Capítulo 19

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Quando começa à anoitecer, volto para o carro e ligo para Fábio.

- Consegui, chefia. Ás sete horas no 234.

- Valeu, cara.

Olho o relógio: 17:45

Ligo para Antonio.

- Seguinte, eu consegui uma reunião com ele num galpão meu, sete horas. Vai sair do trabalho que horas? Vou te buscar. 

- Saio às seis, pare no Starbucks aqui perto, não na porta.

- Beleza.

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Paro onde ele me disse e espero. Ouço uma batida no vidro e quando vou destravar a porta, achando que é Antonio, me deparo com Bernardo.

Ai meu Deus.

Abaixo o vidro.

- Malu? Onde você tava esse tempo todo? Te liguei milhares de vezes, e só dava fora de área. - Isso porque eu bloquei suas ligações querido - A Bruna também tá muito preocupada com você, mas ela disse que você sabe o que faz e por isso não quis ligar.

- Exatamente, encosto. Eu sei o que eu faço, não precisa se preocupar.

Vejo tristeza e decepção em seus olhos. Eu não queria fazer isso com você, Bernardo.

- O que você tá fazendo por aqui? Tem Starbucks perto da sua casa, não precisa vir até a...

Ele para de falar e eu, como num estalo, me lembro que Antonio está vindo pra cá.

Ai meu Deus.

Ouço a voz dos dois discutindo lá fora, mas tudo o que consigo pensar é no horário. O galpão 234 é longe, e agora é horário de pico. E nós, quero dizer, as pessoas que trabalham com coisas ilegais, prezam o pontualismo. Se eu não estiver lá às sete, Valentim pode levar isso como um sinal de que chamei a polícia e meus homens vão morrer. Daniel vai morrer.

Saio do carro e grito:

- Dá pra vocês pararem com essa palhaçada? Antonio, entra logo nesse carro, ou vamos nos atrasar e você realmente não vai querer chegar atrasado - digo fuzilando-o com os olhos.

E enquanto Antonio passa por seu irmão e entra no carro, posso ver o olhar de Bernardo: decepção, surpresa, traição, tristeza. Desculpa, Ber, de verdade. Eu não queria fazer essa bagunça na sua vida.

Então, entro de vez no carro e arranco. 

- Dá pra você dirigir mais devagar? 

- Não. - Respondo encerrando qualquer esperança de conversa.

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Chegamos ao galpão pouco antes das sete. Desço, respiro fundo e vou para o lado de Antonio, temos um inimigo em comum essa noite.

- Malu, eu deixei duas viaturas sob alerta. Caso... bem, você sabe.

- Tudo bem, mas se prender ele e chamar reforços, me avise pra eu cair fora.

- Acordo é acordo.

Entramos no galpão.

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A iluminação é fraca, mas é fácil achar Valentim, cercado por seus 4 comparsas, assim como pedi. Me seguro para não rir, mesmo que o medo seja a emoção que está dominando agora.

- Maria Luiza, eu realmente achei que você sabia o que era pontualidade, e que isso é crucial numa reunião como essa.

Assinto com a cabeça, ainda meio atordoada por Valentim, que achei que seria fortão, com seus 1,90; mas, senhoras e senhores aqui está o Valentim real, com seus 1,50 de altura, sua voz fina e sua peruca com topete.

Olho para os capangas, todos do jeito que julguei que Valentim seria.

Então me juntos aos meus, com Antonio ao meu lado e Daniel posicionado dois passos atras de mim.

- Vamos resolver logo isso - digo tentando parecer durona, mas minha voz sai trêmula.

- Primeiro - diz Valentim- porque você tem cinco homens, se me mandou trazer quatro? Tá com tanto medo assim, gatinha? 

O que eu vou dizer? 

- Esse aqui é meu braço direito, Carlos.

- Ah, claro. Antonio, detetive na área de narcotráfico, da décima primeira delegacia? Muito esperto da sua parte. Digo, arrumar um aliado dentro da polícia: Garantia de nunca ser pego. Gostei da ideia.

Nesse momento, Valentim faz um movimento para o lado com a cabeça e fico sem entender muito até que os capangas dele começam a atirar em nós.


Sucessora da máfia - finalizadoWhere stories live. Discover now