Capitulo 09

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NOVE DIAS DEPOIS

 - Telefone pra você, Malu! - Escuto minha vó gritar. É tão estranho, depois de mais uma semana aqui, conversando com meus primos e Alonzo, eu já me lembro perfeitamente como conversar em grego. 

- Estou indo vó! - Visto uma blusa larga e largo minha toalha na janela. 

Desço as escadas e atendo telefone.

- Maria? - Escuto a voz do meu pai. 

Geia sou bampá

- Em português, minha filha! - Percebo meu erro e começo a rir. 

- Oi papai.

 - Filha. Você já pode voltar para casa. Resolvemos os problemas todos. E você tem escola daqui a quatro dias. Suas ferias estão terminando.

- Ah. Claro pai. - Respondo rapidamente. - Como está tudo por ai? 

- Tudo certo. Você teria algum problema em nos mudarmos? - Ele fala rapidamente. 

- De casa?

- É... Mas deixe isso para lá. Não importa. 

- Ah! Eu amaria pai! Caramba! Aquela mansão no meio do nada já estava me dando nos nervos. Compre uma perto de Ipanema. - Escuto ele rir. 

- Claro, meu amor. Vou procurar casas então. Comprei suas passagens para amanhã as cinco da manhã. Você chega a noite. Mas tem previsão do avião atrasar um pouco. 

- Sem problemas. 

- Estou em uma viagem de negócios em São Paulo, mas volto a tempo de almoçar-mos juntos. 

- Tudo bem. Boa noite pai. 

- Te amo, Maria. - Ele fala com sinceridade. 

- Eu também pai. - Respiro fundo e desligo.

 Minha vó aparece atrás de mim. 

- Papai pediu que eu voltasse para o Brasil amanhã, vó. - Ela não perde o sorriso.

Amo minha vó. 

- Então me deixe ajudar a arrumar suas coisas.

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Olho para os lados. Bruna já deveria estar ali. Respiro fundo. Odeio aeroportos, é fato. Tento manter a paciência e a boa fé.

Sinto mãos na minha cintura, olho rapidamente e só consigo ver os lindos olhos azuis de Bernardo, antes dele me beijar como um soldado que acabou de voltar da guerra. Em algum momento ele me solta e eu me sinto radiante. Mas esse sentimento logo passa, dado as circunstâncias. 

Dou um passo para trás e pego as minhas malas. 

- Eu estava com saudades.

Não respondo nada. Minha consciência pesada não me deixa. O irmão do Bernardo, Meu Deus. Ele pega a minha outra mala e vamos andando em direção ao táxi. 

- Malu? Meu amor? - Aquele momento de afeto me mata aos poucos. Sorrio para Bernardo, dou um pequeno selinho nele e entro no carro. Ele parece se contentar. 

Estou tão alienada aos fatos que não presto atenção qual endereço que ele diz ao motorista. - Como foi a viagem? - Eu apenas me distancio o máximo possível, olhando para a janela. 

- Ótima. Minha família da lá é tão unida... - Falar de família me deixa ainda mais atormentada. E se fosse ele no meu lugar? Se precisasse matar o meu pai? - Aonde está Bruna? 

- Olha pra mim. - A sua voz autoritária me faz parar e encará-lo. - Você está diferente. Eu quero minha garota de volta. 

- Eu não sou propriedade de ninguém, encosto. - Bernardo sorri, travesso. 

- Senti saudades. - Ele repete.

Fico olhando pela janela, feliz por estar no Rio, mas triste por ter que me despedir de Bruno, Lena, Alonzo e minha avó, que eu não via a tanto tempo.

- Malu?

 - Que é, encosto?

 - Quem é Pedro? 

- Afe Maria. Tu é ciumento hein?

- Cuido do que é meu. 

- HaHa. Só que não, Bernardo. - Reviro os olhos. 

- Conta sobre a viagem. - Ele pede calmo. 

- Foi boa. Tomei muito banho de mar, conheci vários primos que nem sabia que existiam. - Sorrio. - Comi todo tipo de comida e foi numas festas bem legais. 

Ele chega mais perto de mim e me beija. Seu telefone toca e ele faz menção de atender, eu assinto com a cabeça.

- Oi, mãe. Calma, fala devagar. - Bernardo ri - Ah mãe, relaxa, ele deve tá de rolo com uma garota. Namorando, mãe, ele deve estar namorando.

Bernardo desliga o telefone e se volta pra mim.

- Onde paramos?

- O que aconteceu?

- O Antonio saiu de casa ontem de noite e até agora não apareceu. Deve estar com alguma garota.

Concordo com um gesto de cabeça. Merda, já pegaram ele.

O táxi para na frente da casa de Bernardo, e ele abre a porta e desce. 

- Ah. Espero que... achem ele. Bom... Eu acho que eu... - Aponto para o motorista. - Vou para casa. 

Ele se apoia na porta e franze o cenho. 

- Poxa Malu. Fica comigo, Amor. 

- Não dá, eu tô muito cansada. Desculpa. - Falo exasperada.

Me inclino no banco e dou um rápido beijo nele.

 - Vai ficar tudo bem, não se preocupe. - Digo rapidamente.

Bernardo assente e joga um beijo, fecha a porta e o táxi arrasta. Digo o meu endereço, e me encosto no banco, olhando pela janela.

Passam-se uns vinte minutos até o táxi parar.

Abro a porta e vejo o motorista já pegando a minha mala. Abro a bolsa, tiro uma nota de cinquenta e entrego-a, mas ele nega com a cabeça.

- Seu namorado me pagou por uma volta inteira no Rio de Janeiro. 

Bufo.

 Arrasto minha mala portão a dentro. Subo as escadas correndo e entro em meu quarto. Deixo a mala em cima da cama e me agacho, tiro o piso falso e lá está ela. Minha calibre 22. Não me dou o luxo de pensar no porque vou utilizá-la. Ponho e o piso no lugar e saio do quarto fechando a porta atrás de mim.

Desço as escadas correndo, olhando para o chão, com a arma entre a calça e o final das minhas costas. Me bato com algo, e olho pra cima. Evangeline, a empregada, me observa.

- Aonde você vai, Malu? - Pelo jeito que me olha tenho certeza que viu o revólver.

- Vou resolver alguns problemas, Evangeline.


Sucessora da máfia - finalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora