Capítulo 11

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Não fuja de mim

Felipe estava sentado no meu colo, uma perna de cada lado da minha cintura, seus pés tocando minhas costas. Nós estávamos jogados no sofá de sua sala e eu passeava as mãos pelas suas costas nuas, enquanto ele respirava perto da minha orelha, causando-me gostosos arrepios pelo corpo. Ele brincava com a gola da minha camiseta, seus braços ao redor dos meus ombros.

Rocei minha bochecha na sua, sentindo a necessidade de sentir sua boca novamente sobre a minha. Felipe tinha um pequeno sorriso nos lábios, discreto, porém sedutor e eu segui com o olhar sua língua umidecer o lábio inferior lentamente. Eu o desejava e ele entendeu.

Subiu devagar os dedos pelo meu pescoço e segurou meu rosto entre as mãos antes de baixar o seu e encostar sua boca na minha.
Prendi seu lábio inferior entre os dentes, mordendo sem muita força, sentindo como eles eram deliciosos e ainda estavam com gosto doce do sorvete que tinhámos tomado mais cedo. O pote vazio ainda repousava sobre a mesinha de centro da sala e eu sorri pouco antes do beijo se iniciar de verdade.

De repente, senti um desejo absurdo por aquele menino de olhos azuis dominar meu corpo, arrepiando-me sob seus toques rudes sobre o meu pescoço. Nosso beijo se tornou mais urgente, destrutivo e intenso, nossas bocas se fundindo lentamente. Puxei seu corpo ainda mais para perto do meu, se isso ainda fosse possível, enquanto ele apertava as pernas ao redor da minha cintura...

- Tody?

Arregalei os olhos ao ouvir meu nome ser chamado com tanta urgência e levantei com um salto, ligeiramente ofegante. Felipe estava sentado ao meu lado, o céu estrelado servindo de papel de parede para seus brilhantes olhos azuis, e me olhava desconfiado, as sobrancelhas franzidas. Suas mãos estavam sobre os meus ombros sim, porém percebi, pelo ligeiro desespero em seus olhos, que aquele toque não passava de uma forma de me acordar.

Nós ainda estávamos no telhado da casa, o Universo inteiro nos rodeando, e vê-lo ali me deixou completa e absolutamente devastado. Eu quase ainda podia sentir sua boca na minha, sua respiração descompensada sobre meu rosto e seu gosto doce, tudo fruto do subconsciente do meu cérebro e da minha imaginação criativa. O sonho havia sido tão real que meu corpo parecia em chamas, a mente confusa, a pele formigando sob os dedos de Felipe. Ele deve ter percebido a forma desconexa como olhei para suas mãos, pousadas sobre meus ombros, pois afastou-as imediatamente.

- Tody? Você está bem? - Seus grandes olhos azuis estavam totalmente voltados para mim e isso não tornou meus pensamentos menos violentos. -  Você estava se debatendo e sussurrando coisas enquanto dormia.

Sua voz deslizou pelo ar e, de alguma forma, acabou me sobressaltando, tamanha era a minha desconexão com o mundo e tudo ao meu redor. Percebi que eu encarava seus olhos - os questionadores olhos cor de piscina - sem piscar, minha respiração fora do compasso, mesmo que retornasse lentamente ao ritmo normal.

Pisquei os olhos algumas vezes e respirei fundo, jogando o corpo para trás até estar deitado novamente, as tão lindas constelações me observavam de volta, como pequenos e brilhantes lembretes de que eu deveria me acalmar.

- Tive um pesadelo. - Falei depois de um tempo em silêncio. De alguma forma, o que eu falei flutuava entre a verdade e a mentira, pois o sonho havia sido intenso de tal forma que acordar e me deparar com as consequências dele eram um pesadelo. Eu não sabia como traduzi-lo ainda, como se eu custasse a acreditar no que tinha visto ao fechar os olhos.

Felipe suspirou e passou a mão pelo cabelo, bagunçando-o de maneira sexy. Por que merda eu continuo pensando nisso? Pensei e desviei o olhar rapidamente para as estrelas, fugindo de ideias insanas.

Como não te amar?Onde as histórias ganham vida. Descobre agora