Passeio

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Acordei e o Will já tinha ido embora.
Vesti a minha roupa habitual e fui tomar o pequeno almoço. A Faye já lá se encontrava, juntamente com o príncipe.

Cumprentei-os e comemos enquanto a fome não era saciada.

Após o termino da refeição, o príncipe veio ter comigo e deu-me a sua mão para que eu me levantasse e o acompanhasse aos jardins do castelo.

Aceitei a sua mão e fomos juntos em direção aos jardins.
O Will tinha decidido que não nos iria acompanhar, senão já estaria lá àquela hora.

Atravessamos os caminhos de calcário ladeados pelos jardins e arbustos. No centro, existia uma fonte esculpida com dragões de boca aberta por onde saía água.  Os jardins eram vastos até chegarem ao limite da varanda baixa e detalhada na beira da muralha do castelo; tinham flores pequenas e simples, desde rosas a tulipas, passando por amores-perfeitos e terminando em lílias. Era um jardim impressionante e agradável. 

"Que belo jardim que aqui tem, rainha Selene."

"Muito obrigada. São as jardineiras que tratam das flores e os jardineiros dos arbustos e da limpeza da pedra."

"Vejo que tem bons trabalhadores. Um dia, irei fazer um jardim no meu castelo. Acho fascinante a arte de criar plantas para o culto da beleza natural."

"Eu também aprecio, mas prefiro a arte de fazer magia. Desde que a descobri, que a tenho estudado arduamente."

"Adoro magia, mas infelizmente, não possuo esse poder. Portanto, limito-me a ter uma feiticeira pessoal e a observar os outros que sabem essa arte." 

O Príncipe falou com um certo brilho no olhar. Notava-se que este tinha a ambição de poder fazer magia, mas por problemas de género, ele não a podia fazer. Também eu senti o mesmo. Quando vivia a minha vida normal, no século XXI, também não sabia nada sobre magia e fascinava-me a ideia de a poder utilizar. Agora esse sonho fôra concretizado e não podia sentir que estivesse mais perto do que eu queria ser, como agora.

"Lamento, mas só queria dizer que o compreendo." consolei-o, tocando-lhe no braço.

"Não penso que compreenda. Nasceu com magia, é algo que sempre estivera habituada."

"Acredite. Compreendo melhor do que imagina." assegurei-lhe.

Este mostrou-se perplexo, mas aceitou a minha resposta.

Caminhamos em silêncio durante um pouco, até o príncipe quebrar o silêncio.

"Desculpe se pareço inconveniente, mas continuo encantado com a sua beleza e gostava de conhecer mais sobre sua majestade. Se o interior se igualar ao exterior, vós sereis um exemplo do puro e mais minucioso trabalho de Deus."

"Foi deveras inconveniente." repreendi-o.

"Peço desculpa, de novo, mas é difícil guardar as palavras para mim, quando a sua simples visão me enche os pensamentos."

Senti que corei. Ele estava a tentar seduzir-me? Eu estou com o Will!
Mas o príncipe não sabia disso e não poderia saber, portanto não podia dar muitos indícios de estar numa relação com um plebeu.
E, de certo modo, o príncipe era bonito, pelo que me senti um pouco lisonjeada por receber tais elogios.

"Desde que não seja tão atrevido, pode dizer o que tem a dizer. Mas se quis dar este passeio só para me cortejar, peço licença, pois tenho assuntos mais intetessantes a tratar." avisei-o.

"Não de todo! Queria conhecer mais sobre a grande monarca de Wonderwall. Se iremos aliar-nos terei que conhecer melhor a sua pessoa, para me assegurar de que não estarei a fazer um erro."

"Uma decisão que aprovo."

"Portanto, gostaria de saber mais sobre a sua forma de ver o mundo. Por exemplo, o que achava de ter humanos ao seu dispor? Sei que não está muito habituada, e que só uma percentagem reduzida do seu pequeno povo é humano, por isso, gostaria de saber o que faria se tivesse o meu povo ao seu dispor."

Após esta pergunta, apercebi-me de que os humanos não sabiam como funcionava a imortalidade das Astrowands. Tinha em minha vantagem o conhecimento de ter vivido como humana e o facto se não saberem uma boa parte de mim.

"Não os trataria de forma diferente só por causa da sua raça. Todos são bem vindos ao meu reino, desde que não tenham más intenções e desde que sigam as nossas regras."

"Agradeço a sua simpatia para com os meus." disse o príncipe, fazendo uma vénia.

"É só o meu dever. Peço desculpa, mas terei que voltar para tratar dos meus deveres. Foi uma boa conversa, príncipe."

"Eu é que agradeço. Se preferir pode tratar-me por Adriano."

"Muito bem, Adriano. Vejo-o por aí."

Fiz uma vénia com a cabeça e voltei para o castelo.

Ao chegar à porta traseira, vi um vulto a entrar rapidamente no castelo.
Acelerei o passo e consegui entrar no castelo onde vi o vulto mais ao fundo, correndo na direção poente.

Comecei a correr até que cheguei ao fim do corredor, onde o homem entrou no meu quarto.

Segui-o rapidamente e entrei de rompante no meu quarto.

Era o Will.

Estava sentado na beira da minha cama. Fui na sua direção, mas parei a um metro dele.

"Não esperaste por mim."

"Não vieste a tempo."

"Tentei chegar o mais cedo possível, mas não consegui."

"Também não te preocupes. Já voltei e não aconteceu nada durante o passeio."

"Eu vi. Eu não pude ir ao jardim, porque os guardas não deixaram, mas vi tudo."

"E como viste eu estou a dizer a verdade."

"Sim, eu sei. Mas também sabes que eu não confio na raça deles."

"Sei. Mas vivi muitos anos como humana e sei que nem todos são maus."

"Talvez na época em que nasceste, porque nesta há poucos que sejam de confiança."

"Mas se vivermos com medo dos humanos, de que nos vale ter magia no nosso sangue? Somos mais poderosos que eles e isso dá-nos vantagem."

Ele colocou a mão na minha cintura e puxou-me.

"Tens razão." admitiu ele, colocando ambas as mãos na minha cintura e movendo-as entre as minhas costas e a minha barriga. "Se não estivesses aqui, eu já teria morto aquele Térreo à muito. És uma boa voz da razão."

Sorri levemente e inclinei-me para lhe dar um beijo. Ele puxou-me mais para ele e eu coloquei as minhas mãos nos seus ombros. E tudo o que eu conseguia pensar era em como eu tinha alguém na minha vida que gostasse tanto de mim, como eu dela.

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Olá! Há muito que não dizia nada. Este capítulo é mais pequeno, mas não se preocupem, o próximo vai ser melhor 😉
Bem, só queria avisar que este é o último capítulo que vai ser publicado este ano, por isso aproveitem!

Feliz Natal e Bom Ano Novo 🎉

The Wonderwall: O Regresso [Em Pausa]Where stories live. Discover now