Aula de natação (EDITADO)

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A semana parecia transcorrer em um ritmo cada vez mais lento. Pior ainda era se pensar que só havia passado um único dia. Talvez estivesse me sentindo entediado por não conhecer muitas pessoas em Chicago.

Levou uma eternidade para que a terça-feira chegasse ao fim. Durante o período de aula não vi Ashley em qualquer lugar e acabei me contentando em dividir a mesa em que estava com o meu irmão e o grupo que aparentemente estava com ele. Não foi muito legal, mas pelo menos evitou que eu me sentasse sozinho. Tanto que ele ainda tentava me incluir em suas conversas. Parecia um pouco rude da minha parte, mas agradeci quando o intervalo acabou. Não me senti confortável na presença deles, principalmente por entrarem em assuntos desagradáveis.

***

Desde o momento que havia feito a matrícula, aguardava pela quarta-feira. Quando tinha 13 anos tinha feito algumas aulas de natação, mas depois de um tempo resolvi parar. Ainda era um moleque bobo e gostava de gastar meu tempo jogando video game ou bola na rua com os moleques. Eu ainda não apreciava tanto assim pra continuar na rotina das aulas. Com o tempo fui percebendo que sentia falta de praticar e pensava em como introduzir isso nas nossas conversas de família, mas agora não tinha nenhum empecilho para que eu não voltasse a ativa. Trevor nunca foi muito chegado, tanto que até hoje ele ainda não sabia nadar...

A aula de natação começaria hoje e ainda não sabia como seguiria ou se precisaria comprar algo desde agora, porém estava extremamente agitado com a possibilidade de voltar a nadar. Fazia dois anos que sentia vontade de retornar a esses tempos.

Dessa vez Trevor me deixou dirigir e ainda não sabíamos para qual dos dois o Porsche viria. Ambos tentávamos impressionar, desde então, a Thomas que sabia exatamente qual era o nosso plano e vivia nos testando. Eu sabia que de um jeito ou de outro não cederia de forma alguma... Faltava menos de um quarteirão até o prédio e sentia os nós dos meus dedos formigarem ao passo que apertava o volante.

Minutos depois já víamos a edificação. A fachada era composta de tijolos aparentes e gesso em locais mais proeminentes, já a entrada, em especial a porta, era puro vidro com alguns retoques nas bordas. Se me lembro bem, por alguns locais que andei, existiam áreas abertas, pois possuíam arborizavam e estas eram ligadas por caminhos feitos de pedra, já em outras que o chão era nivelado, era liso com rampas para tornar mais acessível aos cadeirantes. Tudo era projetado tendo em vista o uso que posteriormente também seria feito por portadores de deficiência. Havia uma certa preocupação... Mas, evidentemente se manter aqui não era nada fácil.

É impossível negar que a mensalidade é absurdamente alta, mas recursos não faltam a nossa disposição. Quando digo que o prédio é gigante, não é nenhum exagero, muito pelo contrário. Existem diversos tipos de espaços abertos ou fechados para práticas de esporte. Laboratórios, salas, enfim. Ainda existem coisas que me surpreendem aqui. Acabei descobrindo que o colégio fornece um programa de bolsas variadas e que boa parte dos alunos da instituição são beneficiados por ela. Ricos ou não. Ambos são favorecidos. O programa é de domínio público e os alunos com menos condições passam por seleções e os que se destacam em algum talento do qual possa ser de utilidade são aceitos conseguindo bolsas de até 100%. Não posso mentir. Quero fazer natação procurando me beneficiar disso assim como vários outros.

- Acha que vai conseguir se destacar, Tayler? - Ele ajeita a alça da mochila sobre o ombro e me lança um sorriso travesso enquanto atravessamos o portal de entrada. - Soube que só tem feras matriculados na sua turma.

- Não começa. - Lhe fuzilo com o olhar.

Ele balança a cabeça rindo sem controle, algumas pessoas que passam por nós estranham. Trevor é um pouco mais alto que eu e possui mais músculos também. Ainda somos gêmeos, mas o estilo de vida que cada um leva acaba por diferenciar-nos. Ele tem uma tatuagem que começa do pescoço e desce até o peito, tem alargadores pretos nas orelhas e costuma usar calças rasgadas e camisas que o deixam mais a vontade, fora o piercing na sobrancelha. Sua principal característica é o fato de não se importar nem um pouco com a opinião dos outros e olha que costumam ser extremamente rudes. Ele caminha de forma confiante sem nem uma única vez olhar para os lados, enquanto a mim, sigo um pouco mais atrás desviando o olhar de algumas pessoas por vezes. As únicas pessoas pelas quais ainda demonstra algum respeito, esses são os nossos pais. Devo admitir que seja um tanto rebelde, mas nunca os desobedeceu pra valer, não quando o assunto era muito sério.

Em Pedaços (Romance Gay)Where stories live. Discover now