Capítulo 10

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Emma's PoV


Emma dirigia pela cidade pensando na única coisa que passava por seus pensamentos nos últimos tempos. No entanto, não era Regina o seu destino daquela vez.

Podia parecer bobo, mas ela queria saber o que tinha acontecido com a loja de antiguidades de Mr. Gold. Obviamente, ela se lembrava de que ele tinha morrido, mas era difícil digerir aquele fato. Emma sentia falta de ter a ajuda do poderoso Senhor das Trevas para lhe dizer tudo o que ela precisava fazer. Ele sempre tinha as respostas e as soluções para tudo. Era realmente difícil ter que traçar seus planos sozinha. O tempo tinha descongelado, mas e agora? O que ela tinha que fazer?

Mesmo que as coisas com Regina não estivessem indo tão mal, ela estava começando a perder a paciência. Emma podia estar perdidamente apaixonada, mas algo que ela não tinha era paciência com relacionamentos montanha-russa. Seria tão mais fácil se ela pudesse se encontrar com Gold, perguntar-lhe o que ela tinha que fazer para quebrar a Maldição e simplesmente abraçar Regina e sua família como se nada nunca tivesse acontecido. Mas isso não seria possível. Porque ele estava morto.

E mesmo sabendo disso, ali estava Emma, dirigindo até o lugar onde costumava ficar sua loja. Talvez se ela visse que outro estabelecimento tinha substituído-a, ela finalmente aceitaria que ele não iria voltar. Mas por enquanto, era difícil acreditar que um homem tão poderoso tivesse simplesmente morrido de forma tão rápida enquanto matava seu pai quase igualmente poderoso.

Mas no fundo, Emma sabia que aquilo era algo tão banal que só poderia ser uma tentativa tola e inconsciente de esquecer Regina.

Emma ouviu um relâmpago e se arrependeu por não ter se agasalhado. Por fim, chegou ao local. Estacionou e desceu do carro. E, como ela esperava, a loja de velharias e artefatos mágicos não estava mais lá. Em seu lugar, erguia-se um local pequeno e sujo com um letreiro que dizia: "Loja de ferramentas do Leroy".

Suspirou, desapontada. E assim que Regina voltou a invadir sua mente, ela se materializou ao seu lado.

A prefeita dobrou a esquina e começou a andar até Emma, lentamente. Ela vestia um casaco cinza e calças jeans, e parecia, por algum motivo, desesperada.

– Regina – cumprimentou Emma, não tão animada – Não te vejo desde anteontem, quando... Nos beijamos.

Regina olhou ao redor, preocupada.

– Pode falar um pouco mais baixo, por favor, Srta. Swan?

– Por quê? – perguntou Emma, aumentando o tom de voz propositalmente – Você não quer que as pessoas saibam que nos beijamos?

Regina suspirou, olhando-a com desaprovação.

– Eu sinto muito – disse ela – Não devia ter te expulsado.

– Você acha?

– Mas eu estou aqui, porque preciso da sua ajuda com algo.

– Ah, então agora você procura a minha ajuda? Quer saber, Regina? Eu me cansei. Estou cansada de ficar correndo atrás de você, e de você ficar me dispensando e depois voltando como uma adolescente. Eu não tenho paciência pra esse tipo de relacionamento. Então ou você realmente me dá uma chance, sem voltar atrás e sem esconder isso de ninguém... Ou sou eu quem não vou querer mais nada. Você me pediu uma prova, e eu te dei. Agora é a sua vez de me dar uma.

Regina encarou-a, parada e impassível. Talvez Emma estivesse sendo injusta ou insensível, mas ela estava cansada de esperar. Talvez um ultimato fosse o que elas precisassem.

Ao perceber que Regina não iria responder, ela disse:

– Nada, hã? Como eu imaginei.

Virou-se para ir embora, mas foi surpreendida por um toque em seu ombro e alguém puxando-a. Antes que ela percebesse, Regina pressionou seus lábios contra os dela, em um beijo inesperado e intenso, seus braços nas costas de Emma. Recuperando-se da surpresa, Emma fechou os olhos e sentiu-se flutuando, numa sensação que jamais conseguiria descrever, mesmo que tentasse. Emma surpreendeu-se ainda mais quando Regina aprofundou o beijo, usando a língua.

As pessoas da oficina começaram a sair para olhar. Emma ouviu Leroy dando um assobio e várias outras pessoas surpresas ovacionando. Provavelmente a maioria deles já estava enchendo as duas mulheres de rótulos e mais rótulos. Talvez alguns deles até estivessem achando sexy. Mas naquele momento perfeito, Emma não se importava com nada além de Regina. Ela nem se importava que a Maldição ainda não tivesse se quebrado. Com o passar do tempo, Regina ia sentir amor verdadeiro por ela.

Infelizmente, após alguns segundos a necessidade de ar venceu, e as duas se afastaram.

– Isso é o suficiente pra você? – perguntou Regina, em tom de desafio.

– Não – respondeu Emma.

– O quê?

– Um beijo só não é o suficiente – respondeu Emma, levantando a sobrancelha.

Regina riu, revirando os olhos. As pessoas começaram a se afastar.

– Você vai ter mais, Srta. Swan. Não se preocupe.

– Então nós... Estamos juntas? De verdade? – perguntou Emma.

– Sim. – ela respondeu, sorrindo. Em seguida, tocou a mão de Emma - De verdade. Eu... Sinto uma conexão muito forte por você, Emma. Eu não sei de onde veio, mas sei que é algo que eu preciso seguir. É algo bom. Do qual eu não posso fugir.

Emma sorriu.

– Agora – perguntou Regina – Você vai comigo até a minha casa, me ajudar com algo muito importante?

– Entre no carro – Emma respondeu.

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Regina guiou Emma até o seu quarto, que ficava no andar de cima da casa. Subiram as escadas de mãos dadas, e Regina abriu a porta do cômodo. Emma riu consigo mesma. Um mês de reencontro e Regina já estava levando-a para seu quarto.

O quarto não era tão grande quanto Emma pensava, mas era bastante aconchegante e suntuoso, com paredes brancas, uma lareira, poltronas, quadros, lamparinas, uma janela que dava vista para o jardim e parte da rua, e uma cama grande que pareceu particularmente convidativa para Emma naquele momento.

Emma percebeu que a cama estava cheia de papéis e documentos, espalhados. Regina sentou-se e fez sinal para que Emma se sentasse também.

– Sabe, Emma... Eu estive pensando. Pensando muito sobre a minha vida. Sobre... Onde eu estou. – respirou fundo antes de continuar – Meu trabalho tem se acumulado cada vez mais – disse, mostrando a pilha de papéis acumulada sobre a cama – E ser a prefeita desta cidade, apesar do que pode parecer, é muito estressante. E tem a Wilma... Ela era terrível, mas agora que ela não está mais aqui, eu tenho ainda mais trabalho. E eu percebi que... Que não é isso o que eu quero. Eu não pedi por essa vida. Aliás... O mais estranho é que eu não me lembro de algum dia ter desejado ser política. Acho que nunca tive muita escolha.

Emma olhou para ela com clemência.

– Então você quer renunciar ao cargo? – perguntou

– Sim. Talvez. Mas eu queria ouvir a sua opinião. O que você acha que eu devo fazer?

Emma começou a pensar. Ela sabia o quanto era ruim ter que viver sem escolha. Sua vida fora, na maioria do tempo, uma grande sucessão de faltas de escolha. Ela sabia o que Regina estava sentindo. No entanto, disse:

– Regina... Eu não posso te dizer o que fazer. Somente você sabe o que é melhor pra você. Mas... Eu posso te dar um conselho. Não renuncie.

– Eu não queria – respondeu Regina – Mas eu não consigo mais.

– Mas você é uma mulher forte – insistiu Emma – Eu sei que você consegue manter sua vida sob controle. Basta se esforçar um pouco mais. E além disso, se você sair... Quem vai cuidar desta cidade?

– Poderia haver outra eleição. Certamente alguém nesta cidade se interessaria.

– Mas ninguém governaria tão bem quanto você. Você é uma pessoa... Maravilhosa, e a forma como você ajuda as pessoas, a forma como você governa esta cidade, é insubstituível. Olhe... Não estou te encorajando a continuar com algo que você não consegue lidar. Se você realmente não estiver mais agüentando, desista. Renuncie. Mas, acredite em mim... Eu sei como é não ter escolha. Eu sei como é viver uma vida pela qual você não pediu. Mas eu também sei... – disse, tocando a mão de Regina – que sempre há um lado bom. Pode ser difícil, mas pense que você está ajudando todas essas pessoas. Você está fazendo algo bom. E além disso... Você tem a mim. Sempre que sua vida ficar difícil, você pode contar comigo para... Deixar as coisas um pouco melhores.

Give Me LoveWhere stories live. Discover now