Café frio e uma camiseta velha do Nirvana

272 61 5
                                    


Sobre a mesa restam apenas duas xícaras de café frio e uma porção de desatino. Já não lembro onde estou ou como vim parar aqui, você se senta a minha frente e brinca com a ponta dos dedos na boca da xícara gélida. Você está linda, sempre esteve. Bebo um gole do líquido negro que restou, é amargo como deve ser, como sempre foi. Algumas flores morrem próximas a janela, provavelmente crisântemos, você sempre gostou de crisântemos. Você se põe a dançar para mim, uma dança alegre e desajustada, pés descalços sobre o piso poeirento, uma camiseta velha do Nirvana sobre a pele nua. Cantarola alguma canção indecifrável dos anos 50, de algum filme em preto e branco, talvez? Cai em meu colo aos risos, uma gota de suor escorre pela têmpora esquerda, delicada, te perco entre sonhos e desejos, vejo tuas formas se dissiparem no ar, etéreas. Teu fantasma me visita com frequência e sobre a mesa restam apenas duas xícaras de café frio e uma porção de desatino.  

Pontas SoltasDonde viven las historias. Descúbrelo ahora