Capítulo 89

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Guilherme narrando

Só estou nessa droga de passeio por causa do meu filho. Ele é o único motivo que eu me disponibilizei a sair com Alex. E pelo sorriso do meu pinguim, ele está gostando. Estava com anzol dentro dá água só esperando o peixe morder a isca. Tudo estava silencioso. Era preciso silêncio.

Tinha uma distância agradável entre eu e Alex. Meu filho estava um pouco mais a frente de nós dois, ansioso para pegar o seu primeiro peixe.

—O dia está bonito. —Disse Alex, puxando assunto.

—É. —Respondo secamente.

Ele olhou para mim, me encarando.

—De homem pra homem, Guilherme. Você ainda a ama?

—Mais do que imagina. E você?

—Também. —Responde. Aceno com a cabeça e volto a olhar a lagoa. —O que você faria por ela?

—O quê?

—Para não perdê-la?

—Nada. Eu já a perdi. —Digo sincero.

Alex rir.

—E se eu disser que não a perdeu? E se eu disser que ela ainda te ama e que talvez o que vocês sentem é reciproco? E se eu disser que... —Ele para de falar e olha para o chão. —E se eu disser que quando fazíamos amor, ela quase chamou pelo seu nome? Ainda assim acredita que a perdeu? —Ele olha para mim. Ficamos se olhando por alguns minutos.

Ele estava arrasado, qualquer homem ficaria. Por um lado egoísta eu ficava feliz, pois sabia que a minha demônia ainda era minha.

—Não dá para fugir do que sente. —Balbuciou.

Enquanto Lorenzo se mantinha concentrado em pegar o seu peixe, eu olhava par Alex que mantinha o olhar no horizonte.

—Ela escolheu você. Por que não consegue aceitar isso e seguir com a sua vida?

Ele abre um sorriso e depois morde o lábio inferior.

—Porque eu te amo também. Porque você é o meu melhor amigo. E eu quero que você continue sendo o meu amigo e pra isso queria ver a sua felicidade.

—Eu sou feliz...

—Não o suficiente, aparentemente. —Respondi.

—Não vou interferir na vida de vocês. Eu tenho o meu filho e isso está bom pra mim.

—Quer mentir pra mim, Guilherme? Porra. Fomos criados juntos. Fizemos a maior merda do mundo, nossos nomes está sendo mais procurado que cocaína. —Afirmou. —Fizemos muitas coisas, inclusive...

—Se apaixonar pela mesma mulher. —Dissemos em uníssonos.

Rimos juntos.

—Não precisa se preocupar comigo. Amanhã é o seu dia. —Toco em seu ombro, fazendo o máximo que eu podia para fazê-lo acreditar em mim. —Seja feliz e a faça feliz.

Ele olhou para mim como se enxergasse o meu interior.

—Desgraçado. —Ele me puxa pela nuca e me abraça desengonçado. Retribuo.

—PAI, PEGUEI UM PEIXE. ELE ESTÁ PUXANDO. —Lorenzo nos grita, quase sendo arrastado para a lagoa.

Eu segurei a sua vara, enquanto Alex o segurava. Era um peixe grande e fazia muita força. E com ajuda de Alex, conseguimos trazer o peixe para terra. Tinha uns quinze centímetros. Era grande e bonito. Dei um beijo na cabeça de Lorenzo, orgulhoso.

—Parabéns filhão. —Digo cheio de orgulhoso.

—Aê sim, hein meu moleque. —Alex disse, dando outro abraço nele.

—Quero mostrar a minha mamãe. —Sorriu animado olhando o peixe.

—Vamos leva-lo. —Falo e ele nega com a cabeça.

Ele passou a mão no peixe e pediu para eu tirar uma foto. Assim o fiz e depois gentilmente, me pediu para eu pôr o bichinho de volta na água.

—A mamãe dele deve está preocupada com ele, papai.

Meu filho é um menino esperto e genial. Alex nos olhava, admirando.

Decidimos voltar, ele não via a hora de mostrar a foto para Eva. Caminhou em nossa frente, enquanto andava ao lado de Alex.

—Seu filho é a tua cara. —Falou. —Sua Xerox.

—Tem que ser. —Brinquei. Ele me abraçou e seguimos o caminho.

Esse filho da puta querendo ou não vai ser sempre o meu único e melhor amigo.


***

#Retafinall 


OPERAÇÃO NO MORROWhere stories live. Discover now