Capítulo 23

563 37 1
                                    

Regina abriu a porta da mansão, adentrando a sala de estar, seguida por Emma e Henry. Depois de tanto tempo em uma solidão amarga, ela teria as duas pessoas mais maravilhosas do mundo vivendo com ela.

Assim que entraram, Emma perguntou:

- Esta casa tem quartos o suficiente para nós, Regina?

- Bem... O quarto de Henry sumiu nesta nova maldição - respondeu ela - mas eu tenho um quarto de hóspedes um tanto razoável sobrando. Não é muita coisa, Henry, mas assim que trouxermos a magia de volta, posso dar um jeito nisso.

- Tudo bem, mãe. Eu senti falta do meu quarto, mas contanto que eu esteja em casa, está ótimo.

Regina sorriu.

- Estou morrendo de sono - continuou o garoto - Preciso ir dormir.

- Mas ainda é o pôr do sol! - protestou Emma.

- Eu sei. Mas os últimos dias foram cansativos. - Regina não poderia concordar mais.

- O.K., garoto, vou te colocar para dormir - ofereceu-se Emma, e os três subiram as escadas. Regina mostrou a Emma o aconchegante quarto de hóspedes que ficava ao lado do seu, e ela foi colocar Henry na cama.

Enquanto isso, Regina foi tomar um banho no banheiro de seu quarto, para se livrar da sujeira da cadeia. Jogou o uniforme cinza ao chão, pensando seriamente em incinerá-lo.

Sob o chuveiro, deixou que a água quente caísse por seu corpo nu, levando embora todas as preocupações, enquanto pensava que há muito tempo não tomava um banho tão tranquilo. Olhando para si mesma, notou que ainda havia alguns hematomas causados pela agressão de Wilma - lembranças que lhe causavam tanta dor e raiva que ela logo tratou de espantá-las - mas eles estavam sumindo aos poucos.

Quando saiu do banheiro enrolada em uma toalha branca, encontrou Emma deitada em sua cama.

- Hey - disse ela.

- Hey.

- Então, Emma... Como está se sentindo?

- Em casa. - respondeu ela.

- Isso é ótimo.

Regina despiu-se, começando a se enxugar. Emma olhava hipnotizada para seu corpo nu, de olhos arregalados e boca aberta, um tanto empolgada.

-Por favor, Emma. Eu estou muito cansada hoje. Talvez mais tarde.

Emma riu.

- Me desculpe. É que sua beleza é... Inacreditável. - disse aquela palavra com um olhar atônito.

Regina vestiu uma camisola preta, e deitou-se na cama ao seu lado. Apertando a mão de Emma, aproximou-se para um beijo úmido e intenso - todos os beijos de Emma eram. Aquele parecia ser o primeiro beijo que elas davam sem nenhuma preocupação ou ameaça sobre seus ombros, e Regina podia dizer que a tranquilidade não estragara nenhum pouco o prazer de seus lábios.

Interrompeu o beijo e olhou para Emma, acariciando seus cabelos e admirando sua beleza. Emma era muito, estonteantemente, irreversivelmente e inacreditavelmente linda. Seus cabelos loiros e ondulados eram perfeitos, sua pele macia e quente, seus olhos verdes brilhavam como duas esmeraldas reluzentes, seus lábios rosados irresistíveis, seu nariz perfeitamente alinhado, seu sorriso genuíno e contagiante - absolutamente cada detalhe de sua face exalava perfeição.

- E os seus machucados? - perguntou Emma, olhando para alguns hematomas em sua perna - Eu não gosto de olhar para eles. Deixe-me cuidar disto.

Regina quase relutou, mas resolveu permitir que Emma cuidasse dela. Emma foi até o banheiro e pegou um pouco de gaze, algodão e álcool. Começou a tratar dos ferimentos em seus braços e do corte acima de sua boca. Deus, como era bom estar sob os cuidados dela.

Depois de alguns minutos, Emma guardou o algodão e o álcool, e voltou a deitar-se na cama.

- Tenho que dizer - falou ela, depois de breves momentos de silêncio- Houve momentos em que eu definitivamente não tive certeza se você sentia o mesmo por mim.

- É engraçado, porque eu senti exatamente o mesmo durante um ano inteiro - riu Regina - A incerteza é realmente um dos piores sentimentos.

- É - concordou Emma - E, mais cedo, eu não tinha certeza se estava preparada para, você sabe, contar aos meus pais sobre o que temos. Cheguei a pensar em não contar. - admitiu ela.

Aquilo despertou raiva em Regina. Como ela poderia dizer que não queria contar aos seus pais sobre o que elas tinham, se era tão importante assim?

- Ah, então você não queria contar sobre nós para o seu pai? - indagou, transparecendo a raiva na voz, e afastando-se um pouco.

- Claro - respondeu Emma - Quero dizer, como eu poderia simplesmente contar a eles que eu tinha me apaixonado pela mulher que tentou matar nossa família?

OK, agora Emma estava sendo uma completa idiota. Regina levantou-se da cama. Por que ela tinha que ser tão estupidamente insensível? Estava tudo perfeito, mas claro, Emma sempre dava um jeito de estragar tudo.

- Então agora vamos voltar à sessão "erros do passado"? Se eu soubesse que você iria ficar me julgando, eu não teria te convidado para morar comigo.

- O quê? Não, Regina, acalme-se. Eu só estou querendo dizer que... Espere um pouco. Você se arrependeu de me convidar? Porque eu ainda posso ir embora, se você quiser. - rebateu, furiosa.

- Não tente reverter as coisas, Emma. Você é quem está sendo a ridícula infantil aqui. Que merdas são essas que você está dizendo? Você não queria que seus pais soubessem? Teve vergonha de dizer que estava saindo com a Rainha Má? Eu pensei que o que tivéssemos fosse algo importante.

Emma suspirou, tentando se acalmar.

- Regina, por favor. Olhe para nós. Brigando por nada, como duas crianças. Não vamos estragar tudo.

- Eu não estou estragando nada - defendeu-se - Mas você, por outro lado, sempre estraga tudo. E como você ainda pode duvidar dos meus sentimentos, Emma? Os seus sempre foram duvidáveis, é claro, mas os meus não.

Emma pareceu ofendida, e permitiu-se perder a paciência.

- Eu sempre estrago tudo? Isso é algo engraçado de ouvir, vindo da senhora destruidora de vidas. - o modo como ela falou aquilo magoou Regina de uma forma indescritível. Ver Emma esfregando seu passado em sua cara era mais doloroso do que tortura - E sim, Regina, eu estava apreensiva com relação a isso. Eu nem sabia se você sentiria o mesmo por mim! Até onde eu sabia, você ainda era a vilã querendo destruir minha vida a qualquer custo. Quero dizer, você não pareceu muito amorosa quando planejou deixar a mim e a minha família para morrer em Storybrooke e ir embora com Henry para o outro mundo.

Regina começou a chorar, sentindo seus olhos e seu sangue ferverem. Como aquela filha da mãe podia questionar seus sentimentos, tão fortes e intensos, de forma tão insensível? De repente, toda a perfeição e o calor do momento passaram, sendo substituídos por uma raiva que somente Emma era capaz de lhe proporcionar.

- Você está duvidando do meu amor por você, Emma? Quer saber? Sim, eu queria deixar você e seus pais idiotas para morrerem, mas porque você foi uma idiota antes disso, duvidando da minha palavra por causa da visão da porra de um cachorro! - esbravejou ela, sem medir as palavras, apenas despejando-as uma atrás da outra, carregadas de raiva - Você acha que foi fácil para mim lidar com aquela dor? Eu, que sofri tanto por amor no meu passado? Eu sofri muito, Emma, porque eu não queria me apaixonar por mais ninguém, e acabei me apaixonando pela pessoa que menos se importava comigo no mundo. Desde o dia em que você chegou a Storybrooke, eu me senti atraída pela sua audácia e pela sua coragem irritante, Emma, e isto me matava. Na época do incidente com o Archie, você me encheu de esperanças para, logo em seguida, me acusar e me tratar da forma que você sempre tratou: como uma idiota insensível. Então, sim, eu quis te matar.

- Você vai me acusar de ser insensível? - exclamou Emma em protesto - Preciso te lembrar de quem foi que começou com a nossa inimizade? E como você esperava que eu reagisse diante de uma visão tão bem planejada pela sua mãe? Eu sinto muito, Regina, mas você não é a pessoa mais santa na cidade, então sim, eu acreditei que você tinha o assassinado. Mas antes disso, eu te defendi até o fim, eu impedi que você fosse morta, eu me arrisquei para que você pudesse viver quando aquele gatilho iria nos destruir, eu fiz muito por você, e tudo isso porque eu te amo, Regina Mills! Mesmo que você não mereça, eu te amo! Então não venha me acusar de ser insensível! - neste ponto, ela também estava chorando.

De repente, parecendo tomada pela raiva, Emma aproximou-se de Regina e segurou seus dois braços com força.

- Como você pode duvidar do meu amor por você? - exclamou ela, entre lágrimas - Como?

- Não me toque deste jeito! - exclamou Regina, e empurrou-a para longe com força.

Emma chocou-se contra a parede. Logo levantou-se e avançou contra Regina. Cheia de raiva, empurrou-a com ainda mais força, e ela se chocou contra uma estante de livros atrás.

Regina gemeu enquanto caía no chão em meio às prateleiras quebradas e livros esparramados. Olhou para Emma, perguntando-se como as coisas poderiam ter passado de românticas para uma briga intensa em tão pouco tempo. Isso tinha que parar.

O olhar de Emma passou de fúria para desespero e culpa ao ver Regina caída. Andou até ela e tocou seu braço, ajudando-a a se levantar. Regina tentou resistir ao gesto, mas simplesmente não conseguiu; o impulso de ceder a Emma era mais forte do que ela.

- Você está bem? - perguntou Emma, com a voz trêmula, enquanto Regina se levantava.

- Estou.

- Não, você não está. - disse Emma, culpada, enquanto ajudava-a a se deitar novamente - Droga, você já estava machucada e eu só piorei as coisas. Droga.

Olharam uma para a outra, chorando de dor, interna e externa.

- Me desculpe - disseram ao mesmo tempo.

- É só que... Eu não sei lidar muito bem com o amor. - disse Emma.

- Eu também não. - respondeu Regina, deixando sua raiva sumir aos poucos.

Era verdade; ela não sabia lidar de forma sensata com aquele sentimento, e entendia Emma.

- É simplesmente muita angústia acumulada - observou Regina, ao que Emma concordou com a cabeça.

- Você está bem? - perguntou ela, mais uma vez. Em seguida, tocou a cabeça de Regina e aproximou-se para um beijo terno e salgado, que durou pouco demais.

- Agora eu estou - respondeu Regina.

As duas sorriram. Emma beijou-a novamente, mas um beijo dez vezes mais intenso do que o anterior. Enquanto se beijavam, Emma mordeu o lábio inferior de Regina, numa dor quase agradável. Tocando os rostos uma da outra, suas línguas se encontraram, seus lábios colados como um só, a intensidade e o desejo aumentando a cada movimento.

Emma começou a tirar a camisola de Regina lentamente, enquanto tocava suas pernas. Afastaram-se um pouco e Emma despiu-a completamente. Em seguida, avançou até os seios de Regina e começou a beijá-los, cheia de paixão, passando a mão por suas costas, enquanto Regina abria o Sobretudo de Emma lentamente, suas mãos procurando por seu sutiã, desesperada para arrancá-lo.

Em meio a toda a dor e paixão, Regina deixou que seu desejo a guiasse, entorpecida e cada vez mais faminta pelo corpo de Emma, despindo-a desesperadamente, sentindo a língua quente da loira tocar sua pele, entre arrepios.

Enquanto as feridas causadas por aquela briga desapareciam aos poucos, Regina deu-se conta de que tinha muita sorte por ter Emma, apesar de tudo.

a

Give Me LoveWhere stories live. Discover now