Então Eu Acordei ( Concluído )

Capitulo 0

A morte é algo curioso, todos querem saber como é o "outro lado", porém ninguém quer descobrir. Eu imaginava a morte como algo rápido, como um acontecimento que era instantâneo, mas depois de hoje, o dia que considero que minha vida mudou, tudo ficou diferente e mais claro.

Ao meu ver, eu possuía a vida perfeita. Morava com meus pais e o bobo do meu irmão, ele é mais velho que eu, mas mentalmente eu tenho mais idade que Nicolas, ele é o filhinho da mamãe. Falando nela, minha relação com ela não é aquela maravilha, quando eu era menor tinha em mente que minha mãe me odiava, e como meu irmão dizia que eu era adotada, e que fui encontrada no lixo - Isso não é verdade, mas só vim constatar isso nos dias de hoje - eu vivia triste pelos cantos acreditando que era rejeitada, mas se não fosse por meu pai, que é um homem maravilhoso pra mim, eu com certeza entraria em uma horrível depressão.

Hoje eu irei para o meu curso de inglês, faz cerca de alguns meses que que estou assistindo aulas maravilhosas e que me fazem ter vontade de ir todos os dias, mas como nada é flores, o local onde meu curso é realizado fica em uma zona perigosa, o que levou o meu pai a me proibir ir de ônibus. Sendo assim, no início do meu curso convidei a minha melhor amiga maluquinha para ir comigo - Ela tinha o motorista particular dela-, mas acreditem, em uma semana ela desistiu e como eu fiquei? Fui obrigada a pedir ao meu amoroso irmão - sintam a ironia - para me deixar no curso, e conhecendo bem Nicolas Sales nada foi fácil, e eu, a praticamente meses ajudo ele nas provas, trabalhos e atividades, enquanto isso todos acham que ele é o inteligente da família, quer dizer, todos não, e sim minha mãe. Porque quase toda a população do mundo sabe bem quem é Nicolas Sales.

Levanto da cama decidida a sair dos meus pensamentos, sempre tive uma bela mania de parar a minha vida e sentar-me em um lugar confortável e pensar, isso mesmo, pensar em várias coisas aleatórias que me cercam. Encaro meu quarto roxo com branco, roxo é minha cor favorita e é óbvio que aqui em meu quarto ela estaria sendo exibida de todas as formas possíveis.

Seguro meu celular na intenção de entrar no WhatsApp e conferir algumas mensagens, mas eu nem cheguei a desbloquear a tela, já que estou vendo a hora e constatando o quanto estou atrasada para o meu curso, o meu momento filosófico demorou mais do que eu pretendia.

Sair correndo pelo meu quarto sem saber ao certo para onde ia, mas acabei me perdendo em meu próprio desespero e acabei não fazendo nada. Então respiro fundo tentando manter a calma, e assim conseguir calçar minhas botas que estavam a minha frente que eu não conseguia ver segundos atrás devido a pressa , pego minha mochila que já estava arrumada e não conseguindo mais manter a calma, sair do meu quarto correndo em passos largos, tão grandes que quase tropecei em um degrau e por pouco não sair rodando escada abaixo.

— Mãe? — Chamo ela assim que piso meus pés na sala.

Olho tudo ao meu redor e nada da minha mãe, a sala enorme me deixava perdida e o meu coração batendo em meu peito freneticamente me deixava mais nervosa do que estou. Apenas jogo a mochila no grande sofá branco e saio reto indo em direção a cozinha, e acredite, eu não fui andando.

—Mãe? Cadê o Nicolas? — Indago assim que a vejo. Ela esta de costas pra mim e usando aquele seu vestido verde e que possuía bolinhas brancas, ela se virou com aquele típico jeito de dona de casa, uma toca no cabelo e um avental com desenhos de verduras.

— Querida eu sei que estava correndo, não faça isso ou pode cair. — Ela disse enquanto enxugava suas mãos em um pano de prato, eu continuava a olhando impaciente na esperança dela responder minha pergunta. — Assim, seu irmão...ele deve está se arrumando, sabe como Nicolas demora.

— Nicolas!!! — Grito colocando toda minha energia para fora, era isso ou ele não ouvia já que seu quarto é  no segundo andar. Mamãe deu um sobressalto e me olha com um olhar repreendedor.