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Era o último dia de castigo do Will. Nunca ansiara tanto por um dia como este.

Precisava dele para poder tirar o Adriano do meu caminho. Apesar de ele parecer boa pessoa, o seu dom não me permitia ficar perto deste.

Tente evitar o príncipe ao longo do dia, mas era-me difícil. Ele parecia saber sempre onde me encontrar e não desistia de falar comigo.

Tentei refugiar-me na floresta, pois era o sítio onde conseguia camuflar-me melhor.

Encostei-me a uma árvore e fiz crescer uma arbusto à minha volta, como que uma tenda para me proteger. 

Suspirei e encostei-me ao tronco rugoso, aproveitando o tempo para me focar no que diria ao Will quando o visse. 

Pensei em todas as maneiras de falar com ele: se eu contasse o que acontecesse com o Will, teria que ser de uma maneira suave, para ele não ficar magoado. 

Mas qualquer uma das maneiras que eu pensava contar, soava mal. A única coisa a fazer, seria ocultar as seduções do Adriano. 

Custava ter que fazer aquilo, mas era o melhor para ele e para mim.

"SELENE!" ouvi o grito a aproximar-se.

"Oh não..." 

O Adriano tinha-me encontrado. Tentei não me mexer, nem fazer barulho. Talvez ele passasse sem me ver.

O movimento dos pés dele pararam perto de mim e as suas mãos afastaram as folhas e rancos que me rodeavam.

"Posso falar contigo?" pediu ele pela milionésima vez naquele dia.

Suspirei.

"Fala."

"Quis pedir desculpa. Não devia ter feito o que fiz sem ter a certeza das tuas intenções."

"Pois não."

"Mas eu sei que não me és indiferente, por isso pensei, que talvez..."

"Adriano, vamos esclarecer isto. Eu só não te sou indiferente por causa do teu dom. Ele é que me faz aproximar de ti, porque eu não sinto qualquer tipo de amor por ti. O meu coração pertence a alguém, que não tu, e tu só me consegues conquistar a mente. Não queria ser tão direta, mas não me deixaste alternativa."

Ele ficou sem palavras. A sua boca abriu, mas não saiu nenhum som. 

"Muito bem. Não incomodo mais. A partir de agora só falo consigo sobre assuntos diplomáticos. Não sei o que tinha na cabeça... se não se importa, vou para os meus aposentos." 

Ele largou os rancos, fechando de novo a minha tenda e afastou-se do local onde eu estava, mas ele parou e voltou atrás. Sem abrir o arbusto, ele falou para mim.

"Posso ao menos saber quem é o dono do seu coração?" a sua voz era fraca e acusadora.

"É segredo, tal como o teu ano de nascimento. Mas tu conheces a pessoa em causa."

Caiu um manto de silêncio e os seus passos quebraram-no afastando-se rapidamente, encosta acima. 

Senti-me mal por uns segundos, eu tinha sido dura com ele, mas fora necessário. Teria agora que viver com isto. Só queria que esta situação não tivesse afetado o meu reino.

(...)

Já era noite. Decidi tentar ficar acordada até tarde para poder ver o Will, apesar do cansaço.

Passou a uma da manhã, as duas da manhã e cada vez me pesavam mais os olhos. 

Estava entre o sonho e a realidade, quando a porta do meu quarto abriu. Ouvi todos os movimentos de Will, mas já não consegui abrir os olhos. Os lençóis mexeram ao meu lado e senti o corpo dele chegar-se ao meu. O seu braço rodeou-me e ele encostou o seu corpo ao meu, libertando-me do meu estado.

The Wonderwall: O Regresso [Em Pausa]Where stories live. Discover now