Cinco - PASSADO

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     Tarcísio me encarou por tempo suficiente e não respondeu, apenas abriu a porta, consegui ouvir vozes altas e risadas quando entrei. Assim que vi todos os membros e prospectos conversando de forma animada, comecei a analisá-los, eles continuaram conversando até enxergarem Tarcísio. Quando o viram, a sala entrou em um silêncio sepulcral. Diferente de Tarcísio, não fiquei em um local visível, na lateral havia uma parte mal iluminada e próximo a porta e me mantive ali até ouvir o meu nome ser pronunciado.

- Acredito que saibam o que aconteceu. – Digo e saio de onde estou, tornado-me visível à todos – Gabriela foi sequestrada e sabemos que alguém ajudou no rapto.

As expressões variam; uns mostram fúria e outros indiferença, mas consegui identificar algo em alguns deles, determinação.

- Como você sabe que alguém ajudou? – Questiona um dos membros, esse tornou-se parte da família recentemente.

Devo admitir, ele tem culhões. O analiso de forma mais profunda e o vejo vacilar diante do meu olhar.

- O único lugar que não tinha alcance da câmera e nem seguranças, provavelmente os guardas e vocês, sabiam disso.

- Você está tentando nos culpar... – Outro tenta intervir, mas o interrompo.

- Se eu estivesse tentando, não estaria aqui. Estou afirmando que uma pessoa que está nessa sala se envolveu em algo que não deveria. – Sinto meu corpo flamejar com a raiva que estou sentindo, prestes a sair do controle, recuo lentamente para trás e concluo – Não lido bem com mentirosos, seja quem for, se entregue. Porque se eu descobrir do meu modo será mais doloroso.

- Slater. – Tarcísio avisa-me de modo sutil que deveria permanecer no controle. Apenas aceno, concordando.

Aproximo-me dele, encarando-o digo o suficiente para que ele ouvisse. - Turn , Chace e Keth. - Afasto-me em seguida.
Os olhos de Tarcísio estavam esbugalhados, surpresos. Os cantos dos meus lábios sobem ao vê-lo desse jeito, ainda acho graça por ele ainda duvidar da minha capacidade. Ele havia dito para usar minhas habilidades, usei-as.

     Aprendi a ler as pessoas bem novo, minha mãe costuma dizer que sou um pequeno prodígio, talvez ela esteja certa. Desde que entrei, vi a alteração corporal de Chace, a princípio acreditei que fosse fúria pelo ocorrido com a princesa dos motoqueiros, mas não; tinha algo mais. Ele tentou esquivar-se dos meus olhares, manteve um pé batendo levemente ao chão enquanto as demais partes do corpo permaneciam imóveis, sinal de nervosismo evidente. Só que nervosismo não é sinônimo de culpa, enxerguei além dele.
Porque iria culpá-lo? bom, ele foi no clube juntamente comigo, Jake, Aidan e Pax, ele viu os membros que iriam ser expostos e com certeza sabia quem era o meu infiltrado, ele se propôs a ir conosco. Além disso, foi ao meu socorro no caminho entre minha casa e a de Gabe, o que chamou minha atenção foi o fato dele não trazer nenhum relatório sobre o que ocorreu. O que queria omitir? Ah, voltou rapidamente. Teve tempo suficiente para planejar e tirar Gabriela daquele quarto.   Embora, não fosse apenas isso. No instante que um prospecto interveio, chamando minha atenção para si, pelo canto do olho o vi virar o rosto para encarar outro homem; Turn. Esse com toda certeza, fora a minha surpresa. Encarei-o enquanto respondia a pergunta do corajoso, a única resposta que obtive dele foi um sorriso de escárnio e um encolher de ombros.  Já o Keth, de todos os envolvidos, esse foi o mais fácil; o nervosismo era tanto que conforme suas mãos tremiam, ele as abria e fechava, nem ousou olhar em meus olhos quando estive diante dele. O que fez o meu instinto soar bem alto a palavra; CULPADO. Não posso ser considerado contraditório por ter dito que Chace estava nervoso, mas esse não era o motivo para culpá-lo, ele mostrou de formas diferentes do que essa de Keth.

     Quando estava prestes a abrir a porta pra sair, ouvi Tarcísio chamá-los e pude identificar uma lamúria como choro, não tenho certeza e nem quis olhar para ter, apenas sai despreocupadamente. Antes de fechar a porta, parei e disse alto suficiente para que eles ouvissem:

–  Fui bondoso ao dar a chance para se entregarem de maneira amigável, não souberam usufruir da minha bondade, então terão que arcar com as consequências. – Disse transmitindo o rancor que possuo através das minhas palavras. – Quando eles estiverem prontos, me chamem.




JOSHUA

     Acredito que não estava pensando ao mandá-los sequestrá-la, mas já é tarde para que haja arrependimentos. Observo-a ser jogada a cadeira que está em minha frente e permaneço em silêncio a encarando, a mesma está vendada e apesar do que está ocorrendo, ela não expressa nenhuma reação ou som, nada. Decido falar primeiro, pigarreio para sinalizar que estou próximo suficiente e digo:

   - Deixe-me apresentar, sou Joshua. - Um sorriso lateral brota em seu rosto infantil, apesar de ser uma criança, sua expressão não era nada infantil e angelical. Era puro escárnio.
 
    - Não imaginei que você seria capaz de algo assim, o subestimei.  - Ela diz e volta a ficar em silêncio.

    Encaro Joe em busca de uma resposta, o motivo dessa menina não me temer como os outros, como seus pais. Ele faz um gesto como se não entendesse e retira a venda dos olhos dela. No instante que o pano é retirado, seus olhos piscam algumas vezes e se direcionam à mim. Ela me encara e não expressa nenhuma emoção. Continuamos a nos analisar por segundos ou foram minutos? Não sei, mas não queria falar primeiro. Antes de ouvi -la falar, a mesma suspirou e olhou ao redor.

- Nem uma água oferecem as visitas? - Joe após ouvir, ergue as sobrancelhas e não responde, faço sinal para que ele pegue água e digo:

- Não quero que se sinta em casa e nem confortável.

- Me tirou de lá por uma razão, certeza que queria ferir os meus pais.

- Tão perspicaz, não parece ser filha de Gabe. - Após dizer isso, algo passou em seu olhar e ela voltou ao silêncio. Joe aproximou -se com a garrafa de água e a ajudou beber, Gabriela estava amarrada e não iria soltá-la, como havia dito; não iria deixá-la confortável.

Levanto-me do acento a sua frente e sigo em direção à porta. Quando estou prestes a atravessar o lugar, ouço-a dizer:

- Espero que esteja preparado... - Ela deixou escapar, apesar de ter dito baixo, consegui ouvir. Infelizmente a minha curiosidade falou mais alto e questionei:

- Pelo que ? - Sem me virar, mas com a testa franzida.

- Ah, sério? - Ela questionou rindo e prosseguiu - Espero que esteja preparado para um dolorosa e lenta morte. É isso que te espera no fim do túnel.


🍓🍓🍓

26.01.2021

Capítulo fresquinho, espero que tenham gostado!  Qualquer dúvida, elogio ou reclamação, COMENTEM. Leio cada comentário e entendo o ranço que estão tendo de mim (EU ERREI). CUIDEM-SE, LAVEM AS MÃOS C FREQUÊNCIA E NÃO ESQUEÇAM DO ÁLCOOL.

Até qualquer hora, Xoxo ❤

Slater - Série Black Angel MC #1Where stories live. Discover now