Capítulo 24 - Iris Thompson

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Casa dos Campbells: 28/03/2015 – Sábado, 7:21 p.m.


– Olá! – ele disse ao abrir a porta.

– Oi! – cumprimentei-o secamente, enquanto entrava na casa.

Mais cedo, Liz enviou-me uma mensagem para mim, pedindo que lhe ajudasse com uma maquiagem que havia visto na TV e gostaria de reproduzi-la. Desde quando ela se importava com isso?

Carregando minha maleta de maquiagem, sentei-me no sofá e a depositei no chão.

– Quer beber alguma coisa? Posso trazer um chá – sugeriu amistosamente.

– Não, Connor. Obrigada! – sorri gentilmente.

Ele sentou-se ao meu lado e ligou a TV baixinho.

– Foi bom você ter aparecido, Iris. Estava mesmo precisando falar com você, mas como nunca surgia a oportunidade e meus dias estavam mais do que ocupados, isso não foi possível.

Cruzei as pernas e virei-me para ele.

– Sou toda ouvidos.

Pigarreou.

– Queria mesmo lhe pedir desculpas pelo incidente no jantar. Acho que fui rude demais e isso não convém com meu comportamento. Não sou assim, de verdade.

– Jura?

– É, estou falando sério – sorriu.

– Sei que está.

– Por São Bento, Iris! Não estaria aqui lhe pedindo isso se não fosse sério mesmo. Por favor, aceite meu pedido de desculpas. Naquele dia estava nervoso demais e acabou interferindo em nosso jantar.

Seus olhos azuis transmitiam tanta veracidade e mansidão que ficou impossível não acreditar no que me dizia. Em nada lembravam no dia em que fomos jantar na semana passada, que mais pareciam duas pedras de gelo: impenetráveis e coléricas.

– Tá bom, tá bom. Está perdoado!

– Obrigado. Podemos selar com um aperto de mãos?

Fiz que sim com a cabeça e apertei sua mão estendida. Connor virou delicadamente meu braço e seus olhos perscrutaram o desenho em relevo e avermelhado em minha pele, contornando-o com o polegar.

– Gostei do desenho.

– Lindo, né? Simboliza a amizade com a Liz. Falando nisso, onde ela está?

Ele largou subitamente meu braço e virou seu rosto para a TV, que transmitia um programa de culinária.

– Não sei – deu de ombros.

Bufei.

– Ela pediu que viesse aqui – murmurei.

Observei minha tatuagem, lembrando do dia em que a fizemos. Liz saiu de lá tão feliz, embora escondesse a ardência por trás daquele sorriso satisfeito. Se eu senti, imaginei que ela também porque logo assim que cheguei em casa, passei a pomada recomendada para aliviar aquela sensação.

– Elizabeth é irresponsável. Como pôde marcar um compromisso se não estaria aqui para lhe receber? Por São Bento! – falou com uma leve alteração na voz.

Franzi a testa e estava a ponto de retrucar, no entanto decidi lidar com a situação de uma maneira mais inteligente, ao invés de sair explodindo e causando ainda mais estragos em nossa instável amizade recém recomposta. Não queria ficar num clima ruim, embora soubesse que uma andorinha só não fazia verão.

Primavera Sem Rumo (Livro 1) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora