Encarando o passado

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- Como não sabem nada sobre ela?

- Senhor, por favor, acalme-se. - Pediu uma das funcionárias.

Faz muito tempo que cheguei ao orfanato e de todos que tentei obter informações me responderam da mesma forma: Ela esteve aqui procurando pelo senhor, mas não deixou nenhum número ou endereço. Isso já está me cansando. Procuro a moça se não posso falar com a diretora do orfanato e ela me indica a direção da sala onde ela está. Kevin me acompanha, ele está apertando minha mão para que eu não perca a cabeça. Bato na porta e em seguida entro sem ter uma autorização. A senhora me encara ao ver a forma grosseira que invadi sua sala.

- Posso ajudar? - Pergunta tirando o seu óculos para o limpar.

- Sim. Gostaria de saber se uma senhora chamada Kendra que veio ao orfanato procurando por Tyler e Trevor Campbell deixou algum número, endereço, recado ou algo do tipo para entregar a eles. - Digo.

- De acordo com os registros sim, mas não fui informada se deixou algo. - Respondeu. - Se perguntou aos funcionários antes de vir aqui e a resposta deles não fora a esperada então creio que não a conseguirá comigo. Ainda não saí da sala para verificar o orfanato, estou com algumas transferências para analisar. - Falou de forma arrogante.

- Obrigado. - Estava frustrado, essa era a minha única alternativa.

Ao deixar a sala quase esbarrei em uma garota, ela estava com uma roupa de faxineira. Ela me olhava espantada e pela forma que nos encontramos foi fácil de perceber que ela havia ouvido a conversa. Muito esquisito alguém se comportar assim.

- Você estava ouvindo a conversa? - Perguntei.

- Me desculpe. - Falou de forma desajeitada. - Iria começar meu trabalho quando você falou da D.Kendra. Ela me deixou um papel para entregar ao senhor.

- Um papel? - Perguntei.

- Sim, aqui está. - Ela me entregou o papel e fui abrindo-o rapidamente. - Não sei por que, mas me pediu sigilo. Ela respondeu todas as perguntas que lhe foram feitas, mas não quis deixar um número de contato.

- De qualquer forma, obrigado. - Lhe dei um abraço e puxei a mão de Kevin.

- Estranho a sua avó não ter deixado um número, não acha? - Kevin me procurou.

- Um pouco. Talvez não queira que a responsabilizem pelo fato de meu irmão e eu termos ido para em um orfanato aos dez anos quando ainda tínhamos parentes vivos. - Bem que podia ser isso mesmo.

Já estávamos na estrada novamente. Peguei o papel e comecei a discar os números, onde abaixo deles estava escrito: "Kendra Campbell". Por um momento pensei em encerrar a ligação e fingir que nada disso aconteceu de fato, mas não o fiz. A necessidade de apagar o acidente da minha cabeça me fazia manter o foco.

- Alô? - A voz era firme. Minha suposta avó apenas pela voz parecia ser uma pessoa bem decidida e pela carta, sentimental também.

- Alô! Kendra... - Travei. - Kendra Campbell?

- Sim. Quem está falando? - Perguntou.

- Sou eu, o Tyler. - Respondi.

- Tyler! - exclamou. - Havia esquecido de mandar meu número e não sabia quando iria me procurar, então mandar outra carta não serviria. Acreditei que o primeiro lugar que procuraria por mim seria no orfanato, por isso deixei meu número com aquela faxineira e você deve saber o motivo. - Disse, notei que sua voz mudou um pouco no final da frase.

- A senhora poderia me passar seu endereço? - Perguntei.

- Não estou em casa... - Disse. - Queria muito ver seus pais.

Em Pedaços (Romance Gay)Where stories live. Discover now