Capítulo XXI

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__ Lauren? Uma voz aveludada chamou por mim.

Tentei abrir os olhos, porém eles pareciam pesados demais. Minha cabeça doía e ainda podia sentir o cheiro de mato molhado. Passei a mão ao redor de onde estava deitada e percebi ser uma cama, um pouco dura e com cheiro de mofo.

__ Quem está ai ? - Perguntei baixo, sentindo um leve temor.

__ Você não vai querer saber...

A voz respondeu. Forcei novamente os meus olhos abrirem e obtive um pouco de sucesso, porém minha visão era embasada. Olhei vagamente ao redor e notei que não estava na cozinha, nem em qualquer cômodo da cada de Markus.

Eu estava em outro lugar...

__ Onde estou? - Perguntei tentando conter o medo que insistia em despertar.

__ Não estou autorizada a falar. 

Sentia meu olho esquerdo lacrimejar e arder. " Espere um minuto " a voz murmurou, assim que uma lágrima escorreu de meu olho. Ouvi passos se afastando e um fraco barulho de gaveta sendo aberta.

__ Me deixe passar isso em seus olhos e o efeito ira amenizar.  - A voz me disse e logo depois senti algo gelado tocar meus olhos.

__ O que é isso? - Perguntei engolindo em seco.

__ Uma erva... - A voz respondeu simplesmente.

Em poucos minutos me sentia muito melhor, meu olho já não ardia e a dor de cabeça estava passando. Abri os olhos sem esforço e a primeira coisa que vi foi um ser branco e felpudo, de longas orelhas. Tudo o fazia semelhante a uma coelho, porém da cintura para baixo era como um macaco. Prendi o ar enquanto encarava aquele ser do tamanho de um bebe gordinho.

__ O que é você? - Perguntei tentando manter o tom de voz baixo e não tão apavorado.

__ Sou uma Mixture. - Respondeu baixinho.

Enruguei a testa e a encarei mais confusa ainda.

__ Quer dizer que fui criada por uma feiticeira.

" Oh" foi tudo que consegui dizer.

__ Qual seu nome? - Perguntei.

__ Não tenho um " Nome " senhorita, mas, minha dona me classificou como número 8, senhorita.

Numero 8...me perguntava o por que disso.

__ Posso te chamar de Karin? - Perguntei amigável, pois ela estranhamente me lembrava esse nome.

Karin...eu tinha uma amiga em Nova York que se chamava Karin e amava coelhos. Acho que ja estava com saudades...

__ Me chame como desejar senhorita. - O ser estranho respondeu.

Olhei mais uma vez em seu rosto de coelho e seus profundos olhos azuis, já não sentia mais medo ou repulsa por Karin.

Olhos azuis...

Isso me lembrou que a alguns segundos atrás estava na casa de Markus até ele aparecer...

__ Onde esta Stevon? - Perguntei com o nome dele queimando em minha garganta.

__ Senhor Stevon já irá vir, junto de minha dona.

Foi tudo que aquele ser me respondeu antes de se retirar daquele quarto. Tentei levantar porém meu corpo parecia estar preso a cama, mesmo não vendo nada que pudesse me prender ali. Respirei fundo e analisei ao meu redor. Era um quarto muito estranho, o cheiro de mofo e poeira predominavam, o papel de parede marrom estava despregando e havia algumas estantes com livros antigos, alguns símbolos estranho desenhados em vermelho na parede, um armário de canto, com alguns potes de vidro vazios e outros cheios de plantas e acho que vi um pé de coelho.

__ Ela está acordada senhora. - Ouvi a voz aveludada de Karin falar.

__ Saia do caminho Número 8! - Uma outra voz, gélida e cortante ordenou.

__ Sim, minha senhora. - Ouvi Karin responder.

A porta do quarto se abriu, e uma mulher alta e magra, de olhos ônix e pele ruiva, com longos cachos negros, vestida vulgarmente entrar. Analisei da cabeça aos pés, descalça e com um biquíni vermelho, calça preta um pouco abaixada, dava a visão de sua calcinha da mesma cor que o biquíni. Seu corpo cheio de tatuagens, algumas idênticas a da parede do quarto.

__ Lauren, né. -Falou com descaso, olhando para suas unhas vermelhas grandes. 

__ Quem é você? - Perguntei mantendo meu tom de voz estável.

__ Sou Celina e serei a madrinha de seu casamento. - Ela me disse animada.

Arregalei os olhos e fiz uma careta. Madrinha de casamento?

__ O quer dizer com isso? - Perguntei assustada.

__ Bem que Stevon me disse que você é meio lerda as vezes... - Falou mais para si própria.

StevonAquele desgraçado malditoPensei com raiva.

__ Cada ele?- Perguntei deixando a raiva transparecer.

__ Nossa...O gatinho quer bancar o leão. - Celina zombou. __ Eu não apareceria nesse estado na frente de um rapaz como Stevon... - Ela continuo com o mesmo tom de zombaria enquanto se aproximava de mim e tocava meu cabelo.__ Está fedendo, com o cabelo desgrenhado e toda sujinha...que porquinha você, hein. - Disse, rindo escandalosamente.

Eu queria me levantar e me afastar dela. Sentia que era perigosa, porém ainda com conseguia me mexer.

__ Por que não consigo me mexer? - Perguntei aflita vendo-a cutucar meu braço com suas unhas afiadas.

__ Hmmmm, percebeu?Joguei um pequeno feitiço no seu corpo. - Explicou.

__ Como assim? - Gritei a fazendo tampar os ouvidos.

__ É escandalosa também, que saco. Preferia você como nos dias anteriores...quieta e dormindo.

Celina resmungou zangada. Dias anteriores...?

__ Há quantos dias estou presa aqui? - Perguntei temerosa.

__ Cerca de uma semana, mais ou menos.  - Celina respondeu abrindo um sorriso largo e medonho.

Meu coração acelerou e senti que iria chorar quando a porta se abriu novamente e lá estava ele.

PrometidaWhere stories live. Discover now