O enterro

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Eu estava no meu quarto, olhando para o teto, pois eu escutava tudo o que falavam na sala. E aquilo estava me deixando maluca! Eu estava tentando organizar cada voz em minha mente, mas todo o meu esforço era em vão. Eu só conseguia parar de escutá-los, quando eu começava a cantarolar uma música em minha mente.

- Alexia. - Ayla me chamou, entrando no meu quarto. - Hoje é o enterro do meu pai, e eu não sei se estou preparada para ir a um enterro. - Ela se sentou na minha cama.
- Quando a nossa mãe morreu, eu também não estava preparada para enterrá-la. Mas aconteceu. E quando essas coisas acontecem, temos que enfrentá-las.
- Eu sei. Mas... como é um enterro?
- É triste. Muito triste. Você não sabe como realmente é, até precisar estar me um. Se o enterro for de alguém que você ame de verdade, a sua historia com aquela pessoa, passa pela sua cabeca, milhares de vezes. Toda vez que você olha para o caixão, você sente o coração ardendo. - Senti uma lágrima cair dos meus olhos, pois lembrei do enterro de minha mãe.
- Você sofreu muito, né? - Eu abaixei a cabeça, e deixei as lágrimas dizerem por sí só. - Olha, não tenha vergonha de ter sofrido. Isso mostra que você a amava. E isso, faz parte da sua história. Mesmo que seja uma coisa que você queira apagar da sua memória. Nossa mãe deve ter orgulho de você. Da mulher que você se tornou.
- Ela deve ter muito orgulho de você, também. - Nos abraçamos.

O enterro foi rápido. Só tínhamos nós lá.
Não sabíamos quem chamar, quem avisar. Então, fizemos o possível para que ele tivesse um enterro digno.
Ayla e Rebeca choravam a todo momento. Eu não conseguia chorar, e não era porque eu não me sentia triste, mas o sentimento que elas tinham por ele, era mais intenso. E além do mais, eu estava sentindo algo. Não era bom, e aquele sentimento me incomodava. Era como se eu tivesse esquecendo de algo. Algo muito importante. Então, acabei passando um bom tempo do enterro, pensando no que eu poderia estar esquecendo. Mas não consegui lembrar de jeito nenhum.

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