira bicicleta, e chorei para meu pai tirar as rodinhas. Ele tirou, e o resultado estava eternizado na foto: eu chorando na calçada toda ralada, minha mãe zangada ao meu lado, minha bicicleta jogada  e meu dente caído no chão a diante. Mas logo vi minha foto preferida.

Era do meu ultimo natal na antiga casa de Markus. Ele e minha mãe ainda estavam casados e felizes. Uma vontade súbita de chorar me veio, sufocando meu peito.  Na foto estávamos todos sorrindo, inclusive meu pai, que tinha um gorro vermelho na cabeça. 

Um barulho vindo do cômodo de baixo me tirou do momento nostalgia, parecia que algo tinha se quebrado. Sai do quarto andando devagar para não fazer barulho.

Esqueci de contar um pequeno detalhe: sou medrosa pra caramba!

Desci as escadas de fininho e fui para cozinha pegar algo que pudesse me defender do que quer que tivesse invadido a casa. Como estávamos bem perto da floresta, torci para ser um animal pequeno e inofensivo, invés de um ladrão psicopata.  Vi uma frigideira meio suja em cima do fogão e peguei. Tomará que ela funcione como nos filmes, pensei assustada.

Segui para sala e vi um vaso azul quebrado no chão. Já estava tremendo quando um vulto passou rápido e pude sentir que parou logo atrás de mim.

Puta merda! Eu ainda não queria morrer, ainda mais segurando uma frigideira. 

Levantei a frigideira e com um surto de adrenalina girei meu corpo para trás acertando a frigideira com força em algo duro.

__Ei, ei...calminha ai pequena! - Me assustei ao ver Stevon em minha frente.

Procurei em seu corpo algum machucado, já que o acertei com a frigideira com toda força que tinha em mim, porém nada. Ele parecia perfeitamente, embora não pudesse dizer o mesmo da frigideira. Ela havia se amassado e torci para que ninguém gostasse tanto dela.

Acho que ele também faz parte desse negocio de Lobos. Conclui.

__O que faz aqui? - Perguntei já exaltada pois ele me causou um medo danado.

__Não está feliz em me ver Laurenzinha?

Fiquei quieta o encarando brava. Ele suspirou e passou as mãos nos cabelos antes de dizer:

__  Markus me pediu para tomar conta de você...e Edward acha que seria bom se passarmos um tempinho juntos, já que tem esse lance de casamento.

Droga! Desde de quando eu disse que aceitei me casar?

__Primeiro: eu posso me cuidar sozinha! e segundo, nada contra você, mas não irei me casar!

Ele sorriu de lado e deu os ombros.

__Você sabe por que ele não está aqui? - Perguntei me referindo a meu pai.

__Estão em uma reunião do conselho.

O encarei com minha cara de paisagem, o que o fez suspirar e revirar os olhos.

__Coisa de lobo. - Disse por fim.

__Venha. - Disse pegando na minha mão e me puxando para fora de casa. Deixei pois não tinha nada pra fazer mesmo.

__Onde vamos? - Perguntei curiosa.

__ É uma surpresa. - Stevon me respondui sorrindo.

Ainda estávamos de mãos dadas, enquanto ele me puxava pela vila. Não sabia ao certo como definir aquele local. Era cheio de casas, em geral grandes e antigas, com calçadas de madeira, e vendinhas simples, tudo praticamente cercado pela floresta. As ruas estavam meio vazias e Stevon disse que o tal conselho de hoje, seria um pouco diferente, pois também envolveria os habitantes locais. 

Assenti com a cabeça e deixei ele me guiar até ver uma placa escrita: " Lago dos espelhos " e atrás dela estava uma trilha que adentrava a floresta.

Soltei sua mão em instantes e ele me encarou.

__Não vou entrar ai. - Disse firme.

__Confie em mim. - Ele pediu. 

Se fosse outra pessoa ficaria com certo receio, mal o conhecia, e ele poderia ser um assassino e tudo mais, fora o fato de ser um lobo, o que já tornava tudo bem mais assustador e provavelmente perigoso.  Porém Stevon me passava uma certa confiança, o que me fez ter a certeza de que ele não era um assassino e não iria me machucar, então concordei e comecei a andar na sua frente no caminho guiado pela trilha de terra.

PrometidaWhere stories live. Discover now