Velhice precoce

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E de repente você já não acorda mais com aquele desejo ardente de ser mundo
esquecemos quem deveríamos ter sido, onde deveríamos estar
os ponteiros do relógio sorriem maliciosos e se tornam grãos de areia
na ampulheta que que marca o nosso último suspiro.

Num dia qualquer, você acorda e já não sabe de quem é o rosto no espelho
apenas uma deformidade de si mesmo, como um punhado de barro
moldado por tudo e todos a sua volta, menos você
e afinal, quem é você?

Hoje estamos cansados, amanhã estressados e depois sem forças para reagir
para onde foi a criança que estava aqui há pouco?
Eu já não lembro da sua risada, ou das suas pequenas mãos
menos ainda dos seus sonhos
ou seriam meus?

Pontas SoltasWhere stories live. Discover now