Capítulo 22

11.4K 569 63
                                    


Já quase amanhecia quando William parou para olhar o tempo, se arrastou até o banheiro e não se surpreendeu ao olhar para si mesmo. Seu rosto estava inchado e seus olhos ardiam, a camisa só estava abotoada até a metade e seus cabelos mais bagunçados do que nunca. Só agora, depois de três anos, conseguia compreender o que Maite passara todo esse tempo, só agora entendia a dor da tristeza e da solidão. Tomou um banho demorado e foi se deitar, não demorou muito e acabou adormecendo em meio aos choros e soluços.

Acordou e sentiu falta de alguém na cama, suspirou e sentiu os olhos molharem ao lembrar-se de que não havia mais Maite ali, como tivera todos os dias. No relógio já marcava quase duas da tarde, não tinha disposição para enfrentar problemas de uma empresa. Ouviu a campainha tocar e desceu as escadas em questão de segundos, quem sabe poderia ser Maite? Diria a ela que a amava, pediria perdão por tudo e assim seriam felizes, mas fechou o sorriso ao abrir a porta e ver quem estava esperando.

- O que foi Dulce? Veio aqui pra jogar na minha cara que a Maite foi embora e que eu a perdi como você tinha me dito?

- Não, eu não sou assim. Vim para te dar um apoio e um ombro amigo - ele ia contestar, mas ela o interrompeu - Sei que está mal porque já fomos amigos, se esqueceu William? - ele negou com a cabeça - Eu te conheço, sei que você ama a Maite, só era infantil e orgulhoso demais para reconhecer para si mesmo, eu só vim fazer aquela ameaça antes de ela ir para o seu bem e o dela, eu nunca quis que ela fosse sabia que um dia você poderia abrir os olhos, pena que você mesmo descobriu tarde demais...

- E eu vou me condenar todos os dias por isso - Dulce abraçou William com toda sua força, agora sim ele precisaria de alguém como nunca precisou antes - Obrigada, por ter se lembrado de mim, independente de tudo.

- Amigo é pra essas coisas, saiba que sempre pode contar comigo. ok? - ele assentiu e apertou o abraço. Se separaram e entraram sentando no tapete da sala de entrada.

- Onde ela está Dulce? Como ela está? - perguntava chorando novamente.

- Não posso te dizer onde ela tá, não cabe a mim te dizer, mas ela está bem na medida do possível, só abalada demais com tudo, você pisou na bola feio Will, por que fez aquilo?

- Eu queria provar a ela que eu ainda mandava no meio da nossa "relação" - fez as aspas com os dedos - E também queria sua atenção, há alguns dias ela ignorava minhas ofensas e de alguma forma eu sentia que começava a perdê-la, mas acabou que minha burrice só me tirou ela de vez mesmo - chorava e soluçava alto, até começar a esmurrar os móveis e tacar objetos de vidro no chão com força.

- Se acalme Will, eu sou sua amiga, esqueceu? Nunca deixei de ser, só me afastei porque aquele não era o verdadeiro William que todos conheciam e amavam, agora eu sinto que meu amigo voltou. Eu estou aqui para o que der e vier e se você me permitir será para sempre.

Maite chegava quase na hora do almoço, havia tido uma noite incrível com um cara qualquer que 'pegou' na última noite, sorriu ao lembrar do prazer que sentira, pena que não poderia repetir, mal sabia o nome do homem e muito menos o seu número de celular. Por sorte era sábado e ela não precisava ir para a editora, correu ao banheiro para tomar banho, quando terminou vestiu uma roupa qualquer e ligou em um restaurante para pedir comida japonesa. Cochilou por alguns minutos, mas acordou assustada por um sonho ou melhor pesadelo, segundo ela. Sonhara novamente com ele e com o bendito acidente de um ano e sete meses atrás. Maldito acidente. Ouviu a campainha tocar e correu para atender a porta.

- Maite Perroni? - ela assentiu - Aqui está seu pedido - entregou o dinheiro ao rapaz e pegou seu pedido. Correu para o quarto e ligou a televisão em um determinado canal enquanto comia. Bufou ao ouvir o telefone tocar e foi andando lentamente até a sala.

- Já vai droga, porque essa coisa tem que me atrapalhar bem na hora do meu almoço? - Falava consigo mesma. Olhou a bina e estranhou a ligação vinda do Brasil, há meses ninguém ligava para ela.

Ligação on:

- Alô? Quem fala?

- Maite? É você minha filha?

- PAI! Até que enfim lembrou que tem uma filha que mora em outro país.

- Nunca me esqueci minha querida, é só que estamos passando por momentos difíceis nos negócio nesse tempo que não liguei.

- Ah sim, mas nada muito grave certo?

- Não, fique tranquila, mas não liguei só por saudade filha. Precisamos de uma conversa séria.

- O que houve daddy ? - riu por deixar escapar aquilo, tanto tempo sem conversar com alguém em português que os hábitos ficavam - Foi mal, é hábito - ouviu as risadas de Fernando também.

- Você precisa voltar para o Brasil imediatamente May.

- Porque pai? Sabe que vivo bem e feliz aqui.

- Eu sei, mas infelizmente seu tio-avô Lauro partiu - teve um baque ao ouvir aquilo, era muito próxima a ele quando era criança.

- Nossa e porque ninguém me avisou, eu teria voltado pelo menos para ir ao enterro e...

- E você por algum acaso atendia esse telefone? Sempre caia na caixa, por sorte hoje consegui.

- Tá, mas agora que já velaram ele, porque eu preciso voltar?

- Seu tio-avô deixou uma grande herança Maite e como não tinha filhos, deixou você como a principal herdeira da editora e do dinheiro dele, - claro, era por causa de seu tio que havia começado a fazer faculdade de Jornalismo depois do colégio, ele prometera um grande posto na editora quando ela se formasse mas acabou que só conseguira terminar a faculdade a seis meses, já que quando se casou com William teve que trancar a faculdade - e se quiser pegar a herança e assumir o cargo de Presidente da Editora Perroni terá que voltar - quase se engasgou com a própria saliva ao ouvir a palavra 'PRESIDENTE', sempre foi seu sonho alcançar um cargo tão importante mas nunca imaginara que algum dia herdaria tanto.

- Eu volto sem problemas, AH MEU DEUS, eu não acredito que vou ser presidente de uma editora.

- Estamos muito felizes por você minha filha e esperamos te ter de volta em breve, todos sentem muita saudades, até o William...

- Não toque no nome daquele homem - desde o acidente sentia raiva daquele nome e principalmente de quem o carregava.

- Maite, ele te ama minha filha, não sei o que ocorreu entre vocês, mas ele está muito mal desde que você se foi, emagreceu consideravelmente e não faz mais nada além de trabalhar e dormir.

- Não me importo, ele praticamente pediu para eu ir embora, mas eu não quero falar dele - ouviu o pai soltar um murmuro de reprovação- Qual é o meu prazo para voltar ao Rio de Janeiro?

- Tem no máximo duas semanas, antes que acabe o seu prazo e quem pega tudo é o banco.

- Tudo bem, nos vemos em breve papai.

- Estaremos te esperando, todos nós - entendeu que ele se referia a todos mesmo, até a seu ex-marido.

- Beijos, amo você.

- Também te amo - PI,PI,PI,PI.

Ligação off

Depois de dois anos voltaria ao Brasil, precisava organizar tudo para sua volta e só tinha duas semanas, não seria nada fácil, mas precisava. Suspirou ao cogitar a possibilidade de ver William novamente em tão pouco tempo, será que estava preparada?


OBS: Posto outro capítulo a noite. Bjs 

Aprendendo a Reconquistar ( Adaptada Levyrroni )Место, где живут истории. Откройте их для себя