Capítulo 5

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— Papai, porquê? — Desabei chorando, no chão da casa dos meus tios, com os braços apertados ao redor das minhas pernas.

— Alice, acorde. — Uma voz me pediu. — Alice.

Abri os olhos de repente, para encarar um príncipe Osten muito preocupado.

— Você estava tendo um pesadelo.

Aquilo não era uma pergunta, era uma constatação. Mas eu assenti mesmo assim.

— E você chorava. — Ele continuou.

Olhando para a sua camisa, eu vi porque ficou ele afirmou isso com tanta certeza. O tecido entre a manga e a gola estava um pouco molhado, o que me fez perceber que eu havia me virado durante o sono e chorado abraçada ao príncipe. Eu teria ficado constrangida com esse fato se não estivesse tão abalada.

— E estava chamando pelo seu pai. Sente muita falta dele?

— Digamos que a minha relação com o Landon, se é que existe alguma, não é muito boa. — Falei, enquanto as lágrimas insistiam em continuar caindo.

— Ele não foi muito presente?

— Você não sabe o quanto. Mas eu não gosto de falar sobre isso.

Ele enxugou pacientemente as minhas lágrimas com seus dedos até que elas cessaram. Aquele toque foi extremamente reconfortante.

— Não precisa me contar, — disse — mas se estiver pronta para fazer isso algum dia, pode ter certeza de que eu vou querer ouvi-la.

Meu cérebro gritava para que eu me recordasse de que tudo poderia ser apenas mais um jogo de conquista para ele, mas quando eu olhei bem no fundo daqueles olhos castanhos, eu só consegui captar a sinceridade que foi impressa naquelas palavras.

Nossos narizes estavam a pouco mais de um decímetro de distância, e quando o príncipe aproximou mais o seu rosto do meu, eles se tocaram, provocando um rápido e leve tremor por todo meu corpo.

— Você ainda está com frio? — Perguntou ele.

— Não. — Respondi, incapaz de quebrar nosso contato visual.

Meus pensamentos dispararam com a possibilidade de nos beijarmos, e eu fiquei sem saber o que fazer. Primeiro, porque eu nunca tinha beijado alguém. Segundo, porque um beijo complicaria muito a minha situação, já que eu nem mesmo tinha ideia de como esse novo nível de contato poderia encher-me de mais esperanças que eu não queria.

Mas tudo isso foi esquecido quando seus lábios tocaram os meus. Primeiro apenas com um leve roçar, seguido depois de um acariciar extremamente doce. Meus olhos se fecharam automaticamente, e eu me entreguei à medida que íamos construindo o nosso beijo, o qual foi se intensificando, intensificando e intensificando.

Não sei como minhas mãos foram parar no cabelo dele, ou muito menos como ele conseguiu pôr uma das suas na minha nuca e a outra na minha cintura. Só sei que aquilo parecia estranhamente tão certo e tão necessário quanto o nascer do sol.

Foi verdadeiramente uma pena quando tivemos que nos separar para poder respirar, mesmo que nós tenhamos feito isso de um modo que deixou nossos narizes se tocando novamente.

Eu me sentia zonza com tantas sensações, por isso agradeci aos céus por já estar deitada.

E quanto aquela armadura que eu construí no meu coração contra o príncipe Osten? Ela estava começando a ter um pedaço seu derretido com força total por aquela chama de esperança que já era minha velha conhecida.

— Só a título do seu conhecimento, — Osten sussurrou, olhando para mim enquanto me abraçava. — a minha reação à sua foto no Jornal foi aquela que alguém expressa quando percebe que pode ter finalmente encontrado o que já havia cansado de procurar.

Perdida no momento e sentindo o nosso sono voltar, a única coisa que eu fiz foi sorrir para ele.

A PrincesaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora