Capítulo 62

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Com sua mala na mão, Maite encarou a mãe, que em nenhum momento parecia querer impedi-la. Maite já sabia o que estava fazendo, então, impedir ela sair de casa para que?

- Então, Tchau! - ela atravessou a porta, levando a mala de rodinhas.

Maite não era tão menina. Já era uma mulher, estava decidida. Porém, não quis ir para a casa de William, seria totalmente arriscado. Não se despediu do pai, muito menos do irmão. Sua vontade era dizer a eles quem era seu namorado. Mas pra que fazer isso? Não ganharia absolutamente nada, talvez um tapa na cara, mas fora isso, nada mais. Tudo o que levava na mala, havia comprado com seu próprio dinheiro, então não podiam impedi-la de sair sem nada.

Pegou um táxi e ligou para William, que atendeu no mesmo instante:

- Oi, amor. - atendeu.

- Oi. - ela apenas disse.

- Que voz é essa? Aconteceu algo, né?

- Sim... - suspirou. - Saí de casa!

- Saiu de casa? Como assim, saiu de casa? - ele se espantou.

- Depois eu te explico. Será que sua mãe deixaria eu ficar na casa dela?

- Bom, eu aposto que sim, eu vou ligar pra ela, ok?

- Ok. Beijos!

O táxi andava pela cidade e fazia ela relembrar tudo o que tinha vivido até hoje. De quando era pequena, dizia que seu namorado seria um príncipe como o do desenho animado que assistia. Ela havia encontrado seu príncipe. Sorriu. Percebeu como tinha visão errada sobre aquilo. Sobre aquele mundo que William vivia. Tá, ele não era nenhum santo, mas no fundo não era má pessoa. Lembrou de quando conheceu Dulce, na festa do colégio. Foi uma amizade certeira. Lembrou também da noite que Dulce a arrastou para aquela favela numa noite de sexta feira, a princípio, achara loucura total, mas se não fosse por isso, jamais teria conhecido o amor.

Chegou a casa de Renata, sua sogra. Ficou meio apreensiva com o que estava fazendo. Tocou a campainha e ouviu passos. Logo a porta se abriu. Renata sorriu para ela:

- Olá, querida! - disse, dando um abraço aconchegante na nora.

- Boa noite, dona Renata.

- Venha, entre! Está muito frio aqui fora.

Maite obedeceu e entrou. A casa realmente era muito linda. Toda decorada, parecia um palácio.

- Oh, estou tão sem graça com essa situação, dona Renata.

- Primeiramente, me chame apenas de Renata. - ela disse, finalmente vendo um sorriso brotar nos lábios de Maite.

- Agora me explique o que aconteceu direito.

Maite respirou fundo e começou explicar aquela tensa situação. Em nenhum momento, foi interrompida para levar algum sermão ou algo do tipo. Renata a ouvia sem julga-la, queria ajudar aquela desamparada jovem.

- Então, nós brigamos e eu saí de casa.

- Entendo! William havia me ligado para dizer que você estava vindo para cá.

- Não quero que se sinta obrigada a me hospedar em sua casa, apenas por que William pediu. - disse num tom baixo.

- Não, que isso. É um prazer ter você aqui, sabia? Você fez muito bem ao meu filho, de verdade.

- Eu o amo demais... - Maite suspirou olhando para a foto de William pequeno em cima da mesa de centro.

- E ele também te ama, pode ter certeza.

Uma empregado apareceu.

- Senhora, o jantar está pronto. - a empregada disse.

- Muito obrigada. - agradeceu Renata. - Gostaria de jantar, Maite?

- Gostaria sim, obrigada.

Renata levou Maite até a sala de jantar.

Uma mesa grande carregada de deliciosos pratos, que fez a fome de Maite aumentar só de olhar.

- Ual! - exclamou.

- Espero que goste. Pode se servir. - Renata sorriu.

O jantar foi calmo e sossegado. As duas aproveitaram para se conhecer melhor. Logo depois, Renata mostrou álbuns de William durante sua infância. Era uma criança linda e cheia de vida. Maite sorria a cada foto que via. Loiríssimo, com bochechas rosadas, dentinhos pequenos e aqueles olhos cor de mel, que faziam ela suspirar. Renata subiu para tomar banho, deixando Maite na sala de estar sozinha.

- Boa noite. - Maite olhou, era o pai de William, Pedro, que falava com ela.

- Boa noite, senhor Pedro.

- Eu te conheço... - ele disse, fixando bem os olhos em Maite.

- Sim, conhece. Sou namo... Noiva do William.

- Noiva?! - ele franziu as sobrancelhas e Maite concordou com a cabeça.

- Desculpe a pergunta, mas quantos anos você tem? - Faço 19 daqui a uns meses.

- Tsc, tsc, tsc. - ele se sentou ao lado de Maite.

- Que juventude.

Maite não entendeu o comentário.

- Não compreendo.

- Vai mesmo se casar com William? - sua face mostrava dúvida.

- Pretendemos casar sim, senhor.

O olhar de Pedro parecia perdido por um instante.

- Não acha que está sendo precipitada? Casar assim, com 18 anos não parece ser uma boa escolha.

- Eu o amo o suficiente para saber que é com ele que quero estar, senhor.

- Compreendo. Mas e seu futuro? Pretende trabalhar com o que?

- Arquitetura, na área de designer de interiores. - Bom trabalho. - elogiou. - Uma designer... Casada com um traficante?

- Não me importo com o que as pessoas falam. - Mas deveria. A voz do povo, é a voz de Deus.

- Se eu for pela voz do povo, jamais serei feliz.

- E ao lado do meu filho você é feliz?

- Muito. - disse com clareza total. - Hum, intrigante. Ele está aqui?

- Não, senhor. Apenas eu. Sua esposa, a senhora Renata, deixou eu passar uns dias aqui... O senhor... Se incomoda?

Ele balançou a cabeça negativamente.

- De maneira nenhuma, fique a vontade!

Amor Blindado Where stories live. Discover now