17| Heart Out

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The 1975

{Parte 2- «It's just you and I, tonight, why don't you figure my heart out?»}

Boa leitura.

[Kora Nekane]

Tratei de acabar com o resto do liquido da bebida alcoólica que restava. Luke estava de olhos fixos nas suas pernas; parecia pensativo. 

- No meio disto tudo, tu foste a melhor coisa que me aconteceu.- ele afirmou, olhando-me. Encolhi os ombros.

- Não, Luke. Eu fui apenas uma pessoa que te apoiou, nada mais, qualquer pessoa de bom senso faria o mesmo que eu.- respondi tentando não parecer muito rude.

- Tu podias ter ido embora, assim que nos conhecemos, eu fui rude e mal falei...mas não foste. Tu permaneceste e fizeste-me ver que tudo pode ficar bem mesmo que não pareça. Não é qualquer pessoa que consegue isso.

Suspirei lentamente.

- Eu estou longe de ser a melhor coisa que te aconteceu; não te esqueças que tens o Calum, que fez muito mais que eu. Ele também podia ter ido embora, ele podia ter desistido de ti porque tu foste bastante rude com ele, mas ele ficou. Ele esteve sempre presente e eu não; eu só estava às vezes. Vocês conhecem-se à mais tempo.

- Eu sei disso, Kora. Mas tu tiveste um efeito maior em mim, tu foste uma espécie de ''razão'' que me fez voltar ao princípio.

Fechei os olhos e levei as mãos à cabeça, tentando inutilmente deixar de ver as coisas a tremerem e a duplicarem. O meu raciocínio tinha-se tornado lento e eu tentava procurar as melhores palavras para explicar o que eu realmente queria dizer. 

 Era inútil dizerem que eu fui uma razão para continuarem a viver quando eu não fiz nada de especial.  

- Luke, ouve...foste tu que te salvaste a ti mesmo e não fui eu que te salvei. Tu arranjaste o motivo que precisavas para voltares ao início e recomeçares a viver. Parabéns tu conseguiste, estou feliz por ti, mas eu não fiz nada demais para que isso acontecesse. Não digas isso só porque sim, só porque sentes que fui eu que te ajudei mais. Estás a ser sentimental e não racional. Estás a ser cliché.

O meu cérebro começava a divagar mentalmente e a pensar em coisas ridículas e sem sentido. 

- Cala-te, já estás mais bêbeda que sei lá o quê.- resmungou num tom de zangado.

Comecei-me a rir e para piorar ele tinha começado, - segundos depois- a contar piadas secas. Passado um momento, enquanto parava de rir, encostei-me ao ombro de Luke. O sono começava a apoderar-se de mim, assim como o calor. De tanto rir, fiquei com calor, o que me obrigou a retirar o meu casaco, ficando apenas com uma camisola preta fina e bastante degolada no pescoço para a época atual.

- Wow, estou quase a fazer 20 anos.- comentei de repente, ficando admirada pela proximidade do meu aniversário. Uma data que não era de todo importante para a Humanidade. Existem pessoas que faziam algo importante para a sociedade, como uma descoberta para uma doença ou algo do género que mesmo pouco que seja, contribuem para uma condição de vida melhor para o próximo, mas depois existe uma percentagem de pessoas que não faz nada; não estou a falar das crianças, adolescentes ou idosos, pois esses irão fazer ou já fizeram, mas eu refiro a pessoas como eu. Pessoas como eu, deixam a vida andar, deixam a vida no modo de avião e se caírem, caíram. Eu não faço nada, não contribuo em nada para melhorar seja o que for, é como se eu fosse apenas uma pedra a beira da estrada. Posso não incomodar, mas também não me dão importância nem realizo nada; nem para mim, nem para ninguém.

Jet Black Heart; hemmings [AU]Donde viven las historias. Descúbrelo ahora