Esperar até que...

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Estávamos chegando em casa, e a Samanta estava na porta. Com um ss
orriso no rosto, tão falso quanto ela.
Desci do carro, pronta para tirar ela a força dalí, mas o Dilan apenas me olhou, desejando que eu não fizesse nada.
Eu estava prestes a ignorá-la, e entrar em casa, mas ela parou bem na minha frente, me forçando a olhar nos olhos dela.

- Ora, ora, parece que vocês estão fingindo que eu não estou aqui. É isso mesmo? Ah, bobeira! - Ela disse, antes de eu poder dizer algo. - Vocês nunca conseguiriam me ignorar, sendo que eu sei de coisas que ninguém mais sabe, coisas que podem ser anunciadas para o mundo, assim que eu me sentir ameaçada!
- Quem está ameaçando alguém aqui, é você!
- Alexia! - Dilan exclamou, aparentemente, pedindo para eu parar de falar, e ignorá-la. Mas não adianta, essa força dentro de mim, que quer dar um tapa na cara dela, ta sendo mais forte.
- Ah, parece que vocês estão realmente tentando me ignorar! Mas não precisa! Eu já estava indo embora, eu só vim fazer uma visita a Ayla, que estava tristinha porque o pai dela morreu. Tadinha! - Ela disse, sendo irônica. - Como se ela realmente se importasse com um pai que ela só viu três vezes na vida!
- Sai da minha frente, agora! - Pedi, falando tão baixo, que talvez nem o Dilan tivesse escutado.
- O que? Eu não te ouvi! - Ela fez um gesto com a mão, para que eu falasse mais alto.
- Cai fora daqui, antes que eu meta a mão na sua cara! - Gritei, e percebi ela recuar, e olhar para o Dilan.
- É com esse tipinho que você...
- Você não ouviu a Alexia? - Dilan disse, interrompendo ela.
- Eu vou embora, só não esqueçam de experimentar os biscoitos que eu trouxe para a Ayla. Eles estão divinos! Avise a Angelina que tem biscoitos, ela iria adorar! Tenho certeza! - Ela piscou o olho para o Dilan, e saiu andando. Eu entrei correndo, e Dilan veio atrás.
- Eu nunca tinha escutado você falar daquele jeito! - Dilan falou, entrando em casa.
- Ela me irritou! Ela nunca vai nos deixar em paz?
- Quem não vai nos deixar em paz? - Ayla perguntou, entrando na sala. Ela estava com o rosto vermelho e cansado.
- Ah, foi a Samanta que estava aqui na porta, mas eu já expulsei ela.
- Sua irmã disse que se ela não caísse fora, ela ia meter a mão na cara dela. - Dilan falou.
- A Alexia disse isso? - Ayla parecia surpresa.
- Ela me irritou! - Exclamei.
- Mas por mais que você se irrite, você nunca...
- Ah, meu dia foi cansativo, e ainda vem essa garota me perturbar na frente da minha casa, como vocês queriam que eu agisse?
- Você não foi a única que ela escolheu perturbar hoje. Ela tocou a campainha, e quando eu atendi, ela quis ser "solidaria" e me trouxe uns biscoitos.
- E você aceitou?
- Sim. Está ali em cima. Mas não se preucupe, eu não vou comer. - Ayla disse, se sentando no sofá.
- Ela disse para darmos biscoitos para a Angelina. Como ela sabe da Angelina? - Perguntei.
- Não sei. Mas ela sabe onde a gente mora, então vamos ter que ficar preparados para mais visitas como estas. - Ayla disse.
- E você não liga nem um pouco para isso? - Perguntei.
- Não é que eu não ligue. Mas é que eu tenho minhas prioridades. Tipo, o meu pai que morreu. E o fato de que eu nunca mais vou vê-lo. E muito menos saber o que ele iria me dizer, quando... passou mal. - Ayla disse, e eu me senti péssima por esquecer que ela estava passando sobre isso.
- Pedimos para a Angelina ir para... bom, para algum lugar. Eu não sei para onde ela foi, mas aconteceu algo por lá, e achei que ela precisasse sair do hospital um pouco. Mas não se preucupe, eu só vim tomar um banho, mas vou voltar para lá, e esperar até que...
- Até que o que? Até que a medica entre e desligue os aparelhos? Esperar até que ele fique pálido e sem ar algum, circulando dentro do corpo dele? Esperar até que...
- Chega! - Eu a interrompi. - Eu sei que você está sofrendo, e isso vai durar por um tempo. Mas eu to fazendo de tudo pra deixar você o máximo possível, confortável com essa situação. Mesmo sabendo que é algo quase impossível, nesse momento. - Respirei fundo. - E quando o seu pai passou mal, ele iria contar a vocês sobre... isso...
- Isso...?
- Que a morte dele estava perto. E... ele também iria pedir a Rebeca em casamento.
- O que? - Rebeca perguntou, entrando na sala.
- Desculpa dizer assim... eu não sabia que você estava aqui.
- E como você sabe dessas coisas? - Ayla perguntou.
- Ele me contou, no dia em que vocês chegaram de viagem.
- Então ele iria me pedir em casamento? - Rebeca perguntou, ainda com os olhos paralisados em mim.
- É. Ele disse para mim que...
- Aquele velho maluco! - Rebeca disse, e todos nós a encaramos. - Ele morreu antes de me pedir em casamento! Aquele.. velho maluco! - Rebeca ria, mas ao mesmo tempo, estava chorando.
- Vou pegar um copo d'água. - Dilan disse.
- Ah Dilan! Por favor, né!? - Exclamei.
- O que foi?
- Nesse tipo de situação, você sempre foge para buscar água! Não acha melhor encarar os problemas e resolve-los? Se eu ficar maluca um dia, você vai dizer,  "ah amor, deixe-me buscar um copo d'água para você!"? - Falei, tentando imitar a voz dele. - Água não resolve tudo, ta bom? - Eu parei de gritar e estavam todos olhando para mim. - Desculpa, eu só...
- É... acho melhor eu ir embora. - Dilan falou.
- Aí! Ta vendo? - Falei. Dilan me encarou, e foi embora.
- O que tá acontecendo com você, hoje? - Ayla perguntou.
- Ah, a Angelina discute com o Thomas, você aceita biscoitos da Samanta, e eu que estou diferente?
-  Eu só... - Eu saí andando, antes da Ayla terminar de falar. Corri para o meu quarto, e tranquei a porta.

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