14. Nada será como antes.

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Papai e Carmen se mudaram no fim de semana, o que já era de se esperar. Daniel chegou em casa na sexta, mas eu não tive coragem nenhuma de ficar em casa e recebê-lo com uma grande faixa de "seja bem vindo" sabendo que o motivo por ele estar naquela maldita cadeira de rodas era eu. Perguntei Sebastian se eu poderia ficar uns dias no apartamento dele até tudo se acertar, eu precisava colocar minhas ideias em dia e resolver o que eu vou fazer com essa tal gravidez. Digo, conto para o Ethan ou não? Acho que já estou desistindo da ideia de abortar. Já estou com oito semanas, então logo logo a barriga vai começar a aparecer e não vai ter como esconder mais. Sebastian até que concordou com a ideia, mesmo achando que eu devesse conversar com meu pai antes de qualquer coisa. É estranho como em tão pouco tempo que eu o conheci, já confio tanto nele assim.

Já é Domingo e eu estou exausta só de pensar que amanhã eu terei que voltar para o colégio como se nada tivesse acontecido. A parte mais assustadora é que antes disso eu tenho que voltar para casa e encarar Daniel.

Estávamos assistindo um filme de romance bastante chato, não estou prestando atenção, nem um pouco, mas Sebastian parece bem interessado. É até engraçado. Digo, por algum motivo os diretores de filme acham romântico fazer um filme em que duas pessoas se apaixonam e uma está em seu leito de morte. É ridículo isso! A pipoca já está quase acabando e ele não tira os olhos da tela, é como se sua vida dependesse do final daquele filme. Começo a rir quando percebo que Sebastian está emocionado.

— Qual é, não acredito que vai chorar. — brinco tacando a pipoca nele.

— Como você é insensível. Ele está morrendo, Kali. — resmunga.

— Mas ela sabia disso quando os dois começaram a sair.

— Não, ela sabia que ele já teve câncer, não que ele teria de novo.

Reviro os olhos e agarro a bacia de pipoca.

— Certo, certo.

Finalmente começo a prestar atenção no filme, e o final acaba comigo. Parece que meus hormônios estão à flor da pele e antes que eu pudesse evitar já estava chorando. Não sei se foi por causa da trilha sonora ou porque o filme acabou daquele jeito tão triste, mas eu chorei. Pra piorar quando olho para o lado é o Sebastian que está rindo agora. Pego a almofada e jogo nele com toda a força do mundo.

— Qual é, não acredito que vai chorar. — brinca imitando minha voz.

— Como você é ridículo.

Ele está caindo na risada. Limpo os olhos, enquanto ele vai até a cozinha rindo sem parar. Pego meu celular e havia uma mensagem do papai perguntando se eu voltaria hoje pra casa. Sento um pequeno aperto no coração. Já são quase dez horas da noite. Dobro o cobertor, deixando-o empilhado junto com as almofadas no canto da sala.

Sebastian chega na porta da sala me olhando com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

— Então, foi muito bom o final de semana com você. Obrigada por deixar eu ficar aqui, eu precisava ficar um pouco longe da minha família. — o agradeço deixando um sorriso escapar no canto dos lábios.

— Não precisa agradecer, sério, sempre que precisar pode me procurar.

— Te digo o mesmo.

Lhe dou um abraço bem apertado. Sebastian vai me soltando aos poucos e sem querer sua mão vai de encontro a minha barriga, ele olha para baixo e me olha novamente.

— E aí, já resolveu o que vai fazer?

— Não sei, minha mãe não quer que eu aborte...

— E o que você quer fazer?

Não ouse me deixar | lésbicoWhere stories live. Discover now