A pulseira da Ayla

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- O que você está fazendo aqui?
- Eu vim ter ver. Por que?
- Porque não podem te ver aqui. - Fechei a porta e fui para a varanda. Talvez fazendo assim, ele percebesse que não podia entrar.
- Por que tem medo de que os outros me vejam?
- Eu não tenho medo de que as pessoas te vejam.
- Então o que?
- Eu tenho medo de...
- De? - Ele se aproximou mais de mim.
- Disso. - Desviei o olhar e me distanciei.
- Tudo bem. Me desculpe. Eu vou embora. - Ele foi na direção do jardim, e quando fui vê-lo, ele tinha desaparecido na imensidão de flores.

Entrei, guardei as coisas na cozinha, levei o Ronc para o meu quarto, junto comigo, e me joguei na cama.
Eu caí no sono, e só acordei com a Ayla mexendo na minha cômoda.

- O que está fazendo? - Me sentei e esfreguei meus olhos.
- Desculpa te acordar, eu só estava procurando uma pulseira minha que eu perdi pela casa.
- Mas por que acha que está justo nas minhas coisas? Eu não a peguei.
- É que a Rebeca disse que achou uma pulseira perdida pela sala e achou que era sua, e acabou guardando nas suas coisas.
- Ah, tudo bem. Pode ficar a vontade para procurar aonde quiser. Me desculpe, meu dia não foi um dos melhores.
- Tudo bem, eu já vou sair.
- Espera. - Olhei para a janela. - Vocês já voltaram, e o dia ainda está claro. O que houve?
- É que o movimento não estava bom, então a Rebeca fechou a lanchonete mais cedo.
- Entendi. - Me sentei na cama e me espreguicei. - Cadê o Ronc? - Perguntei.
- Está lá em baixo com a Rebeca.
- Hm. - Murmurei.
- Ah, está aqui! - Ayla disse e tirou sua pulseira de dentro de uma pequena caixinha em uma das gavetas da cômoda.

Me levantei, fui no banheiro lavar o rosto e Ayla veio atrás.

- Você está bem?
- Estou. Por que? - Respondi enquando lavava meu rosto.
- Nada.
- Ayla, queria conversar com você a respeito daquele assunto de você querer ir embora. - Rebeca disse aparecendo do nada.
- Fique tranquila Rebeca, eu vou ficar. Vocês não vão se livrar de mim assim tão fácil! - Vi o olhar de Rebeca mudar e um sorriso aparecer em seu rosto. - Fico feliz por você ter mudado de idéia. Então, aproveitando que vocês estão aqui, posso pedir um favor pra vocês?
- Pode. - Ayla disse.
- Vocês podem ir ao mercado comprar umas coisas para eu fazer a janta?
- Por mim tudo bem. - Falei.
- Vou fazer uma lista do que quero. - Rebeca disse e foi até seu quarto.

- Ah, Rebeca! - Falei indo em direção a ela. - Me desculpe por mais cedo. Pelo modo como te tratei. Ainda não sei lidar com toda essa raiva. Preciso administrar melhor meus sentimentos. Me desculpe. Você sempre foi uma ótima pessoa pra mim. Só tenho a agradecer a você, e não te tratar mal.

- Não se preocupe meu amor. Eu sei pelo o que você está passando. E sei que é um peso grande de se carregar, mas você consegue. Vocês duas conseguem. - Rebeca disse, e me deu um abraço. Um abraço tão sereno, tão maternal.

Sorri, e fui pegar um casaco.Quando saímos eu ví alguém no jardim, caminhei para mais perto, para ver quem era. Mas Ayla apareceu do nada, e me assustou, fazendo com que eu deixasse o regador cair, fazendo barulho. Quando me virei de volta para ver a pessoa, ela havia sumido.

- Tá tudo bem?
- Não, não está. Eu preciso tirar esse regador daqui!
- Mas esse é o lugar dele.
- Mas agora.. - Peguei o regador e coloquei no chão atrás de um vasinho de flor. -... esse é o lugar dele.
- Tá. Vamos logo. - Ayla disse e saiu andando na frente.

Olhei para trás, na esperança da pessoa ser o Dilan. Eu queria lhe explicar o que se passava, mas não havia mas ninguém ali. Então eu fui embora.
Fomos ao mercado, e no caminho de volta para casa, decidimos parar em uma lanchonete para tomar um suco, mas quando resolvemos atravessar a rua, em direção a lanchonete, uma sacola de compras que estava na minha mão, rasgou e eu parei para pegar as coisas do chão. Ayla parou no meio da rua e se virou para mim. Em menos de um segundo, eu escutei um barulho e olhei pra frente. Quando vi, minha irmã tinha sido atropelada, e estava caída no chão. Imediatamente larguei as outras sacolas no chão e corri até ela.
Tudo parecia ter paralisado em volta de mim, e só havia eu e minha irmã ali. Corri até ela, sem pensar, e nem prestar atenção nos outros carros que vinham. Corri em direção a minha irmã e me joguei no chão. Ela estava toda machucada e desacordada.

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