Dois ( Parte II) - PASSADO

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Slater, 18 anos
( Parte II )

Não imaginei que ameaçar aquele homem fosse gerar tantos problemas e acredito que por ter agido impulsivamente, fui o causador de todos esses danos. Convenhamos que ameaçá-lo foi prazeroso, a raiva que estava sentido iria me corroer se não a expressasse. Era ameaçar ou socar a cara dele até ouvir o último suspiro de vida, consegui me conter e bom, ele não está morto. Embora, esteja nos caçando como animais. Infiltrei um homem naquele clube, antes de saber qual era a localidade, apenas entreguei o envelope que Jake me dera e o meu associado foi para o complexo designado. Infelizmente, ocorrera essa fatalidade e não pude ajudá-lo, agora, preciso ajudar à mim e aos Black Angel's para que possamos sobreviver.
Nunca fui uma pessoa medrosa ou que se assustasse com qualquer coisa, mas essa situação em si, me deixa preocupado e uma parte minha quer surtar por isso. Pois, estou arriscando não só a minha vida,mas a de toda minha família. Ravi com apenas 9 anos está vivenciado um dos ataques ao clube e sinto-me culpado por isso, pois, na idade dele não vivenciei tais acontecimentos. Embora, naquele tempo estivesse aprendendo a ser quem sou hoje.
- Slater, olha aqueles faróis - A voz da minha mãe soara alarmada e pude sair dos meus pensamentos para enxergar o que estava a minha frente. Já havíamos passado pelos portões da fazenda há uns 15 minutos e ainda seguiamos pela estrada de terra, assim como ela dissera, haviam faróis vindo em nossa direção rapidamente. Não diminui a velocidade da caminhonete, manti o pé no acelerador ,e quando estávamos próximos suficientes o celular toca, assustando minha mãe.
- Número desconhecido - ela lê o que está no identificador. Faço sinal para que ela atenda e a mesma faz o que pedi de forma silenciosa, colocando em seguida no viva-voz, alto suficiente para que todos nós pudéssemos ouvir.
- Fala. - Digo ao ouvir a respiração.
- Cara, nós viemos escoltar vocês. - A voz que soa pelo celular era de Chace.
- Já tenho a minha escolta - Coloco a mão direita pra fora do carro e sinalizo a pick-up que está atrás - Mas agradeceria se fosse até a fazenda.
- Jake me deu uma ordem.
- Mas seu trabalho não é necessário aqui, preciso que vá a fazenda e veja o que eles fizeram. - O comboio que estava vindo em nosso socorro se aproxima da caminhonete e ao ouvir minhas ordens, ouço-o suspirar - E se acaso, estiverem nos seguindo, atirem para matar.
Diminui a velocidade, quando a escolta com cinco homens armados montados em suas motocicletas passaram por nós.
- Pode deixar, Slater. Farei o que for necessário para proteger os Black Angels.
- Assim espero, Chace. - Digo e logo, ele desliga.
Estamos na metade do caminho entre a minha casa e a de Gabe, se fosse para acontecer algo, já teria acontecido. Pelo espelho, procuro o olhar de Ravi e o vejo perdido olhando pela janela.
- Ravi - O chamo. Espero o mesmo me encarar antes de prosseguir - Fica calmo, nada irá nos acontecer.
- Diz isso com tanta tranquilidade...
- Depois de um tempo vivendo isso, acostumei. - Aperto o volante mais forte.
- Tenho medo de não me acostumar. - Ele soou tão frágil. Me senti impotente ao vê-lo vulnerável .
- Quer uma dica? - Questiono. Ele me encara curioso e concluo - Nunca demonstre fraqueza, o inimigo usará isso contra você.
- Medo é uma fraqueza?
- Uma vulnerabilidade e isso, no meu ramo é inadmissível.
- Porque?
- Eles atacam o que temos de mais precioso, Ravi. Por qual motivo, você acha, que atacaram a Fazenda? - Ele pôs a mão no queixo e pensou, segundos foram necessários para que ele formulasse uma resposta lógica e certeira.
- Por sermos à família do presidente do clube e sermos o ponto fraco dele. - sorrio orgulhoso por vê-lo entender o que lhe expliquei.
- Sim. - concordo - Se um de nós cair, papai cairá junto, pois, todos sabem que somos o alicerce dele.
- Quando crescer, não irei me casar ou ter filhos. - Ele disse alarmado. Minha mãe até então, ouvia nossa conversa de forma silenciosa, disse;
- Tá maluco, garoto? - ela questiona - conto com você para me dar um neto, se for esperar de Slater não terei nenhum. - Impossível segurar a risada diante de sua frase, ela acha mesmo que não terei uma família. Porra! Sou novo, mas sonho em ser pai. - Qual o motivo da risada?
- Mãe, não espere de mim. Ter uma família me deixará totalmente vulnerável, olha o pai... - Ravi fala como se aquela fosse a maior verdade. Não que seja mentira, mas ter um laço tão forte e inabalável como uma família é incrível! É lindo ver o que meus pais construíram durante todos esses anos e isso, um dia irei ter. Não sei com quem, quando ou como será construído, Mas um relacionamento sólido e verdadeiro, terei e assim como meu pai é para mim, irei orgulhar os meus filhos.
Adentrando a propriedade de Gabe uns 10 minutos depois de passarmos pela escolta, os portões antes de entrarmos, estavam fechados e com vários membros na frente dele. Eles estavam armados e prontos para atirar em quem tentasse ultrapassar sem autorização. Por estarem a nossa espera, quando ultrapassamos juntamente com Tarcísio duas motos nos escoltaram a casa principal que parecia uma fortaleza impenetrável.
- Viu, mano? - Questiono Ravi - Já chegamos.
Ele acena e olha pro lado de fora da janela, nós viemos tantas vezes aqui, mas nunca nessas circunstâncias. Paro o carro onde me sinalizam e giro a chave, o motor desliga e permanecemos nele, ouvindo apenas as nossas respirações. Não espero terem alguma atitude, apenas abro a porta e saio, antes pego o celular que estava em cima do painel. O prospecto que estava na porta da frente vem em minha direção e começa a falar.
- O presidente te espera na sala de reunião, juntamente com o comitê e outros membros. - fala rapidamente e o interrompo.
- Se possível, ajude Tarcísio com a família a se instalar e ponha Relâmpago no estábulo. - Digo e o prospecto acena em concordância. - Antes que me esqueça, onde é a sala de reunião? - Questiono, pois, até hoje não havíamos nos reunido nessa propriedade para falarmos de negócios.
-- Te levo até ao seu pai. - a voz de Tarcísio surge atrás de mim. Não sabia que ele conhecia tão bem esse lugar. Viro-me para encará-lo com várias perguntas em meu olhar, mas não as faço e o mesmo responde - Ajudei-os a criar o lugar para reunião, só vamos que irei te mostrar.
Ele abraça o casal de filhos e em seguida sua esposa, sussurra algo no ouvido de Eleonora e a mesma me encara com um sorriso gentil e caminha em direção a minha mãe e Ravi. Não permaneço observando, pois, Tarcísio começa a andar e o sigo. Quando acompanho seus passos o ouço dizer:
- Você deveria ser mais cauteloso, garoto.
- Mais? - Questiono - foi a primeira vez que deixei minha impulsividade agir e olha no que deu.
- Por isso mesmo, estamos todos em risco por algo que não deveria ter acontecido. - Ele para abruptamente e me encara - Te conheço desde criança, pode parecer pouco, mas pelo que vivenciamos parece que foi há décadas e nunca tinha visto tal imprudência vindo de você.
- Não sei o que acont... - Antes de concluir, ele me interrompe.
- Eu sei, você abaixou a guarda, porra! - Disse apontando-me o dedo. Tarcísio era calmo e vê-lo assim é surpreendente. É a primeira vez que o vejo explodir e ele tem razão, fui imprudente. Nada que eu disser será levado em consideração, nem aqui e nem em frente ao comitê. Prefiro me abater, estou mesmo errado e o silêncio é a melhor resposta que posso dar no momento. Tarcisio esperou algum argumento e quando concluiu que não teria, voltou a caminhar em silêncio. Atravessamos a propriedade em poucos minutos e só paramos quando estávamos em frente à um silo de ração. Ao lado havia um painel com números e Tarcísio digitou alguns, antes da porta abrir e o mesmo, fez sinal com a cabeça para que eu entrasse e nesse instante, ele virou -se e o vi se distanciar enquanto a porta fechava.
- Quem era o cara infiltrado? - A pergunta veio antes de eu me virar e quando o fiz, todo o comitê me analisava, incluindo o meu pai.
- Ryan Brant. - Digo, enquanto caminho em direção ao bar. O ligar se tornou uma réplica compacta do clube. Observo uma escada na lateral, provavelmente para acessar o segundo andar e no centro do cômodo, a enorme mesa redonda. O balcão no lado esquerdo composto por uma madeira escura e atrás dele, uma geladeira grande, abro-a e como esperado, totalmente abastecida. Pego uma cerveja e não encontrando um abridor, pressiono com mais força nos dedos e consigo arrancar a tampa. Sinto-me ser analisado e ignoro, enquanto o líquido desce por minha garganta.
- Você contratou o filho de um ex-membro? - A pergunta veio de Gabe.
- Contratei por ele ser do nosso meio e saber como agimos, pensei que fosse fazer da forma correta. - Digo ao limpar a boca com o braço, pois, anteriormente a cerveja estava escorrendo pela lateral.
- Você foi negligente, Slater. Não deveria ter envolvido alguém tão próximo, porra! - A voz de Jake soara irritada e alta. Ele passou os dedos entre os cabelos e começou a andar de um lado para o outro. - Tem certeza que ele morreu?
- Aidan não mentiria. - afirmo. Vejo meu pai pegar o celular e discar alguns números e em seguida começa a falar com a pessoa do outro lado da linha.
- Thomas, eu sinto muito... - Ele começa a dizer e parou abruptamente e retornou a dizer - Soube que Ryan faleceu, nós sentimos ... - novamente, ele fora interrompido e ouviu quieto o que Thomas dizia. - Não acredito! Porra! Não é isso. Isso... ocorreu um erro. Pode deixar que descobriremos, cuidem-se! - Ele desligou e permaneceu encarando o celular. Ouvimos um tođ quereréweeque e o mesmo clicou no que recebeu e observou, ampliou o que estava analisando e virou a tela do celular em minha direção. - Esse é o cara que você mandou se infiltrar?
O homem da foto é ruivo e possui uma barba grande e delineada, aparentava ter uns 25/26 anos. Havia uma tatuagem na lateral do pescoço e umas nos braços, esse não é Ryan.
- Não. - respondo .
- Sabe quem é esse ? - Jake pergunta e permanece me encarando.
- Não. - Digo novamente.
- O engraçado é que você disse contratar Ryan Brant, mas esse homem é Ryan Brant, filho de Thomas e um herdeiro que não quis prosseguir nesse clube.
- Tá de brincadeira, cara! - O tesoureiro expressou os meus pensamentos. Que merda é essa?
- Quem você contratou, Slater? - Meu pai questionou, mas não consigo responder. Também quero saber, quem eu contratei? Pego o celular no bolso da calça e começo a discar os números de Aidan, ele é o único capaz de me fazer entender o que ocorreu. Ele atende no quinto toque.
- Fala. - Diz ao atender.
- Quem porra era o Ryan que você contratou? - Mando assim mesmo, na cara dura.
- Ryan Brant, filho de Thomas.
- Uma merda que era! Meu pai acabou de falar com Thomas, o filho dele está vivissimo, sabe-se-lá onde e o homem que você contratou também.
- Slater... - Aidan tenta argumentar, mas não deixo, apenas prossigo questionando.
- Como vocês se conheceram? - Questiono. Se esse cara entrou em nossas vidas, não foi por acaso.
- Estava numa festa, no bar dos Gaviões e ele se aproximou, viu o meu patch e corte, comentou sobre eles, se apresentou e começamos a conversar.
- Pensa, Aidan. Pensa. Algo ele queria, o que além disso, ele falou? - Pressiono-o.
- Mencionou que o pai era um ex-membro, perguntei o nome e ele disse, Thomas. Supus que era o Brant e ele também tinha se apresentado como filho.
- Você supôs...
- Merda, Slater! O que você queria? Queria que eu pedisse identidade e cadastro de pessoa física para ter certeza de quem ele era?
- Se fosse necessário... - A raiva que estava assolando em meu peito, está querendo sair. - Se estiver na propriedade do Gabe, peça para o Tarcísio te trazer na sala de reuniões, precisamos conversar. - Desligo sem esperar uma resposta. Procuro o olhar do meu pai e respondo o que ele havia perguntado.
- Não sei quem contratei, mas acredito que esse merda ainda pode estar vivo. - Digo e todos começam a falar juntos. Jake permaneceu em silêncio e se aproximou.
- Ligue para o número dele e espere, talvez, possamos obter algum resultado. - Disse ao entregar-me o celular dele, procuro o número do suposto Ryan e dígito no aparelho de Jake, enquanto faço, ele conclui - Se ele atender, tente extrair algo.
Quando termina a frase, Aidan entra no cômodo em silêncio e observa todos ao seu redor.
- Não tive culpa. - É a primeira coisa que sai de sua boca. Todos, principalmente Pax, encaram ele de forma grosseira e silenciosa, estão intimidando-o.
- Acredito que ele ainda esteja vivo e a notícia da morte do suposto Ryan, foi apenas um pretexto para nos verem entrando em alerta máximo. - Jogo na roda todas as minhas suposições. Ele acena em concordância e retorna a falar.
- Me informaram por um recado e ... - pegou uma folha do bolso e me entregou. Li o que estava escrito e o encarei com varias perguntas, como ele pôde acreditar? - Enviaram uma caixa e dentro dela havia um braço com a tatuagem que ele tinha.
- Impossível não acreditar depois de receber um braço - Novamente, o tesoureiro diz.
Balanço a cabeça de um lado para o outro, tentando organizar os pensamentos, mas está difícil. A que ponto cheguei.. clico no botão de discar e a ligação está sendo encaminhada, pelo menos não é o meu número e a probabilidade dele atender é maior. Ligo o viva-voz e quando o proprietário do número atende, todos nós pudemos ouvir.
- Alô. - Engulo todo o meu ódio e raiva, para agir nessa circunstância preciso ser o mais centrado possível. Fecho meus olhos e respiro, busco a calma que minha mãe me ensinou a ter, abro meus olhos e digo.
- Enfim, te encontrei. - Pude ouvir a respiração dele prender - Você é um homem muito difícil de encontrar, o que quero saber mesmo, é; quem é você? - A risada soa através do celular.
- Então descobriu o meu segredo... demorou, hein? Não é tão cauteloso como esperava, não é? Te superei, afinal.
- Quem é você?
- Pergunte ao seu pai e ao Gabe, eles sabem quem eu sou. - E desligou.
- Como ele é? Fisicamente falando, descrevam. - Gabe disse e vejo meu pai pegando um papel e uma caneta. - Digam.
- Mandíbula com formato quadrado, nariz reto e não era tão grande, olhos grandes e escuros, parece aqueles olhares árabes. A pele morena e uma cicatriz da orelha até a lateral esquerda da boca. - concluí. Fiz sinal para Aidan. - Lembra de algo?
- Ele tinha um carro, se quiser a placa, talvez ajude. - Surpresos, pedimos o número da placa e ele dita, Gabe anota e liga para um amigo, enquanto Jake continua desenhando o retrato.
- Esse é o cara? - Pergunta o concluir o retrato que estivemos detalhando. O homem estava praticamente idêntico ao que vimos algumas vezes, só não tão semelhante as orelhas, mas o resto, era ele.
- Com toda certeza.
- Porra, Jake! - Gabe falou ao ver a imagem.
- Eu sei. - Disse meu pai ao ouvir o que Gabe dissera.
- Preciso falar com Catalina.
- Preciso falar com a Aliane.
Ambos disseram juntos e saíram rapidamente do cômodo.

JAKE

Disco a senha no painel e saio do silo com Gabe em meu encalço, sei o que ele deve estar pensando, mas não tenho culpa.
- Você devia tê-lo matado quando teve chance. - Sabia que iria dizer. - Olha o que estamos enfrentando por algo do nosso passado, até Slater se envolveu, cara.
- Ele não tocará em minha família, não em Cat e não em meus garotos.
- E nem em minhas meninas. - Ele disse enquanto aumentava a velocidade em direção a casa - Elas já sofreram o suficiente, Jake. Pensei que tudo isso, tivesse acabado.
Eu também. Mas não digo, apenas penso. Antes de Slater nascer, conheci Catalina, Gabe e Aliane, criamos um vínculo inabalável até Joshua entrar em nossas vidas. Era um jovem quebrado e amargurado, aceitamos sua adição no nosso círculo e realmente, o considerávamos da família até ele se virar contra nós e sequestrar as meninas. Ele havia se apaixonado pelas duas e nós não percebemos, aparentemente, ele possuía algum desequilíbrio mental e foi capaz de omitir o estado de deficiência até o surto. Elas ficaram presas no porão de uma casa abandonada há umas 8 horas de carro da nossa cidade, encontrá-las numa época sem tecnologia foi como procurar agulha no palheiro, mas conseguimos. Só que agora, ele ou o filho, seja quem for, está querendo nos derrubar e serei incapaz de deixá-lo tocar no que é meu.

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Slater - Série Black Angel MC #1Where stories live. Discover now