Life is a Bitch

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Falei bastante sobre duas das três mulheres mais importantes da minha vida. A terceira é minha mãe, claro. Não falei sobre eu mesmo ainda, porque não é realmente importante para essa história, mas eu sei que é necessário falar sobre mim. Então eu serei o mais breve possível sobre minha vida, sobre quem sou eu.

Para começar eu sou brasileiro. Nasci e cresci em um lugar tão ruim que prefiro nem falar o nome. Um lugar onde ninguém tem perspectiva alguma de vida, aonde a maioria das opções são contra a lei. Sai de lá provando que determinação é tudo o que nós precisamos para realizar um sonho. A determinação torna todo o resto mais simples.

Sobre o meu sonho, eu o tenho desde a infância. Meu sonho é ser, se não o melhor, um dos melhores atores do mundo. Na época que eu conheci minha filha, eu estava bem longe disso, eu era uma promessa. Hoje eu já sinto que falta pouco.

Não pense que foi fácil chegar aonde eu cheguei, que foi fácil realizar meu sonho, ou mesmo que eu tive sorte. Eu fui chegar em Los Angeles com uns 23 anos. Antes disso eu falhei muitas vezes, fui recusado diversas vezes, até mesmo humilhado, mas nunca desisti. Não foi fácil levantar e seguir em frente como Rocky Balboa faz parecer nos filmes. Foi muito, muito difícil cada uma das vezes.

Nesse tempo de falhas eu aprendi que crescer é uma luta constante contra a insanidade e a depressão. Também aprendi que a Vida é terrível. É um demônio disfarçado, que fica o tempo inteiro te batendo. Você levanta e ela te joga no chão, mas em algum momento os golpes param de doer.

A Vida é tão cruel que algumas vezes eu achei que a Dona Morte fosse mais agradável, nos esperando sempre com um abraço. Em um momento eu quase fui para aqueles braços que pareciam tão confortáveis e repletos de paz, mas eu não queria apanhar e ficar quieto. E então eu percebi... Se alcançar o meu sonho incomoda tanto a Vida, eu vou fazê-la sofrer até o meu último suspiro.

O tipo de vida que eu levava era terrível, estava levando a minha carreira para o fundo do poço. Meu agente estava indo a loucura com as besteiras que eu fazia. Depois do meu maravilhoso relacionamento eu achava que o amor era algo mágico, e claro que eu me ferrei bastante até aprender que em certas ocasiões, você não deve ter sentimentos, não deve ser gentil, algumas vezes nem ao menos sorrir. Eu nunca gostei disso, mas eu fazia.

Fazia porque no fim das contas eu só queria... Vamos dizer que eu queria a minha cama quente. Por isso eu sempre fingia ser esse tipo de pessoa, quase todas as noites. Sempre que eu ia para alguma festa, eu bebia e fingia ser assim. Eu sempre odiei isso, mas me fazia me sentir muito bem. Eu tive de fingir menos quando eu realizei o meu sonho.

Meu perfil sempre foi perfeito para as revistas de fofocas. Garoto brasileiro, nascido na periferia, com uma carreira que disparou rapidamente com filmes de ação, vivendo intensamente todas as noites em baladas e "hotéis". Os jornalistas vão a loucura. O perfil feito por eles não era nenhum tipo de bom exemplo. Aquele que as revistas montavam, definitivamente não era um bom pai.

Os Três DesejosWhere stories live. Discover now