A gente ainda vai se ver por ai

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Eu o reconheci tão logo ele tirou a venda dos meus olhos. Ali, parado a minha frente, enquanto minhas mãos e pernas estavam amarradas a cadeira, ele quase poderia parecer assustador.

- Escuta aqui - Ele começou - Já chega dessa porra.

- Do que você ta falando?

- Não se faz de sonso comigo. - Ele puxa uma cadeira e senta-se a minha frente - Você precisa parar de me perseguir, isso já está indo longe demais.

- Mas dessa vez eu realmente achei que iria dar certo...

- Já foram duas vezes esse mês, e se eu não estivesse te esperando, seria a terceira...

- Mas ela era linda e...

- Não, pode parando, não vai colar dessa vez.

- Sabia que ela também escreve?

Ele me olha curioso. É muito fácil fazer isso com ele.

- Sério? A morena da livraria?

- Isso, ela mesmo. Poeta até o último fio da alma, além de cantar como um passarinho.

Ele pensou por alguns milésimos de segundo, e relutante começou a me desamarrar.

- Tem o número dela?

- Não precisa, se você correr, vai encontrá-la em frente à loja de discos.

Ele sorri, e então corre para porta, olhando para mim antes de sair.

- Vai dar certo dessa vez?

- A gente ainda vai se ver por aí, de uma forma ou de outra.

Aceno para sua partida, que ironia! Logo eu que sempre sequestrei os corações alheios. Não é fácil ser o amor, algumas vezes.

Pontas SoltasWhere stories live. Discover now