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Henry Harrington era um homem lindo, sem duvida. Embora eu não sentisse nada por ele, a não ser um sentimento intensamente fraternal, precisava admitir que ele fosse realmente atraente com seus cabelos castanhos lisos e iluminados, os olhos azuis intensos, porte elegante e muito charmoso. Eu não era cega. As moças me invejavam, se matariam para ser a Sra. Harrington ou ter uma pequena atenção dele. Além disso, ele era um homem inteligente, educado e simpático. Eu mesma adorava passar horas conversando com ele, afinal, sabia sobre tudo e não era um homem de mente fechada para sua época. Talvez fosse isso que fizesse dele um negociador tão brilhante e respeitável. E para completar, Henry era um homem íntegro e determinado, e não podia deixar de admirá-lo.

Entretanto, mesmo ele sendo o homem perfeito para me fazer feliz, eu não conseguia amá-lo como queriam, desejá-lo como deveria ser. Apesar de me sentir bem ao seu lado e muito segura, quando ele me tocava, eu era tomada de uma repulsa incrível, o que ele entendia como timidez de uma mulher virgem.

Naquele jantar, ele estava lindo e mostrava-se tão apaixonado por mim, que eu me sentia culpada. Desejava retribuir tamanho sentimento e devoção, porque eu sabia que eram sinceros, mas eu não podia, jamais conseguiria. Apenas poderia lhe corresponder com meu carinho e gentil afeição, nada mais.

- Eles chegaram – minha mãe avisou ansiosa, e levantou-se para receber os Condes de Huntingdon.

Todos ali presentes, os aguardavam com ansiedade. Muitos dariam o braço para tê-los como amigos, afinal eram ricos, possuíam um título e eram influentes. Meus pais possuíam esta vantagem e não porque fossem bons ou gentis, mas quem não gostaria de ter como amigo, um banqueiro?

Então eu a vi. Ela surgiu perfeita e linda, completamente dona de sua beleza angelical e perturbadora. Surgiu detrás dos condes com seu vestido simples, escuro, até um pouco fora de moda, mas que não omitia sua beleza singular. Em minha mente eu desenhava seus gestos, delicados e inseguros. Meu olhar se prendeu nos olhos muito verdes e tristes, em sua pele delicada, nos lábios rosados que estavam crispados de ansiedade no momento. Os cabelos loiros estavam escondidos debaixo da touca, e apenas alguns fios brilhavam como a luz do sol. Eu poderia pintá-la naquele momento, que não faria jus ao tamanho esplendor de sua existência.

- Quem é ela? – perguntei a Henry, sem tirar os olhos da moça.

- Aquela é Anne Handerson, a filha caçula dos condes.

Eu não conseguia tirar os olhos dela. Meu coração bateu forte quando nossos olhares se encontraram. E como mágica eu soube que ela também havia me notado.

- Eu não a conhecia – murmurei para ele.

- Ela não debutou. Anne está destinada ao convento – contou-me.

Minha boca secou e ela desviou o olhar, nervosa. Eu soube que minha vida jamais seria a mesma depois de encontrá-la.


Sublime - Conto Erótico e LésbicoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora