Capítulo 63

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Junto com a madrugada, chegou a preocupação. Silvana estava deitada na cama, sem conseguir dormir, por conta da aflição que sentia ao lembrar a cada instante, que Maite estava fora de casa. Ela rezava, implorava até, para que nada de mal acontecesse a sua querida filha. Augusto dormia ao seu lado, mas também parecia super incomodado. Rolava na cama sem parar. Tenso era a palavra correta para defini-lo naquele momento.

Silvana se levantou, foi até a janela e suspirou fundo. Lembrou-se da infância de Maite, de como ela era inocente sobre tudo o que a rodeava. Ela tinha conseguido o desejo de pelo menos metade das mulheres na face da terra: ser mãe de uma menina. A educou desde pequena, queria tranforma-la numa mulher forte e de garra. Sorriu e balançou a cabeça ao ver que sim, ela tinha conseguido. A forma como Maite a encarou, a desafiou, mostrava que ela era forte.

No dia seguinte, no horário da saída, Maite conversava com Dulce sobre seu primo Christopher.

- Ele disse que chegou em casa e você já não estava mais. - Dulce dizia.

- É, deve ter sido assim...

- Você foi bastante corajosa. - Dulce pôs a mão no ombro da amiga. - São raras as irmãs que defendem seu irmão assim.

- Já estou começando a me arrepender.

Elas se sentaram nas escadas da entrada do colégio e continuaram a conversa.

- Por que diz isso?

- Mateus é um ingrato! - ela balançou a cabeça negativamente. - Acredita, que no intervalo, eu falei com ele e ele nem ao menos quis me ouvir? Pois é... disse que não tinha que ouvir sermão de uma... uma vadia.

Dulce arregalou os olhos:

- Meu Deus. Cara, não sei como você consegue. Se fosse eu, sinceramente, já teria desmentido tudo.

- Não é bem assim, Dul... se eu contar, é bem capaz dele dizer pros meus pais que eu namoro William. Isso seria arriscado demais.

- Hum, - pensava. - é, tem razão, seria burrice fazer uma coisa dessas.

- Mas vamos mudar de assunto, "priminha", como está seu namoro com o Christopher? - Mai sorriu.

- Indo de bom a melhor, ele é um fofo, conversamos por telefone toda noite...

- Awn! Amiga! Felicidades, e juízo.

Dulce riu:

- Aham, pode deixar!

Dulce colocou a mochila no colo e de lá tirou uma barrinha de cereal, na qual era viciada. Abriu devagar, e o leve cheiro do alimento dançou até o nariz de Maite, que rapdamente levou a mão no nariz e na boca.

- Ain, Dulce. - sua voz era abafada, por conta da mão que levava no rosto.

- Que foi? Você adora essa barrinha. - Dulce riu, tirando a mão da amiga do rosto e fazendo a barrinha flutuar pertinho dela.

- Ain, que enjoo. - Maite se levantou rápidamente e correu para o banheiro do colégio.

Mais uma vez, aquela sensação horrível, que parece que vamos colocar nosso intestino para fora. Dulce a seguiu, ficou na porta do banheiro esperando a amiga voltar. Ela voltou, um pouco suada mas bem pálida.

- Nossa, o que aconteceu, amiga? - disse passando a mão no cabelo de Maite.

- Não sei, não sei... é a segunda vez que acontece isso. Eu devo estar doente.

- Você precisa ir ao médico, sabia?

- Tá, eu... eu vou... quando der.

Dulce foi para casa e Maite aproveitou para pegar um livro na biblioteca. Na saida da escola, sentiu uma mão segurar seu pulso. Olhou, era sua mãe, que parecia aflita mas aliviada por ela estar bem.

- Mãe?

- Maite, filha... - ela não resistiu, e a abraçou fortemente.

- O que está fazendo aqui?

- Eu vim buscar você, para voltarmos para casa.

- Mas...

- Por favor, não discuta comigo. Volte para casa. Preciso de você perto de mim, por favor.

Maite mordeu os lábios, e afirmou com a cabeça, olhando para baixo.

- Tudo bem, mãe... eu, eu... volto pra casa. Me espere lá, que vou até... o hotel, pegar minhas coisas.

- Não prefere que eu vá contigo?

- Não!!!

Obvio que não, Silvana não podia ir de jeito nenhum com a filha.

- Tudo bem, não importa. O importante é que você vai para casa. - sorriu e entrou no táxi.

***

- Renata, eu juro. Fico muito sem jeito, de ir embora assim... - Maite dizia.

- Não tem importancia minha querida, fico bastante feliz que você tenha se acertado com sua mãe. As portas da minha casa estarão sempre abertas para você. - disse, dando um abraço aconchegante em Maite.

- Muito, muito, muito obrigada mesmo. De coração. Foi muito bom poder conhecer você melhor. - lhe deu um beijo no rosto.

Ao contrário do que Maite pensou, a despedida foi tranquila e Renata a compreendeu incondicionamente. Logo depois, pegou um táxi e voltou pra casa. Seu pai, apesar de tudo, a recebeu bem, e sua mãe, melhor ainda.

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