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Henry veio até Monbray despedir-se. Quando me beijou levemente, foi em Anne que pensei e lágrimas vieram aos meus olhos. Eu chorava por Henry, por mim e por Anne. Minha infelicidade causaria a tristeza de muitos e eu me sentia culpada. Eu não poderia amar Henry como ele esperava e não poderia ser amada por Anne como queria.

- Logo será nosso casamento, a primavera está aí – ele disse enxugando minhas lágrimas.

- Eu sei... – eu o abracei.

Como eu queria que as coisas fossem diferentes. Eu queria sentir por ele aquela paixão que ele sentia por mim. Não existia uma maneira de transferir sentimentos? Se pelo menos, eu o desejasse, mas não era possível e isto estava se tornado um tormento para mim.

Subi para meu quarto e tentei desenhar Henry, eu o fazia, mas não havia nada de sublime na reprodução da imagem. Eu queria mais! Amassei o papel e o joguei longe. Ouvi batidas na porta. Quem seria àquela hora da noite, quando a madrugada avançava, levando meu sono embora?

- Entre – eu disse.

Era Anne.

Ela trazia consigo uma vela, e usava seu camisolão e seus cabelos loiros estavam soltos, como cachos dourados que deslizavam pelas costas. Ela deixou a vela sobre o móvel e se aproximou de mim. Meu coração batia descompassado e eu a fitava, apreensiva.

- Precisa de alguma coisa, senhorita? – perguntei tentando esconder meu nervosismo.

- Srta. Lewis – ela hesitou – Eu... Eu... Preciso lhe pedir desculpas.

- Não precisava ter pressa, poderia ter feito isto pela manhã – eu precisava esconder-me dela, não podia demonstrar que a queria mais que qualquer outra coisa na vida.

- Não podia, eu não conseguia dormir e vejo que a senhorita também não – ela olhou para os desenhos dispostos sobre a escrivaninha.

Ela se aproximou do móvel e pegou o desenho de Henry.

- Seu noivo é um homem muito bonito – ela deixou o papel no lugar – A senhorita o ama?

- Não sei que diferença isto faz para a senhorita – respondi.

Ela voltou-se para mim:

- Faz toda a diferença... – meu coração bateu acelerado quando ela voltou para perto de mim e prosseguiu – Peço desculpas pelo modo como sai esta tarde do salão – repetiu.

Abaixei o olhar para a minha mão. Não queria demonstrar o quanto a atitude dela havia mexido comigo e expor meus sentimentos secretos e indecentes. O que a sociedade diria se soubesse que eu estava apaixonada por outra mulher? A própria Anne me colocaria para fora dali aos berros. Seria um escarcéu!

Anne tocou meu queixo com a ponta dos dedos e me obrigou a encará-la. Meu corpo inteiro sentiu uma descarga morna de prazer com aquele toque suave. Engoli seco, enquanto mergulhava na intensidade de seus olhos.

- Quando vi aquele desenho... – ela murmurou – Eu vi o mesmo sentimento que sinto secretamente...

Eu não podia acreditar no que ouvi. Ela se aproximou mais, e lentamente seus lábios tocaram os meus. Ela tremia, eu podia sentir. Imediatamente, meu corpo ficou febril e eu a beijei também.

Ela se afastou depressa e uma lágrima escorreu por seu rosto.

- Mas eu não posso – ela disse e soluçou contendo o choro, antes de virar-se e partir do quarto, tão depressa quanto entrou.

Era um amor proibido, um segredo escondido e eu não sabia aonde aquilo ia me levar. Toquei meus lábios que ainda sentiam o sabor dos dela. A única coisa que eu sabia, era que eu estava feliz.

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Sublime - Conto Erótico e LésbicoWhere stories live. Discover now