Capítulo 3

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—Um amor duradouro é quase tão complexo do que uma equação, claro, se você for um tolo em matemática. As vezes, as pessoas não combinam...–Mary faz uma pausa dramática. Tirando seus óculos esquisitos e secando a umidade dos olhos. —Me casei centenas de vezes. Se casamento fosse promessa de felicidade eu estaria no Caribe em uma lua de mel, certo?– O auditório explodiu em uma sonora saltava de palmas.

—O nosso tema de hoje é Amor. Simples e complexo, alegre e sombrio, inconseqüente e esperado. O amor é tão contraditório, e é esse sentimento que vamos apresentar nesse semestre. Podemos fazer alguma peça teatral, alguma sugestão?

—Romeu e Julieta...– uma garota ruiva na minha frente disse, os olhos da palestrante se rolaram em sinal palpável de tédio. —Podemos comentar sobre uma das melhores obras de romance de todos os tempos?

—O que você tem a dizer sobre todo o contexto?–seu tom era quase que irritado. Eu me encolhi na cadeira quando seus olhos se puseram em mim.

—A senhorita... –ela olhou o nome na prancheta, depois de alguns segundos sua voz mecânica acrescentou. —Senhorita Miller. Qual sua opinião?

—É notável o forte sentimento que surgiu para ambos. Tratado com uma grande simplicidade e perfeição. Mostrando também o lado obscuro do amor.– Mary franziu a testa, pareceu não gostar do que falei. Mas ao contrário dela, quase todas as pessoas a minha volta concordaram com a cabeça, e com murmúrios.

—Alguém mais?– Berrou, caminhando para perto de nós. Sua mão vagou minha fileira de poltrona chegando bem próximo de mim. —Quero algo mais, senhorita... O que de verdade você pensa?–Ela revirou os olhos, e sorriu ironicamente.

—Ele é um idiota, frouxo e desprezível que confunde amor com atração e se mata por uma garota que ele acabou de conhecer.–disse, uma voz familiar. Simon estava sentado atrás de mim, em uma distância considerável, ele sorriu graciosamente. Nós duas olhamos para ele.

Ele era o rapaz que tinha conhecido algumas semanas antes, em que tivemos uma troca de saliva e de fluidos corporais, que tinha me enviado aquelas flores e complicado as coisas. Apesar de ser um menino muito bonito e sedutor, não tinha espaço para o que ele tinha a me oferecer, era por isso que as coisas desandaram entre a gente. Logo depois de parar de conversar com o mesmo ficou uma tensão estranha, como se ainda tivesse muita coisa a me dizer mas se calou.

Engoli o meu orgulho em seco e tentei manter uma postura, apesar de maior parte das pessoas daquela sala saber da nossa relação não precisava escancarar que as coisas entre nós azedou. Seus olhos vagaram pelo meu rosto, buscando algum resquício de sentimento.

—Você não acredita no amor dele por Julieta?–questionei, incrédula, ele revirou os olhos, como se tivesse dizendo algo absurdo. Apesar se tudo que estava vivendo ainda acreditava no que tinha lido.—Qual é, isso é um absurdo.

—Não, ninguém é capaz de se apaixonar em poucas horas, e pedi-la em casamento nesse tempo.–disse, no seu tom condescendente. Seu cinismo me fez balançar a cabeça freneticamente, não poderia acreditar que ele pense assim de uma das obras mais romântica de todos os tempos.—O que quero dizer é que tudo parece surreal.

—Está me dizendo que não acredita em amor a primeira vista?– questionei, enquanto o encarei, mordendo o interior da bochecha. Isso fazia meu coração bater ainda mais rápido, já que aquele homem tinha me falado algo assim uma vez, fazendo com que fosse nossa piada interna.—Que tipo de pessoa você é?

Não brinque com fogo Where stories live. Discover now