Capítulo 13

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Sentei naquela maravilha, sentindo aquele maravilhoso estofado de couro e coloquei o cinto. Ainda não consigo entender como o Guilherme tem esse carro, será se ele roubou? Ou ele pode ser rico?  São várias hipóteses a se analisar.

- Eu sinceramente não te entendo, você diz que não gosta de mim, mas vive me perseguindo, irônico não é?

- Eu não queria dizer aquilo. Mas é que você é muito mimada, isso me irrita.

- Você não me conhece o suficiente para afirmar isso sobre mim.

- Conheço o suficiente pra dizer isso. - Diz confiante, puxando os lábios para o lado formando um sorriso debochado.

Não gostei disso,  mas ele fica mais lindo quando sorrir.

- Não tenho culpa se você senti uma atração por mim.- Ele gargalhou assim que concluir minha frase.

- Confessa que é você que sente por mim.

- Não, você é estranho. - Cruzo os braços, não acredito que eles esta insinuando isso.

Percebo que o carro esta se movimentando mais veloz que o normal, olhei pra ele que estava com um sorriso divertido nos lábios.

- Tenho todo o tempo do mundo. - Continuou acelerando o carro.

O carro está em alta velocidade, e ele não tira o pé do acelerador. Ja assustada, vejo as pessoas correndo rapidamente pela faixa de pedestre antes que sejam atropeladas por um louco, os carros desviam de uma forma arriscada.

- Guilherme, é sério, para!- Gritei. Começo a sentir um frio na barriga. - Você vai acabar atropelando alguém.

- Eu sei.- Da de ombros sorrindo. - Olha aquela velhinha lá na frente, coitada.

Vejo ao longe uma senhora atravessando a avenida, as pessoas parecem gritar desesperadas tentando lhe alertar. Eu não estava me sentindo bem, ja estava tonta e confusam

- Eu gosto de você. - Grito em puro desespero.

Ele freia fazendo um barulho de pneu horrível, ficando a centímetros da senhora que olhava o carro assustada.

- Você é louco. - Soltei o ar que vir que estava prendendo. Meu coração continua acelerado, parece que vai sair pela boca- literalmente falando.

Guilherme continua seu percurso, rindo sozinho.

Enguli seco e flashes do meu corpo sendo jogado para fora do carro se passam em minha mente, a sensação da minha possível morte me atinge com tudo, e não fui capaz de suportar.

(...)

- Ela vai ficar bem, talvez o acidente que sofreu a deixou com algum tipo de trauma. - Abro os olhos piscando várias vezes seguidas, vejo Guilherme dando dinheiro pra uma mulher que está toda vestida de branco, com uma maleta.

Ela sai e Guilherme vai atrás. Percebo que estou em uma cama de casal que fica em um quarto, me endireito rapidamente na cama quando não conheço o local.
Esses meus desmaios estão se tornando frequente, mas se desmaiar toda vez que sofrer uma emoção, daqui a pouco não acordo mais. O clima do quarto está agradável, tem um uma porta de vidro que percebo rapidamente ser o closet. É um quarto que posso ver ser masculino, muito arrumado e sofisticado.

- Vejo que estar melhor. - Guilherme diz entrando no quarto. Levanto rapidamente da cama, mas sinto uma tontura que me faz levar a mão para a cabeça involuntariamente.

Ele já está ao meu lado me ajudando, e sentamos juntos na cama.

- Foi só uma brincadeira. - Acaricia uma mecha do meu cabelo, colocando a mesma atrás da minha orelha.
- Eu só queria que você dissesse. - Faz movimentos circulares com o polegar, em minha bochecha.

- Você ia matar a velhinha - Bato em sua mão, fazendo ele recuar.

- Eu sabia o que estava fazendo. - Confessa dando de ombros. - Vamos almoçar.

Levanto e ele pega em minha mão entrelaçando nossos dedos, parece que tem muitas borboletas em meu estômago, quero me afastar dele, mas ao mesmo tempo não quero. E nessa luta interior, sua mão ainda esta na minha me fazendo sentir uma eletricidade fora do comum.

Estamos em um apartamento pequeno, mas bastante luxuoso por sinal. Ainda estranho o fato dele ter aquele carro. Cogito a ideia de ir embora, mas preciso entender mais sobre ele.

Sento em um banco próximo ao balcão. Guilherme coloca uma luva de cozinha na mão pegando uma panela que estava no fogo, vejo que é uma macarronada e passo a língua nos labios me deliciando apenas com o cheiro maravilhoso.

Observava atenta seus movimentos, seus músculos contraindo enquanto ele servia meu prato. Abro um sorriso em agradecimento, e ela senta ao meu lado.  Levo uma garfada a minha boca, sentindo o queijo derreter e aquele gosto dos deuses no meu paladar.

- Meu prato favorito.

- Eu sei. - Disse orgulhoso.

- A gente se conhece de algum lugar ?

- Talvez, Ella. - Continua a comer, isso soou tão misterioso. O jeito que ele fala meu apelido, é tão íntimo.

E é claro que repito novamente e me delicio com aquela macarronada maravilhosa. Guilherme pega nossos pratos levando para a pia. Peço pra lavar, só por educação mesmo, mas ele nega dizendo que vou quebrar tudo.

- Você não faz o tipo que cozinha. - Digo.

Sentamos no sofá lado a lado.

- Eu faço muitas outras coisas tambem.- Disse e soou com segundas intenções. Deita colocando suas pernas em cima das minhas.

- Eii. - Empurro suas pernas. - Você não é o cara que não me suporta ?

Ele gargalha lindamente.

- Nesses dias percebi que é mais fácil quando admito que gosto de você.

- Então você gosta de mim ? - Ergo uma sobrancelha me aproximando dele com um sorrisinho esperto nos labios.

- Eu não disse isso. - Nega, incomodado. Endireita seu corpo, ficando ereto. - Eu gosto de dizer que não te suporto.

- Isso é o que você diz pra você? Isso é o que você quer acreditar....- Tento persuadi-ló. Pelo que vejo funcionou, ele encara o nada pensativo.

- Ainda quer ser psicóloga ?

- Você é um psicopata que pesquisa tudo sobre sua vítima pra depois mata-la ? - Pergunto me afastando. Ele franziu o cenho me olhando.

Estava levando tudo na brincadeira, me sentia confortável com ele, então deixei tudo fluir naturalmente.
O seu sorriso, seu jeito de coçar a cabeça quando olha coisas aleatórias. Mas em toda nossa conversa, ele fala alguma coisa de mim como se me conhesse bem. Me questiono se ele só me viu no dia que me salvou do acidente, como poderia saber coisas tão pessoais sobre mim? Só se ele for um doido lunático...

Levanto do sofá e saio correndo, ouço risos dele e sinto meu corpo se derreter, mas procuro forças no meu interior e adentro rapidamente em um cômodo qualquer. Tranco a porta e ouço batidas na mesma, começo a rezar todas as orações que conheço, eu não quero morrer assim.

- Myrella, para de frescura. - A maçaneta está sendo girada repetidamente, mas a porta está trancada. - Eu só procurei saber um pouco mais sobre você.

Procuro em meus bolsos e vejo que estou sem meu celular, ele está na minha mochila que nesse momento está na sala.
Eu não sei o que fazer, e se ele cortar meu corpo e vender meus órgãos? Sento no chão sentindo meus olhos marejados.

O pior de tudo é que acho que gosto dele, aquele jeito fechado e todo bipolar. Ele também gosta de mim, mas quer acreditar que não. Oh céus! Eu estou com aquela doença que a vítima se apaixona pelo homem ruim, o assassino.

Vejo uma janela de vidro, ela está aberta. Começo a cogitar a ideia de pular. Levanto indo em direção a mesma...

Sabe aquela pessoa que escreve sorrindo? Sou eu. Obrigada por todos os votos e comentários, vocês são tudo pra mim♥

Então Eu Acordei ( Concluído )Where stories live. Discover now