Eu Mesma

Capítulo 3

Chego na casa de Sofia e bato na porta. Espero uns segundos e ela abre.
- Oi você está bem?
- Oi Clara, desculpa não te ligar, é que acabei pegando no sono. Entra.
Entro na casa e os pais dela estão sentados no sofá assistindo a TV.

- Olá senhor Wilson. Olá dona Margaret.
Os dois respondem em coro.

- Olá Maria Clara.

Sofia me pega pela mão e me puxa para o quarto dela, ela entra no quarto e se joga na cama.
- Então como você está se sentindo?

Pergunto preocupada.

- Eu estou melhor. Só um pouco cansada.
- Tá bem. Podemos ir ao parque quando você melhorar!
- Sim.
Ela olha pra mim com os olhos caídos.
- Ah quando eu estava vindo para cá encontrei com um garoto que veio me pedir informações. Nossa ele é um gato.
- De onde ele é?
- Não sei. Mas ele é novo aqui no bairro, nunca o tinha visto aqui antes.
- Hum. Será que ele vai estudar no nosso colégio ou ele já é formado?
- Não sei, ele deve aparecer lá amanhã talvez.

Sofia parece sentir ciúmes de mim, toda vez que falo de algum garoto ela fica meio estranha. Acho que é por que nunca namorei e ela fica com medo de eu me afastar dela caso comesse a namorar.

- Você parece cansada. Acho melhor eu ir embora.
- Não, pode ficar. Você vai ir à aula amanhã?
- Sim. Você quer que eu passe aqui para irmos juntas?
- Pode ser. Vamos ver um filme?
- Sim, mas não pode demorar, pois ainda tenho que ir embora. Olho no relógio e já marca 20:55.
- Tá ok, vamos ver algum filme de terror. Pode ser?
- Sim. Mas qual?
- Você já assistiu um filme chamado ''O mistério da rua 7''?
- Hmm acho que não.
- Então vamos ver ele mesmo.

Sofia se levanta da cama, se enrola na coberta e liga o computador. Enquanto ela coloca o filme eu vou para a janela e fico olhando lá fora. A rua de Sofia é bem longa e deserta; tem também bastante árvores em volta. Confesso que dá um pouco de medo mas é perto da minha casa.
Ela olha pra mim assustada.
- Você está bem?

Eu apenas fiz que sim com a cabeça.

- Tá ok, vou lá em baixo fazer alguma coisa pra gente comer, o que você quer?
- Não estou com fome, faça apenas um copo de leite com achocolatado para mim por favor?
- Tá bom. Acho melhor você dormir aqui, pois vai ficar tarde para você ir embora!
-Não precisa, não moro tão longe daqui.
-Ok, você que sabe.

Ela diz ficando um pouco irritada por eu não querer ficar.

Enquanto Sofia foi ao andar de baixo pegar um lanche, eu ligo para meus pais para avisar que vou embora um pouco mais tarde hoje.
Pego o celular e ele já está descarregando. Tenho pouco tempo para falar.
- Oi mãe.
- Oi filha.
- Hoje vou chegar mais tarde, pois estou na casa da Sofia e vamos ver um filme.
- Não é perigoso você vir embora sozinha?
- Não se preocupe.!
- Tá ok, cuidado!
- Tchau.
Desligo o telefone e ele já descarrega.
Sofia sobe com um vasilha de pipoca na mão, um copo de suco de maracujá, e o meu copo de achocolatado que eu havia pedido e coloca em cima da escrivaninha.
- Vamos então?
- Claro.
Forramos uma coberta bem grossa no chão e nos sentamos.
Assistimos ao filme todo e quando vi já era 22:00.
Olho para Sofia que está com uma expressão de cansaço e digo:
- Nossa já são 22:00, preciso ir logo antes que fique mais tarde.
- Você avisou seus pais?
- Sim!
Me levanto e pego meu celular que está em cima da estante. Vamos até a porta e me despeço de Sofia com um abraço.
- Melhoras, amanhã passo aqui para irmos juntas para o colégio.
- Obrigada. Te espero aqui.
- Até mais Sofia.
- Até.
Ela diz sorrindo para mim e saio andando.
Coloco meus fones de ouvido que começa a passar Pearl Jam; gosto bastante de músicas do estilo Grunge por que me identifico.
A rua está bem deserta e escura, vou caminhando e vejo que estou com um pouco de medo, até por que acabei de ver um filme de terror.
Vou andando em passos mais rápidos. Sinto o frio do vento gelado em meu rosto e começo a tremer; meu lábios ficam gelados e minhas mãos ficam mais brancas do que já são.
Derrepente sinto um calafrio e tenho a sensação de que tem alguém atrás de mim, olho para o lado e só vejo a imensidão do parque, esta tudo muito escuro. O medo de olhar para trás é imenso e começo a andar mais rápido do que posso e então ouço uma voz me chamando.
-MARIA CLARA! MARIA CLARA!