20 | Die, die my darling

365 42 10
                                    

Metallica (cover of Misfits song) 

Boa leitura.

[Kora Nekane]

- Winter? - perguntei confusa ao ver uma rapariga extremamente parecida à minha frente. 

- Kora! Tive tantas saudades tuas! - ela disse, correndo até mim, abraçando-me de seguida com força. 

- Mas tu estás morta...!

- Não! Eu estive escondida este tempo todo!

- O quê?

- O pai levou-me para um barracão e trancou-me lá...mas eu escapei, eu consegui fugir!

- Passaram-se anos 3 anos desde que morreste e só escapaste agora?! 

- Não interessa...eu estou aqui ao pé de ti, novamente! - ela fez uma pausa, metendo umas das mãos no bolso.- Tenho algo para ti...o pai queria dar-te mas não teve tempo.

- O que é? 

- Isto!

Assim que ela terminou de falar, ela tirou a mão do bolso e milésimos de segundos depois eu senti uma dor. Uma dor forte e inexplicável na barriga. Um frio enorme percorreu a minha barriga e mais tarde o meu corpo. Olhei para baixo e vi uma faca espetada em mim; uma faca que estava a ser segurada pela minha irmã e uma facada que tinha sido dada por ela própria. 

Eu estava sem reação; o meu olhar estava pousado no sangue que saía dentro de mim e passava por entre os meus dedos pálidos. 

- Adeus, Kora! Foi bom ver-te novamente! - Winter despediu-se, saindo a correr num tom de euforia. A minha cabeça estava a andar à roda e eu não conseguia mexer-me. Era como se algo me prendesse ao chão. O cheiro ao perfume da minha irmã continuava no ar e eu fechei os olhos; fechei os olhos pensando que os iria abrir novamente e respirei pensando que seria mais uma respiração que fazia, contudo, foi a última.



Dei comigo a gritar no meio do nada. Os meus olhos estavam arregalados e a minha respiração tinha prendido assim que respirei bastante fundo. O meu corpo tinha paralisado por segundos. 

Meti as minhas mãos na barriga e olhei à minha volta. O que eu achava ser o meio do nada, era na verdade uma ruazinha perto de onde eu trabalho. Estava deitada no chão gelado da rua, com a minha mochila a servir de almofada. Sentei-me, ajeitei as minhas roupas e levei as minhas mãos ao cabelo. 

Lembrei-me da noite anterior e do motivo que me tinha levado a passar a noite fora de casa; o meu pai ameaçou-me novamente. Ameaçou-me que me matava e tentou. A raiva apoderou-se dele assim que eu meti em hipótese de sair de casa, por não aguentar mais este tipo de vida. 

Parece que ainda sentia as mãos ásperas dele, contra o meu pescoço e o meu corpo contra a parede branca da sala. Parece que ainda sentia o esforço que eu fazia para tentar respirar e para tentar viver, enquanto ouvia as palavras amargas e rudes dele. 

Sinceramente, não sei o que o fez parar e mudar de ideias; ele tinha tudo para me matar, só não o fez porque se calhar achou que não seria a melhor altura ou simplesmente porque não lhe apeteceu. Ele teve o poder de me matar mesmo naquele momento e eu só tive sorte.

Vi-me obrigada a fugir, pelo menos durante uma noite. Tudo era mais confortável do que estar em casa, até mesmo dormir na rua ao relento era mais confortável do que dormir em casa. Embora tivesse ligado a Ashton, este não me atendeu o telemóvel.

Jet Black Heart; hemmings [AU]Where stories live. Discover now