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Não dormi naquela noite. Desenhei o rosto de Anne por horas. Conseguia lembrar atentamente de seus traços, desde os olhos, os cachos de seus cabelos, a curva de seu pescoço. Ela era tão frágil que se eu tocasse, temia que pudesse quebrá-la. Eu reproduzi todas as suas formas como poesia que se tinge no papel, através de traços apaixonados. Ela era linda e eu ficava excitada cada vez que me recordava de seus gestos, do modo como ela me olhava, mesmo tímida, ela me queria.

Eu podia sentir isso.

Ninguém antes havia me despertado tanta paixão e luxúria. Eu morreria se não a tocasse, e se não experimentasse do sabor de sua pele, se não sentisse sua respiração contra mim, sua boca se abrindo para me receber. Eu ansiava por saber se sua pele era quente e que efeito causaria em mim quando me tocasse. Deixei o bloco de lado e beijei o desenho que fiz de seus lábios. Imaginei como seria desenhar a paixão através de seus olhos, depois de sentir o sabor de seus gemidos.

Meu corpo inteiro queimava de desejo como nunca antes. Levantei-me de minha escrivaninha e dancei pelo quarto como uma tola, como se novas musicas soassem aos meus ouvidos de forma mágica. O que era isso, meu bom Deus? O que era esse tormento que me assolava e fazia de mim, uma ingênua apaixonada?

Com a ponta dos dedos sujos de carvão, tirei minha camisola e dancei nua. Tentava sentir minha pele, como se fosse Anne me tocasse, ou que eu imaginasse estar tocando-a com ansiedade para que fosse minha. Eu podia vê-la entrar em meu quarto, sorrateira em meu delírio, presa em minha fantasia. Anne se aproximava de mim, tímida, olhando-me com aqueles olhos verdes que me enfeitiçaram. Eu não pude impedi-los de me seduzir.

Ela me empurrava até minha cama e eu me deitava à espera do que viria a seguir, inquieta e excitada. Ajoelhava-se e abria minhas pernas delicadamente, subindo suas mãos pequenas pelas minhas coxas, deixando-me louca de paixão. Eu fechava os olhos e podia sentir a gema de meus dedos em meus clitóris, mas na verdade, eu queria que fosse a língua macia e aveludada de Anne.

E eu subia e descia meus dedos. Subia e descia... Subia e descia...

A paixão tomou conta do meu ser e eu comecei a gemer perdida nos devaneios puros e ardentes. Movimentei-me com mais volúpia, meus quadris se arrastando pelo lençol à procura de alívio para a minha paixão, até sentir o gozo de meu secreto desejo.

Eu cobiçava Anne como jamais havia desejado ninguém.

Algo proibido que a sociedade jamais aceitaria.

Como alguém poderia entender aquilo? Eu não sabia explicar o que acontecia, Anne havia despertado algo dentro de mim que eu não acreditava que existisse. Eu podia querer alguém realmente, eu podia ansiar por outra pessoa, e ser eu mesma. Sim, ao ver Anne, eu era Elise apenas, ninguém mais. Eu não precisava ser a filha ou a irmã perfeita, nem a noiva de Henry, muito menos a dama que a sociedade achava que eu deveria ser.

Encontrar Anne foi como reencontrar parte de mim, que eu havia perdido entre as exigências sociais. Eu ri rolando na cama e peguei novamente o desenho e acariciei seus traços. Anne era o símbolo de minha verdadeira felicidade, o motivo pelo qual eu existia no mundo.

Sublime - Conto Erótico e LésbicoKde žijí příběhy. Začni objevovat