Capítulo 27

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— Eu não vou sair mamãe! — Uma voz chorosa se fez ouvir.

— Mas minha filha, você não pode passar tanto tempo aqui. A ala hospitalar não é lugar para crianças. — Disse outra voz um pouco mais madura.

— A culpa é toda sua, tio Osten! Me desculpe, mas o senhor foi um imbecil. Onde é que já se viu se fazer uma declaração de amor no meio de uma Seleção sem mencionar a pessoa para a qual você está se declarando? — A primeira voz acusou.

— Kerttu! Eikko, você ouviu o que essa menina disse?

— Filha, você sabe que isso não foi justo.

Alguém exalou rispidamente. — Eu pedi desculpas antes, vocês dois escutaram. De qualquer forma, eu só falei a verdade.

Ouvi um suspirar profundo e reconheci de imediato a pessoa a quem ele pertencia.

Com extrema dificuldade, abri os olhos.

— Ela está acordando. — Alguém sussurrou.

Tentei me mexer na cama, mas meu corpo estava tão dolorido que desisti na mesma hora.

— Não, tia Alice. Você tem que ficar de repouso.

— Repouso? Ai... — Eu exclamei, sentindo uma pontada no braço direito. — O que aconteceu?

— A senhorita caiu da escada. — A rainha falou olhando para mim. — Avisamos a sua família, mas eles não puderam vir por causa do clima. Não se preocupe, a senhorita já foi examinada e, por um milagre, só ficou com alguns hematomas e arranhões. Nada de traumatismos, nem sequelas e nem fraturas.

Era muita informação de uma vez só. — Eu caí da escada?

— Caiu, minha Alice. — Osten falou aparecendo subitamente na minha frente. — Todos vocês poderiam nos deixar a sós por favor?

Algumas pessoas, enfermeiras eu acho, saíram obedecendo o pedido do príncipe. Mas a rainha, o príncipe-consorte e a princesa Kerttu permaneceram imóveis.

— Osten, ela acabou de acordar, acho que não é uma boa hora para isso. — A rainha argumentou.

— Eady, nos dê licença, por favor. — O príncipe insistiu.

— Osten. — A monarca falou em tom de aviso.

— Que inferno Eadlyn, — Ele explodiu. — você é a rainha mas não vai me dar ordens agora. Eu tenho que conversar com a minha Alice.

A rainha o fuzilou com o olhar.

— Se eu ouvir ao menos um resquício de discussão eu vou mandar tirarem você desse quarto a força Osten Schreave. Vamos. — Ela disse e saiu acompanhada do marido.

A princesa gesticulou para que o tio abaixasse a cabeça e sussurrou em seu ouvido, saindo logo depois disso.

Quando ficamos sozinhos, Osten fechou a porta e veio na minha direção, mas parou no meio do caminho ao perceber como eu estava apreensiva.

— Porque você fugiu enquanto eu cantava, Alice?

— Porque eu havia decidido sair da Seleção, então eu não precisava, e nem queria mais ficar naquele baile. — Desviei o olhar. — Na verdade, eu vou para casa assim que o médico me liberar.

— O quê? — Ele perguntou, parecendo assustado.

— Eu vou embora, príncipe Osten.

— Você não pode fazer isso. — Disse desesperado. — Eu não vou deixar você se afastar de mim. E sou eu quem decide quem fica e saí.

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