Capítulo 10 - Connor Campbell

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Estava dormindo quando ouvi alguém bater na porta do meu apartamento. Só por ter me acordado já estava começando a ficar irritado. Interromper o meu sono era a pior escolha que alguém são poderia fazer. Desde que me entendo por gente, durmo sozinho. Podia trazer garotas para cá, mas jamais dormia até o dia amanhecer com ela. Não sei por quê, sinceramente. Apenas não conseguia de jeito nenhum dormir com o calor humano de alguém ocupando o meu espaço enquanto eu permanecia inerte ao seu lado. Sempre gostei de morar sozinho porque não apreciava quando alguém mexia nas minhas coisas ou simplesmente as mudava de lugar e talvez esse fosse um dos motivos de não de dormir com alguém, porque ela teria o livre arbítrio para mexer em tudo que quisesse enquanto que eu estivesse dormindo.

Levantei da cama e fui marchando pesadamente até a porta para verificar quem seria a pessoa infeliz que teve a petulância de me acordar na madrugada da noite.

Quando abri a porta, a minha reação imediata foi franzir o cenho porque era claramente estranha a situação. O que ele estava fazendo aqui uma hora dessas? Será que esqueceu algo importante dele aqui? Provavelmente não, senão eu já teria percebido e avisado a ele para pegar no dia seguinte. Mas, o que seria tão importante assim para fazê-lo vir para cá a essa hora? Com certeza era uma situação estranha. Se ao menos ele dissesse logo o que queria, eu poderia relaxar mais porque estava notoriamente ficando nervoso com a sua aparição inesperada.

O que você quer? - perguntei, ainda com o cenho franzido, mas agora eu esfregava as minhas pálpebras para melhorar a visão. Acabou de me acordar, sabia?

Charlie estava com as mãos por dentro dos bolsos do casaco de frio. O casaco era cinza e preto, e parecia estar molhado, por isso pedi que ele entrasse porque senão pegaria um resfriado e como ele era o nosso vocalista, não seria muito agradável para nós e para nosso pequeno fã clube que ele ficasse doente logo agora que estávamos ficando famosos, pelo menos aqui na região.

Além disso, Charlie era um parceiro, não apenas o vocalista da banda. Era carismático, muito cativante com todos que fossem confrontá-lo amigavelmente. Era o que eu esperava que fosse por ser o vocalista e tudo o mais. Completamente invejável com aquela cabeleira despojada e anormal que ele tinha, e que fazia a mulherada suspirar quando simplesmente jogava-o aleatoriamente de acordo com a melodia da música. Não fazia a mínima ideia do que seria da nossa banda se ele simplesmente fosse embora e nos deixasse, apesar de que, conhecendo-o como eu conheço, nunca, definitivamente nunca faria isso. Ele amava essa banda como a vida dele. Certamente seria impossível ele sair da banda.

Nem sei por que esse assunto apareceu. Para falar a verdade, nem lembro como eu tinha começado a entrar nesse assunto. Quando pus meus olhos nele, várias coisas apenas apareceram e foram reproduzindo-se simultaneamente na minha cabeça. Desde o primeiro dia em que nos conhecemos, os momentos aos quais passamos juntos com todos os outros e essa possibilidade, por fim, surgiu, como se fosse algo normal. Um pensamento normal. Simples. Totalmente compreensível, o que no caso, obviamente não era de modo algum.

Preciso falar com você disse, calmamente como se não tivesse me acordado na madrugada.

E o que você quer dizer que não precisa esperar até amanhã? Ou somente quando amanhecer. Sabe, cinco ou seis horas da manhã, mesmo que isso fosse me deixar irritado do mesmo jeito.

Não tive como esperar. É algo muito importante. Quero dizer logo, antes que eu parta falou. Ele estava neste exato momento sentado em um mini-sofá que ficava na sala. Meu apartamento não era muito apresentável economicamente, ou seja, não era enorme, no entanto era bem apresentável esteticamente porque sempre o deixava limpo.

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoWhere stories live. Discover now