“It’s alright calling out somebody to hold tonight, when you lost your fire I’ll be your light, you’ll never feel like you’re alone, I’ll make this feel like home” – Home, One Direction
Porque tudo mudará esta noite
P.O.V. Felipe
A música fluía pelos autofalantes do carro, conectados ao aleatório do Spotfy e eu, inconscientemente, prestei atenção na letra. Ela tinha uma melodia que mesclava felicidade e lentidão, como se quem a escrevera queria provar que, mesmo com todas as dificuldades que a vida trazia, o amor por outra pessoa poderia sempre ser um alívio para qualquer dor. Talvez fosse por essa razão que a música se chamava, simplesmente, Home.Parei no sinal vermelho e batuquei os dedos, as unhas ligeiramente pretas, devido aos desenhos em carvão que fiz naquele dia, lembrando-me de todo o trabalho que ainda tinha por fazer. Era impossível não lembrar de Tody e de nossa discussão boba de mais cedo ao ouvir aquela música e perguntei-me o que estava fazendo naquele exato momento, sozinho em casa. Eventualmente, a música terminou e outra se iniciou, muito mais animada, e eu, chateado, desliguei o som para não ouvir mais nenhuma palavra falsamente animada sobre as coisas boas que poderiam acontecer em festas.
Continuei dirigindo pela costa da cidade, o vidro aberto para permitir a entrada do vento úmido e frio vindo do mar. A lua cheia, brilhante no céu noturno, permitia que eu visse as ondas se chocarem contra a areia branca da praia e então retroceder para o oceano em uma violenta e harmoniosa sintonia. Meu cabelo voava sobre meu rosto e o cheiro de maresia enchia o carro, fazendo-me aspirar profundamente e passar a dirigir mais rapidamente, aumentando a intensidade na qual o vento se chocava contra minha pele. Quis poder simplesmente fechar os olhos e apreciar o carinho do vento sobre minha pele, mas forcei-me a continuar focado em dirigir.
Coloquei-me na faixa da esquerda, já preparado para virar na avenida que conectava o centro da cidade à costa. Parei em mais um sinal vermelho no mesmo instante que o painel automático do carro acendia, conectado ao meu celular para informar quando eu estava recebendo uma ligação. Apertei os botões para que os vidros se fechassem, evitando o barulho, e aceitei a chamada.
- Hey, Fê! – A voz animada de Marie Elizabeth ecoou pelo carro ao mesmo tempo que o sinal mudava para verde.
- Boa noite, flor. – Respondi e então bufei, vendo que imediatamente o trânsito ficava congestionado ao adentrarmos as zonas comerciais da cidade.
- Onde vocês estão? São os únicos que não chegaram ainda.
- Estou indo buscar Tody agora.
- Ainda? – Ela pareceu surpresa. – Você é sempre tão pontual.
- Eu sim. – Resmunguei. – Tody não.
Meu tom de voz rude, banhado de chateação devia-se somente ao fato de que meu marido não conseguia ser pontual em nossos compromissos. A carreira de modelo, durante os dois anos que se passaram, viera somente reforçar a característica de Tody de sempre querer sair perfeitamente arrumado de casa, o que rendia um longo tempo de preparação. Mais cedo naquela noite, ele ainda usava o secador para colocar o cabelo na posição que desejava quando eu já o esperava na sala totalmente pronto, o horário do encontro com nossos amigos se aproximando cada vez mais. O atraso fora o estopim para nossa briga se iniciar.
- O que aconteceu? – Marie falou depois de alguns segundos.
- Nós tivemos uma pequena discussão. Não foi nada importante, mas saí de carro depois para refrescar o pensamento.
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Como não te amar?
Romance[Acompanhe o processo de reescrita e publicação desta obra no Instagram da autora: escrita_fantastica] [Romance gay] Tody Benson sempre teve tudo que um adolescente poderia querer: era capitão do time de futebol americano, tinha dinheiro, poder, gar...