Capítulo 14

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Bônus

Amanda Narrando

Desde quando nasci eu já era cria da favela, meu pai era dono dessa porra toda e quando morreu fiquei sem chão para pisar. Meu pai era meu herói e garanto que para as outras pessoas também. Ele sempre ajudava e fortalecia com os moradores. A sua morte foi bastante lamentada por todos, apesar da minha dor, eu sabia que Alex e Guilherme sofriam mais. Eu ainda era uma criança, mas entendia das coisas. Minha mãe ficou chocada e decidiu que não iria mais morar na favela, ela conseguiu um emprego e se mudou para bem longe da favela levando eu e Alex. Só que meu irmão não queria se afastar da favela e acabou dando prosseguimento com oque meu pai havia começado e agora é dono do alemão junto com Guilherme.

Os dois odeiam policiais mais do que possa imaginar, o ódio começou quando meu pai, Henrique, foi assassinado cruelmente por um policial sacana. Dizem por ai que ao invés dos policiais levarem meu pai para a delegacia, eles levaram para um terreno baldio abandonado e mataram meu pai sem dó e piedade. Meu irmão e o Gui descobriram o nome de cada um dos membros que participaram da morte do meu pai e mataram todos, da mesma forma que matou nosso pai. Eu gosto da minha vida, mas sei que poderia ter sido melhor. Meu sonho era ser policial quando eu era criança só que esse sonho foi dizimado com a morte do homem que eu mais amei e o ódio tomou o meu coração.

Hoje ajudo o meu irmão no morro, ele diz que tudo isso também é meu, mas quando tento avisa-lo sobre a Eloá ele sequer me dá ouvidos. Desde quando essa menina entrou na favela meu irmão pareceu ficar cego e surdo. Alguns dizem que é o amor, mas eu acho que ele está se iludindo e o infeliz não me dá ouvidos. Isso que é foda.

Guilherme diz que vai me ajudar a desmascarar essa zinha, mas até agora nada. Parece até que se esqueceu.

Sou apaixonada pelo Gui desde quando era moleca, vivia correndo atrás dele e também dizia para todas as gurias que se aproximavam dele que o mesmo era meu e de mais ninguém, e que se eu as visse dando em cima dele iria cortar os cabelos delas. Elas corriam de mim, e até hoje faço isso com as vadias daqui da favela, se elas acham que pode dar em cima do meu homem estão enganadas. Eu as fuzilo sem hesitar.

Aprendi muita nessa vida que eu levo e, uma delas, é sempre correr atrás do que você quer. Ganho um bom dinheiro com o tráfico, tenho uma casa bacana na zona sul, minha mãe está feliz e bem sustentada. A única coisa que falta é ter o Guilherme de vez para mim. Eu quero ser a mãe dos filhos dele, quero juntar as nossas escovas de dente, quero ser amada por ele da mesma forma que eu o amo. Nunca me deitei com outro homem ou fiquei com outra pessoa, pois o meu coração sempre será do Gui, e o que queria era que ele me notasse e percebesse isso. Eu, apesar da marra de durona, sou uma garota meiga e apaixonada. Só que faço o possível para não transparecer isso, é por isso que todos me temem quando passo. Eu gosto de respeito, isso lhe dá poder e a sensação é muito boa.

Eu e o Guilherme já transamos diversas vezes, ele foi o meu primeiro cara, e mesmo assim o desgraçado me enxerga como uma irmãzinha que nunca teve. É pra acabar comigo isso!

Se ele soubesse o quanto isso dói, não me faria sofrer, mas eu sou paciente, pelo menos isso eu puxei do meu pai. Ter paciência é uma virtude que tem que ser usada sempre. Um dia Guilherme será meu e teremos uma penca de filho dos olhos verdes...


***

Imagino Amanda como a atriz Cléo Pires, mas cada um imagina do jeito que quiser! 

OPERAÇÃO NO MORROWhere stories live. Discover now