Eu te amo, Ayla.

51 1 1
                                    

Depois do jantar, Ayla foi até meu quarto.

- Alexia, podemos conversar? - Ayla perguntou entrando no meu quarto.
- Conversar o que? - Perguntei enquanto olhava pela janela.
- Eu vou embora.
- Embora? - Perguntei indo até ela.
- É. Eu ganhei uma proposta de emprego em um bairro distante daqui, vai ficar muito ruim pra mim, morar longe do trabalho.
- Mas, e a cafeteria?
- Esse trabalho vai me dar o dobro do que eu ganho na cafeteria. Mas eu sou muito grata por tudo o que a Dona Rebeca me deu, pelo emprego, moradia...
- Mas você não pode ir assim. Não agora que temos isso...
- Isso?
- O dom. O dom que nós temos. Não podemos simplesmente nos distanciar e fingir que não temos esse dom.
- Agora é um dom pra você?
- O que está acontecendo com você? Por que está agindo dessa forma? - Perguntei indo em direção a ela.
- Eu só estou cansada Alexia! Eu queria que você aceitasse que temos esse dom e que me ajudasse a tentar, pelo menos tentar usar isso pra uma coisa boa.
- Que coisa boa?
- Ajudar nossa mãe!
- De novo essa história?
- Sim, de novo! Você perguntou o porque de eu estar assim e eu tô te falando.
- Mas eu já te disse que não podemos fazer isso.
- Olha, eu só vim aqui pra te pedir desculpas por aquilo no jantar, e te avisar que eu vou embora daqui a dois dias.
- Já? Por que não espera mais dias?
- Não posso. E pra que esperar?
- Pra gente tentar resolver isso.
- Isso o que Alexia? Tá tudo claro de mais pra ser resolvido. Nós temos um dom, que segundo você, não podemos usar pra ajudar nossa mãe, e eu tenho uma ótima proposta de emprego, que é indispensável!
- Isso não é a única coisa indispensável.
- Você quer que eu recuse um emprego que me daria uma vida melhor?
- Eu não disse pra você recusar o emprego.
- Mas também não disse que era pra eu aceitar. - Ayla falou.
- Aceitar o que? - Rebeca perguntou entrando no quarto.
- A Ayla vai embora. - Falei dando as costas pra elas e me virando pra janela novamente.
- Como assim? - Rebeca perguntou.
- Eu quero lhe agradecer do fundo do meu coração Rebeca. Mas eu ganhei uma proposta de emprego em um bairro distante daqui. Então eu vou ir embora amanhã.
- Mas e a cafeteria? E nós?
- Bom, como eu já disse pra Alexia, te agradeço por tudo. Pela moradia, pelo emprego, pela atenção, por tudo mesmo. Mas eu preciso ir. É uma grande oportunidade pra mim.
- Você não pode ir! - Rebeca disse e imediatamente, eu e Ayla nos olhamos, tentando entender o porque daquela reação.
- Por que não posso? - Ayla perguntou.
- Porque, eu preciso da ajuda de vocês na cafeteria.
- Mas a Alexia ficará aqui para ajudá-la.
- Fique pelo menos até eu achar alguém para substitui-la, na cafeteria. - Ayla me olhou e eu fui até a janela, pois não queria nem saber sua resposta. Só de saber que ela estava disposta a me deixar e a deixar o que tinhamos de lado, já me deixava mal.

- Tudo bem, eu posso ficar mais duas semanas. - Ayla disse.
- Que bom! - Rebeca falou, deu um sorriso e saiu do quarto.

O silêncio tomou conta do quarto por uns instantes.

- Você está bem? - Ayla perguntou.

Eu não queria olhar pra ela porque uma lágrima caia do meu olho naquele exato momento.

- Como acha que estou? - Falei e limpei a lágrima. O silêncio navamente tomou conta do quarto e eu me virei para olhar pra ela.
A encarei e corri para abraça-la. - Eu te amo Ayla! Não vai, por favor. - Falei abraçada a ela.
- Eu também te amo... - Ayla disse e me abraçou ainda mais forte.

Eu senti a presença de mais alguém no quarto e quando abri o olho, percebi que a Angelina estava nos rodeando.
Soltamos do abraço e sorrimos.
Eu olhei para a Ayla e ela estava chorando.
Limpei a lágrima de seu rosto e dei um pequeno sorriso. 

- Ei, olha isso! Não voltamos no tempo! Acho que estamos conseguindo lidar com isso cada vez melhor. - Falei, e ela sorriu, assentindo com a cabeça.

FreedomWo Geschichten leben. Entdecke jetzt