No fim, tudo ficou bem

4.9K 489 12
                                    


-Chen On-

Eu estava nervoso. O Min me olhava como se estivesse chateado e tudo o que eu mais queria era bater no Kyungsoo por ter feito nosso dia-pós-amor começar tão torto. Poxa, eu nem tive tempo de admirar o Min acordando e abraçado comigo!
-Chen, o que você quer? Está me assustando. - Min perguntou e interrompeu meus pensamentos. Fiz gesto para que ele se sentasse no sofá e assim que o fez, respirei fundo.
-Min, eu estou irritado. - falei e ele revirou os olhos. - Eu sei que é óbvio, mas preciso explicar tudo. Eu realmente te amo, não estou brincando. Queria ter acordado com você ao meu lado e depois te levar café na cama, sem pressa, sem brigas e só carinho. Mas ai o idiota do Kyungsoo começou a tocar a porcaria da campainha e estragou tudo! - despejei e ele começou a rir. - Por que está rindo?
-Primeiro porque você começou todo romântico e agora está dizendo "porcaria" e "idiota". - ele explicou rindo.
-Aish Min! Eu estou tentando ser sério e você fica rindo. - tentei ficar sério, mas acabei rindo com ele.
-Enfim... O que você queria conversar comigo? - ele perguntou tentando acalmar a gargalhada.
-Que eu te amo e sinto muito ciúme de você com o Kyungsoo. - declarei e ele sorriu.
-O Kyunggie e eu não temos nada, somos apenas amigos. - ele falou e segurou minha mão.
-Eu acho que estou assim, porque eu vi que poderia te perder. Sabe Min, o maior medo da minha vida sempre foi que você se afastasse. Acho que você sabe disso, porque sempre tentou ficar perto de mim e isso me deixou mal acostumado. - confessei e abaixei. Ele riu e bagunçou meu cabelo.
-Sou seu hyung, é claro que eu perceberia.
-Eu sei, eu sei. Min... Sabe, essa noite teve um significado muito grande pra mim e... Bom... Aish, estou nervoso! - praguejei e ele riu. A risada dele era tão gostosa. - Vamos tentar de novo. Min, eu quero que você seja meu namorado. - declarei e o olhei. Ele tinha o sorriso mais lindo do mundo.
-Pensei que além de ter sido o primeiro a me declarar, ainda teria que ser o primeiro a pedir o namoro. - ele brincou e eu ri.
-A partir de hoje tentarei ser o primeiro e te deixar feliz em tudo. Desculpa mesmo por eu ter sido tão lerdo...
-Está tudo bem agora, ChenChen. Só quero te pedir uma coisa.
-O quê?
-Seja mais compreensivo com o Soo, ok? Ele estava alterado por ter me visto chorando ontem, acho que ele não estava preparado pra isso e mesmo assim tentou me consolar. - ele explicou e eu sorri.
-Min, como você gosta de mim? Eu, que sou tão egoísta. - perguntei e ele se inclinou, deixando nossos rostos próximos.
-Eu te amo, seu bobo. Isso não começou ontem e nem hoje. Conheceço todos os seus defeitos e os amo. Por isso, não precisa brigar com ninguém e apenas seja esse menino amável que você é com as pessoas. - ele pediu e me deu um selinho.
-Tem razão. Min, vamos tomar banho? Você precisa trabalhar. - lembrei e ele concordou.
O deixei tomar banho primeiro, porque se fôssemos juntos, demoraríamos. Fiquei pensando no que o Min me pediu e decidi que tentaria ser mais amigável com o Kyungsoo. Eu tinha me dado bem com ele nos primeiros dias até o ciúme começar a me perturbar, então só precisava parar de graça e tentar voltar a agir como se nunca tivesse tido vontade de bater nele.
Olhei a hora no celular e vi que tinha uma mensagem no grupo que eu estava com os meus amigos. Jongin, Suho e Kris perguntavam se o Kyungsoo tinha vindo aqui em casa e como ele estava. Respondi que veio e que estava alterado. Jongin começou a perguntar se brigamos e mais um monte de coisa. Uma ideia surgiu na minha cabeça.
-Que sorrisinho é esse? - Min perguntou saindo do banho.
-Min, o Kyungsoo e o Jongin estão namorando de verdade? - indaguei.
-Não que eu saiba. Eu os ouvi comentarem algo sobre namoro de mentira, mas não entendi até agora exatamente o que foi. - ele respondeu e parecia sincero.
-Jongin esteve aqui ontem e me jogou umas verdades na cara, mas sabe o que me deixou intrigado? - perguntei e ele fez que não. - Ele defendendo o Kyungsoo. Eu lembro que eles viviam trocando patadas e do nada ele começou a defendê-lo muito. Agora mesmo no grupo ele estava perguntando se o Kyungsoo esteve aqui e como ele estava.
-O que você respondeu?
-Que ele estava alterado.
-Além disso, ele parecia estar se sentindo mal. Acho que não deu pra você ver, porque eu estava na frente.
-Parando pra pensar nisso, ele tinha estreitando os olhos como se estivesse com dor de cabeça. Será que ele estava passando mal? - questionei e olhei a hora. - Nossa, faz todo o sentido. Essa hora estaríamos na escola e pra ele ter passado aqui de uniforme, fora do horário e ainda estreitando os olhos...
-Só pode significar que ele está mal. - Xiumin concluiu e eu concordei. - Estou preocupado agora, vou ligar pra ele. - falou e foi atrás de seu celular.
Eu avisei que iria tomar banho logo e ele concordou. Confesso que também fiquei preocupado, porque lembrei que meu pai tinha comentado que o paciente dele ainda não estava 100% quando saiu do hospital e que se preocupava que ele pudesse estar se forçando muito. Meu pai tinha cuidado do Kyungsoo quando os pais o espancaram e por isso sabia melhor do que ninguém o estado de saúde que o baixinho se encontrava. Saí do banheiro e Xiumin estava afobado.
-Min, o que houve? - perguntei e ele me olhou com os olhos marejados.
-Eu liguei pro Kyunggie, ele me atendeu e disse que estava indo ao oftalmologista pra resolver o problema do seu óculos, porque estava com uma dor de cabeça muito forte e então ele parou de falar. Eu continuei ouvindo barulho dos carros na rua, mas ele não fala mais nada. - ele contou e eu o abracei.
-Min, vamos manter a calma. Eu estava temendo algo assim enquanto tomava banho. - confessei e ele se soltou de mim, para poder me fitar.
-O que você quer dizer com isso? - perguntou preocupado.
-Meu pai disse que o Kyungsoo não estava 100% e que temia que ele se forçasse demais...
-Ai caramba! O Kyunggie se esforça muito! Ele acorda muito cedo e a rotina dele é cansativa demais. Aí Chen, e se algo tiver acontecido com ele? - questionou.
-Min, tenta ligar pra ele de novo e... - o celular do meu melhor amigo/namorado tocou. Ele atendeu correndo.
-Kyunggie?... Quê?! - ele gritou e eu me assustei. - Leve-o pro hospital mais próximo e diga que ele é paciente do doutor Kim Jung Na. Ok, estou indo pra ai o mais rápido possível.
-Min, o que houve? Por que o está levando pro hospital que meu pai trabalha?
-O Kyunggie desmaiou na rua e uma menina estava tentando ajudar. Ela ligou pro primeiro contato que viu e não foi atendida, então ela ligou pra mim.
-Pegue suas coisas, Min. Vou ligar pro meu pai e nós vamos pro hospital. - falei e ele concordou.
Min pegou suas coisas e eu liguei para o meu pai avisando que o Kyungsoo estava a caminho do hospital. Expliquei o que aconteceu e meu pai me acalmou dizendo que fora o cansaço que tomou conta do Kyungsoo, que eu não precisava me preocupar. Pedi que me ligasse caso ele chegasse primeiro que eu e assim desliguei.
-Vamos, Min. Meu pai falou que não é nada grave, só o sono. - avisei, mas mesmo assim nós dois ainda estávamos tensos.
Pegamos o táxi e junto dele, um bom trânsito. Min ficava cada vez mais nervoso e eu tentava acalmá-lo. Depois de meia hora no táxi, conseguimos chegar ao hospital e corremos para a recepção, quando esbarrei com a minha mãe.
-Mãe, onde está o papai? - perguntei.
-Ele acabou de cuidar do seu amigo e estava o acompanhando para a ala de oftalmologistas que tem aqui no hospital. - ela explicou.
-Tia, o nosso amigo está muito mal? - Min perguntou atrás de mim.
-Não. Ele está bem. Quando ele acordou, explicou que enquanto ia pra escola, hoje, bateu com a cabeça e mesmo após o remédio, não adiantou nada. Enquanto ele andava na rua, acabou desmaiando de dor.
-Isso não é grave, mãe?
-Poderia ser, mas quando ele disse que tinha problema de vista, entendemos a situação. Ele ainda está em um período de adaptação difícil. Ele não está só se adaptando a rotina, como também ao fato de ter sido rejeitado. Isso causou um estresse mental. Imagina só: acordar cedo, estudar, trabalhar, estar com a vista ruim e ainda tentando se acostumar com o fato dos pais o terem expulsado. É muita coisa pra uma pessoa pequena como ele. - ela explicou e colocou uma mão no meu ombro e a outra no do Xiumin. - Ele vai poder voltar pra casa ainda hoje. Não foi nada grave, ele só precisa realmente dormir. Depois do exame de vista ele será liberado, então não se preocupem ok?
-Ok... - Min e eu respondemos juntos.
-Ótimo. Vou levá-los até ele. - ela avisou e nos puxou para segui-la.

-Kyungsoo On-

-Menino, como você ficou tanto tempo sem usar óculos?! Tem sorte de ter sentido essa dor de cabeça agora, porque seu problema de vista é grave. Seu grau é alto! - o médico brigava comigo.
-Eu sei que é alto, mas eu não tinha tempo. Eu estava indo ao oftalmo hoje, quando acabei desmaiando. - expliquei e os dois médicos reviraram os olhos.
-Sun Ja, pode mandar fazer um óculos pra esse garoto. Eu vou pagar e peça urgência. - o médico que cuidara de mim desde o dia que o Kris me levou àquele lugar falou.
-Não precisa, eu posso pagar. - falei.
-Mas eu quero fazer isso. Você é um amigo precioso pro meu filho e eu quero retribuir. - ele falou e eu fiquei confuso.
-Seu filho? - perguntei.
-Sim. O...
-Kyunggie! - ouvi me chamarem e olhei para trás. Min, Chen e uma médica estavam parados na porta.
-Min? Como sabe que...
-Kyunggie! Você está bem! - Xiumin entrou na sala e me abraçou. Eu tinha ficado de pé assim que os vi.
-Estou sim. Calma, Min. O Chen vai ficar com ciúmes. - sussurrei a última frase para que somente o mais velho ouvisse.
-Kyungsoo, quer nos matar do coração? Ficamos desesperados quando ligaram pro Min falando que você tinha desmaiado! A sorte que você estava perto do hospital que meus pais trabalham! - Chen falou. Ele parecia realmente preocupado. Sorri.
-Ah, então você que é o filho do doutor Kim Jung Na? - perguntei soltando o Min.
-Sim. Com tudo o que aconteceu, acabei esquecendo de comentar. Desculpe, Kyungsoo. - ele pediu coçando a nuca. Ele parecia realmente arrependido e eu sorri.
-Tudo bem, Chen. - concordei e sorrimos.
-Minseok, Jongdae, vou dar umas instruções pra vocês e preciso que se assegurem que o Kyungsoo vai obedecê-las ta? - o médico/pai do chen falou.
-Pode deixar pai, vamos fazê-lo ficar nos eixos. - Chen concordou.
Depois de várias instruções sobre não me deixar estressado, sobrecarregado, cansado e tudo mais que terminasse com "ado", conseguimos sair. Meu óculos chegaria na sexta, porque pediram emergência e eu ainda me sentia mal por ter alguém pagando tudo por mim. Nos despedimos dos médicos e fomos esperar o táxi que a mãe do Chen tinha mandado para nos pegar.
-Gente, me levem pra qualquer lugar que não seja minha casa. - pedi e eles me olharam confusos.
-Mas... - Xiumin foi interrompido pelo celular. - Já volto.
-Ficou maluco? Meu pai foi bem claro e você precisa descansar. Você tem que ir pra casa e dormir. - Chen falou.
-Eu sei, mas o Baekhyun vai fazer a prova pro Colégio amanhã e se eu chegar em casa agora, dizendo que desmaiei na rua e fui parar no hospital, o Baekhyun vai ficar nervoso. - expliquei.
-Amanhã você sabe que não pode ir pra escola né? - ele perguntou e eu fiz que sim.
-ChenChen, pode me ajudar na cafeteria hoje? Meu pai e minha mãe precisam sair e não querem fechar a loja. - Xiumin apareceu.
-Posso sim, Min. Vamos todos pra cafeteria então. - Chen falou e o táxi chegou.
-Primeiro vamos deixar o Kyunggie em casa...
-Não, Min. O Kyungsoo vai com a gente.
-Mas...
-O Baekhyun vai fazer a prova amanhã e ele não quer preocupá-lo. - Chen explicou e eu me surpreendi. Ele parecia ter sido contra a ideia de eu não ir para casa, mas parece que ele entendeu a lógica.
-Ah... Então vamos logo. E Kyunggie, você não vai fazer absolutamente nada! - Xiumin decretou e eu concordei.
Depois de fazê-los prometer que não iriam contar para ninguém o que aconteceu, seguimos para a cafeteria. Os dois pareciam estar bem e eu fiquei feliz. Estava realmente com medo que Chen não correspondesse aos sentimentos do Min e ele sofresse mais. Chegamos à cafeteria e fomos almoçar, depois os pais do Min se despediram da gente e saíram.
-Vou ligar a máquina pra fazer o café. - Min avisou e eu fui sentar em uma mesa vazia. A loja estava com os clientes que já tinham sido atendidos.
-Min, você sabe torrar café? - Chen perguntou animado.
-Sei sim. - o mais velho se animou também e ligaram a máquina.
Jogaram os grãos de café no aparelho e ligaram para que começasse a torrar. Ficaram conversando distraídos, quando sentiram um cheiro de queimado e se desesperaram.
-Ahhh estamos queimando os grãos! - Chen falou afobado.
-Precisamos desligar isso!
-Desliga Min, desliga!
-Onde fica esse botão de desligar? - Xiumin procurava desesperado e eu não sabia o que fazer, porque nunca tinha mexido naquele troço. - Ahh acho que é aqui! - ele comemorou e apertou um botão. A máquina parou de fazer barulho.
-Ufa! - Chen e eu falamos juntos.
-Aish! Ufa não! Era pra portinha ter aberto pra gente pegar os grãos! - Xiumin praguejou e continuou a mexer. - Ahhh não quer abrir.
-Min, será que quebramos a máquina?! - Chen perguntou preocupado..
-Se isso aconteceu, meus pais vão quebrar a gente! - Min falou e a situação seria engraçada, se meus amigos não estivessem realmente desesperados.
Levantei de onde eu estava e comecei a ajudá-los. Depois que apertamos todos os botões, a porta se abriu e provou que a máquina não estava quebrada. Nós 3 suspiramos aliviados. Min mandou que eu fosse para o seu quarto descansar um pouco, mas eu não queria ir. Quase fui arrastado pelos dois, então fui vencido e quando deitei na cama do Min, apaguei. 

Exo ColegialOnde histórias criam vida. Descubra agora