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"And I know, where ever you go, I'll be around - yeahI'll be there catching your tears before they fall to the groundyeah"change of heart, Bruce Dickinson)

Um gotejar constante me despertou ,fiz um movimento brusco e senti uma resistência, abri os olhos e me vi deitada em uma cama de hospital,o fio que conduzia o soro conectado a veia da minha mão  impedindo que eu me mexesse muito.
Eu estava sozinha.
O Quê fazia ali?
Forcei minha memória e me arrependi,Page estava morta, eu desmaira ao ouvir isso dos lábios de minha irmã.
Senti o gosto salgado das lágrimas,Page morta, parecia um pesadelo, pobre Page.
Precisei de alguns minutos para me controlar,quando já conseguia pensar com clareza resolvi me levantar..
Não fazia nem noção do tempo que estivera ali, talvez eu nem conseguisse me despedir de Page.
Caminhei até a porta, arrastando o suporte com o soro junto,tomando muito cuidado espiei o corredor,estava praticamente vazio.
Voltei para a cama e me livrei da agulha que levava o soro para meu organismo,puxei o objeto de uma só vez fazendo uma careta.
Eu estava usando as roupas do hospital,havia um banheiro anexo ao quarto fui até lá, achei minhas roupas penduradas em ganchos na parede,o vestido que usava na minha festa de aniversário o peguei e vesti.
Espiei o corredor novamente,estava vazio,tomei folego e saí a passos acelerados,passei por algumas enfermeiras, elas estavam entretidas em uma conversa e não me notaram,após passar pela portaria tudo ficou mais facil e logo respirei o ar puro do dia.
Não lembrava de como fora parar naquele hospital e de quem me levara, e me perguntava onde estavam todos.
Precisava voltar para casa.
Caminhei alguns metros, ainda um pouco trôpega,certamente haviam me dado calmantes,um táxi passou por mim, fiz sinal e ele voltou parando ao meu lado.
-Pra onde moça?
O taxista era um velho de barbas exuberantes,me olhava um pouco preucupado, eu não devia estar com uma aparência muito boa.
-Me leve... - talvez não fosse a melhor opção ir para casa,Sophia estava com raiva de Page, não deixaria me despedir dela- para o hospital psiquiátrico de Valley.
Talvez ela ainda estivesse lá, poderia ve-la antes que fosse levada ao cemitério.
Eu nem ao menos tinha noção do tempo ou quantas horas ficara naquele hospital, minha mente estava uma bagunça.
Massageei minhas temporas,minha cabeça estava doendo e eu sentia um peso enorme em meu corpo,haviam me dado muitos calmamentes, certamente.
Me recostei no banco do taxi e fiz toda a viagem de olhos fechados, quando senti que o veiculo parava abri os olhos e a luminosidade os machucou um pouco, pisquei repetidas vezes até eles se acostumarem com a luz do sol.
-É aqui moça.
Aquela era a deixa para paga-lo,tirei a pulseira que ganhará de Sophia e entreguei a ele, o homem me olhou desconfiado e confuso.
-Eu não tenho dinheiro comigo senhor, mas essa pulseira vale bem mais que a corrida, pode ficar com ela.
O homem me encarou alguns minutos e deu um suspiro resignado.
-Tudo bem mocinha,não vou te cobrar dessa vez,fica como um favor.
Sorri por baixo do meu estranho torpor,e agradeci a ele.
Obeservei o taxi se afastar e encarei a faixada do hospital psiquiátrico,era um prédio cinzento e frio.
"por favor que ainda não a tenham levado"
Caminhei com passos vacilantes até a recepção, uma mulher loura e com uma maquiagem forte me avaliou.
-Posso ajudar senhorita?
Assenti
- procuro uma pessoa-pigarreei,algo parecia estar preso na minha garganta- Page Adams.
A mulher digitou no computador,e me olhou desconfiada.
-Page Adams faleceu ontem,moça.
Aquilo ainda era difícil de ouvir.
-Sei disso, mas eu queria ve-la antes que a levassem para a autópsia.
A mulher me olhou como se eu fosse louca,era tão difícil para as pessoas entenderem que eu precisava me dispidir de Page, eu precisava ve-la para aceitar que estava morta.
-Por favor senhorita-pedi -ela era muito importante para mim, se ainda não a tiverem levado me deixe ve-la.
Pude sentir o desespero na minha própria voz e a recepcionista tambem pode, ela me olhava com pena e preocupação.
-Tudo bem,o corpo dela ainda  não deixou a clínica, vou pedir que uma enfermeira a acompanhe,é isso mesmo que quer?
Assenti.
-obrigada.
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Page estava em um ala especial, seu corpo fora preparado e só aguardava o transporte para ser transferido.
Obeservei seu rosto tão familiar e não contive as lágrimas,chorei agarrada a sua mão como costumava fazer quando tinha problemas e ela me consolava.
Como ela podia ter chegado naquela situação, por que Page tirara a própria vida, era tão absurdo que mesmo a vendo ali sem vida, meu inconsciente se negava acreditar.
-Porque me abandonou Page?
Perguntei, sabendo que não receberia uma resposta.
Toquei uma última vez seu rosto querido.
Me inclinei e beijei sua face gelada,quando afastei o rosto notei em uma mancha em seu pescoço.
Franzi o cenho e afastei seu cabelo para ver melhor.
Não era uma mancha, eram números.
Passei os dedos na marca,Page não tinha aquela marca,sempre mantinha os cabelos presos e eu jamais vira aqueles números tatuados em sua pele.
Eram três vezes o número seis,desenhados de uma forma que parecessem um círculo.
A descoberta me deixou confusa,toquei a marca. Todo o mal estar que vinha sentindo caiu como um turbilhão sobre mim. O chão pareceu sumir debaixo de meus pés,me agarrei na guarda da cama onde o corpo de Page estava e tentei me manter em pé, um zumbido ensurdecedor vindos não sei da onde me atingiram de repente ,soltei as mãos e tapei os ouvidos,meu corpo já não me obedecia e cai no piso gelado, só queria que aquele som parasse, pareciam milhões de vozes se lamentando ao mesmo tempo,aumentei o aperto contra meus ouvidos mas não adiantou.
Eu só queria que parasse.
-Easter,Easter...
Ouvi meu nome,alguém estava me chamando, abri os olhos mas só consegui vislumbrar uma silhueta que se abaixava para perto de mim,senti braços me ampararem e uma voz conhecida tentar me acalmar.

A Sétima FilhaWhere stories live. Discover now