Capítulo 01

790 31 12
                                    

Um Amor Inesperado -
Capítulo 01 -

Já passava das sete horas da noite. José e Mercedes estavam conversando no escritório da mesma em sua casa.
Mercedes: Acho que está mais que na hora de dizer a verdade a Marina. Eu não aguento mais tê-la apenas assim, como uma quase completa desconhecida. - exclama cabisbaixa
José: A senhora está certa dessa decisão? Sabe que corre o risco da Marina despreza-la.
Mercedes: Eu sei, porém tê-la apenas como sócia já está me cansando. Eu não aguento mais ter que conviver desta forma. Eu não encontro a Magdalena e, com a Marina eu não posso me aproximar como quero por medo. Uma hora preciso criar coragem e dizer a verdade.
José: E a dona Beatriz, será que ela concorda?
Mercedes: Ela tem que concordar. Ela sabe que sou a verdadeira mãe da Marina e que uma hora ou outra a verdade terá que vir a tona, principalmente se um dia eu encontrar a Magdalena. A semelhança entre elas deve ser absurda e, eu não poderia negar diante delas duas juntas, ou até mesmo se qualquer pessoa pergunte sobre ambas, mas preciso conversar bem com a Beatriz.
José: Eu irei lhe apoiar na decisão que tomar senhora Mercedes.
Mercedes: Obrigada por todo o seu apoio em todos esses anos, José. Você é a única pessoa em quem confio plenamente. - sorrir levemente
José: E continuará confiando, pois sempre lhe serei fiel.
Mercedes: Obrigada!
José: Agora preciso ir, irei regressar ao povoado ainda hoje.
Mercedes: Vá de helicóptero. - pede
José: Não posso, tenho que ir de carro, como irei me locomover por lá?
Mercedes: Havia me esquecido desse detalhe. Então vá com cuidado. A estrada é perigosa.
José: Não se preocupe.
Mercedes: Amanhã estarei lá. Quero conversar com a Beatriz sobre essa minha decisão.
José: Irá à noite?
Mercedes: Sim, eu irei à noite, porém cedo, pois eu quero voltar amanhã mesmo.
José: Então estarei a sua espera no local de sempre.
Mercedes: Está bem. - sorrir levemente
José: Boa noite, senhora Mercedes. - lhe beija a mão
Mercedes: Boa noite, José. E, por favor, me mantenha informada de tudo.
José: Pode deixar. Manteremos contato.
Eles se despedem e José pega a estrada em regresso ao povoado Nuestra Señora Del Mar.
José: Se ela soubesse o quanto a amo. O quanto sofro ao vê-la nesse desespero, nesse sofrimento. Sinto-me de mãos atadas. - diz a si mesmo enquanto dirige.
Após algum tempo, ele chega ao povoado. Ele se encaminha para sua casa e logo adormece pensando em Mercedes.
No dia seguinte, Beatriz desperta decidida a contar a verdade a Marina. Algo dentro de seu coração lhe pedia a gritos que dissesse a verdade, e decidida a fazê-lo, ela se levanta, faz sua higiene e vai para a cozinha, onde prepara o café da manhã para ela e para Marina que ainda não levantara.
Após minutos, Marina chega à cozinha.
Marina: Bom dia mamãe. - sorrir a beijando
Beatriz: Bom dia minha filha. - sorrir
Marina: Como dormiu?
Beatriz: Bem, graças a Deus. - sorrir levemente - E você?
Marina: Também.
Beatriz: Marina minha filha, a gente precisa conversar. - diz
Marina: Sobre o que mamãe? - indaga
Beatriz: Eu preciso te contar um segredo ao qual já não posso ocultar.
Marina: Do que se trata, mamãe?
Beatriz a olha com os olhos marejados e Marina se preocupa.
Marina: O que foi mamãe? Por que está chorando?
Beatriz: Eu sei que deveria ter dito antes, porém tive medo, muito medo de te perder, mas não posso mais ocultar essa verdade que você necessita saber, mesmo sem ao menos desconfiar.
Marina: A senhora está me assustando, mãe, do que se trata? - indaga preocupada
Beatriz: Marina, você não é minha filha de verdade. Você é adotada.
Marina: O que? - indaga perplexa e a olhando
Beatriz: Você é filha do seu pai, porém com outra mulher, e não comigo. - diz chorando - Mas eu te amei desde o dia que você chegou a casa, você preencheu meu vazio, e o vazio do seu pai.
Marina: Como assim eu não sou a sua filha? Como a senhora teve coragem de me esconder isso durante todos esses anos? Eu precisava saber mãe. - diz irritada e ainda perplexa
Beatriz: Eu não tive coragem de te dizer minha filha, eu tinha medo da sua reação, de que você me desprezasse ao saber a verdade, porém hoje eu acordei disposta e, preferi te dizer toda a verdade.
Marina: Eu não posso acreditar. Como você teve coragem de me aceitar sabendo que sou filha de outra mulher com o homem que era seu marido? Eu sou fruto de um adultério. - diz chorando
Beatriz: Eu te amei desde quando seu pai te trouxe. E não é tão adultério assim, seu pai se envolveu com ela quando ainda estávamos noivos, porém ele a deixou e ficou comigo, após meses ele chegou com você nos braços, e quando eu te vi, foi amor à primeira vista. Eu jamais poderia dá filhos ao seu pai, e você preencheu as nossas vidas, iluminou nossos olhos, nossa casa. Eu te amo, minha filha, e mesmo você não sendo minha filha de sangue, é como se fosse, e por você eu daria a vida.
Marina: Mãe, eu te amo, e mesmo eu sendo filha de outra, não me interessa, eu sou e sempre serei a sua filha. Não interessa quem foi essa mulher quem praticamente me abandonou, foi você quem me criou quem me amou, quem esteve ao meu lado nos momentos que mais precisei. Não me importa quem é a minha mãe. - se aproxima - Estou magoada sim com toda essa revelação, porém nada entre nós duas irá mudar. Você sempre será a minha mãe e eu a sua filha, por que foi assim que essa mulher quis quando não se importou comigo e me abandonou sem motivos.
Beatriz: Ela teve os motivos dela, e não foram poucos.
Marina: Não interessa. Nada justifica.
Beatriz: Você pensará de outra forma se um dia a conhecer.
Marina: Eu jamais quero conhecê-la. E se um dia esse momento chegar, eu jamais irei perdoa-la. - diz convicta
Beatriz: Não sinta esse rancor, minha filha. Ela só tentou te proteger.
Marina: Proteger é cuidar, não abandonar. - responde fria
Beatriz: Você me perdoa por ter mentindo?
Marina: Não tenho que te perdoar de nada, mãe. Sempre seremos eu e você.
Marina e Beatriz se abraçam e logo tomam café da manhã. Em seguida, Marina segue para a empacotadora Neptuno onde trabalha todo o dia completamente atordoada com a descoberta de que não é filha de Beatriz, porém ela não deixa transparecer e o dia segue.
Por volta das 18h20m Mercedes chega ao local de sempre, onde já encontra José a sua espera.
José: Boa noite senhora Mercedes. - lhe beija a mão
Mercedes: Boa noite José. - sorrir - Como está tudo aqui?
José: Está tudo bem, porém a notícia que lhe tenho não é das melhores. - diz sério
Mercedes: O que houve? - indaga parando no meio do caminho em direção ao carro
José: Não sei bem como lhe dizer. - diz tenebroso
Mercedes: Seja direto, José. Melhor você me dizer do que eu ser pega de surpresa.
José: A senhora Beatriz contou a verdade a senhorita Marina. - diz de uma vez
Mercedes: O quê? - indaga o olhando
José: Isso mesmo senhora. Falei com a Marina hoje na empresa e ela me disse a verdade, acredito que ela irá comentar com a senhora, porém quis lhe deixar em alerta.
Mercedes: A Beatriz não tinha esse direito. - exclama com os olhos marejados - A Marina sabe que eu sou a mãe dela?
José: Não! A senhora Beatriz revelou que a Marina é adotada, porém não disse quem é a mãe biológica dela.
Mercedes: Como ela está?
José: Não poderia lhe explicar. Ela falou sobre isso, porém logo cortou o assunto.
Mercedes: Ela deve odiar a mãe dela. - diz chorando
José: Não se precipite senhora Mercedes, talvez, quando ela souber que a verdadeira mãe dela é a senhora, mude de ideia e aceite-a.
Mercedes: Tenho certeza que não será assim. Ela irá me desprezar. - chora copiosamente - Preciso ir logo para casa da Beatriz, quero conversar com ela. - diz limpando as lágrimas
José leva Mercedes até o carro, abre a porta e a mesma entra. Em seguida ele também entra e ambos seguem para o povoado.
Após minutos, eles chegam.
José: Por favor, não diga que eu lhe contei. - pede
Mercedes: Não se preocupe. - o olha - Vamos!
Mercedes e José chegam à porta da casa de Beatriz e batem na porta, não tarda muito e a mesma os atende.
Beatriz: Mercedes, que bom vê-la. - sorrir - A Marina não chegou ainda, porém não vai demorar.
Mercedes: O mesmo eu digo, Beatriz. Boa noite! - sorrir - Não se preocupe, eu a espero.
Beatriz: Boa noite. Entrem! - pede
José e Mercedes entram.
Beatriz: Vou fazer um café para nós. - diz
José: Não precisa. Eu faço. - se oferece
Beatriz: Obrigada, José! - sorrir - Mercedes, aproveitando que você está aqui, eu preciso te dizer algo. - diz a olhando
José olha Mercedes e a mesma percebe, porém não desvia o olhar dos olhos de Beatriz.
Mercedes: Aconteceu algo? - indaga preocupada
Beatriz: Eu sei que você não vai gostar do que eu fiz, porém hoje despertei com uma coragem imensa, e aproveitando, contei a verdade a Marina. - diz sem graça e com os olhos marejados
Mercedes: Que verdade, Beatriz? - indaga se fazendo de desentendida
Beatriz: Eu não disse que você é a mãe dela, porém eu revelei a Marina que ela não é minha filha. - diz
Mercedes: O que? - indaga - Por que fez isso, Beatriz? Não foi assim o nosso trato.
Beatriz: Eu sei, porém, talvez quando chegasse a hora da verdade eu não tivesse coragem. E, como eu acordei disposta, decidi dizer a verdade.
Mercedes: Como ela reagiu? - indaga
Beatriz olha cabisbaixa para Mercedes e a mesma percebe.
Mercedes: Não precisa me dizer, seu silêncio e seu olhar já me respondem. Ela estar com ódio da mãe dela, não é? De mim, no caso. - diz com os olhos marejados
Beatriz: Ela não sabe que você é a mãe dela, porém está muito magoada com o suposto abandono. - diz Beatriz
Mercedes: Abandono? Ela acha que foi isso que eu fiz com ela? - indaga perplexa
Beatriz: Sim, ela acha isso.
Mercedes: E você deixou que ela pensasse isso?
Beatriz: Eu não poderia dizer toda a verdade, eu não tenho esse direito, porém sobre contar que não sou a verdadeira mãe dela, isso é um direito meu, e eu já o fiz.
Mercedes: Eu entendo. - diz - Afinal, isso cabia a você, e revelar quem é a mãe dela, isso cabe a mim. - diz - Perdão!
Beatriz: Desculpa por ter dito, porém eu acho que foi melhor assim.
Mercedes: Não se preocupe, logo chegará a minha hora, e espero ter a coragem que você teve, pois diferente de você, eu só terei o desprezo e preciso me preparar. - diz
Beatriz a olha triste, porém nada diz.
José: Aqui o café. - diz chegando à sala
O mesmo serve a ambas e logo a si mesmo, e em questão de poucos minutos, Marina chega a casa.
Marina: Boa noite. - sorrir cumprimentando todos
José, Mercedes e Beatriz: Boa noite. - sorriem
Marina: A senhora aqui? - sorrir a beijando
Mercedes: Preciso saber como está tudo, já faz um tempo que não venho aqui.
Beatriz: Enquanto vocês conversam eu irei preparar algo para jantarmos. - diz - Vocês irão ficar não é?
Marina: Claro que sim. - responde
Mercedes: Se a Marina faz questão, eu fico.
Marina: Você também, José. - diz
José: Ficamos! - concorda
Beatriz vai para a cozinha enquanto José, Marina e Mercedes conversam.
Os minutos passam e Marina toca no assunto que Mercedes mais queria evitar.
Marina: Eu não sei se a senhora sabia, mais hoje eu descobri que sou adotada.
Mercedes: Eu descobri há algum tempo. Beatriz me contou. - confirma - Como se sente?
Marina: Eu estou bem, saber a verdade não fez e não faz diferença para mim. Minha mãe sempre será a Beatriz, não interessa quem me deu a vida, foi ela quem nunca me abandonou e me amou desde quando eu cheguei.
Mercedes: Mais tenho certeza que sua mãe também a amou. - diz engolindo seco seu choro
Marina: Senhora Mercedes, vou lhe dizer a mesma coisa que disse a minha mãe, amar é cuidar, é proteger, abandonar não é amor. - diz fria
Mercedes: Cada pessoa tem um motivo para fazer o que faz. Não é sempre que fazem por maldade e sim por necessidade.
Marina: Nenhuma necessidade leva a uma mãe a abandonar uma filha.
Mercedes: Por um filho você é capaz de qualquer coisa, principalmente se for para protegê-lo.
Marina: Até de abandona-lo?
Mercedes: Se for preciso, sim. - diz
Marina: A senhora faria?
Mercedes: Se fosse para proteger, sim, seria capaz.
Marina: Eu não seria.
Mercedes: Você fala isso por que não tem filhos e nunca passou por uma situação desesperadora.
Marina: A senhora fala como se tivesse filhos e já tivesse passado por essa situação.
Mercedes: Não, nunca, porém me coloco no lugar de uma mãe e tento imaginar como seria comigo. Dependendo do caso, eu seria capaz sim.
Marina: Pode ser que eu fosse capaz de tudo, mais de abandonar acho demais.
Mercedes: Nunca se sabe.
Marina: Vamos mudar de assunto, isso já basta por hoje e por sempre, jamais irei perdoar a minha "mãe", pois a única que eu tenho é a Beatriz. - diz convicta
Mercedes sorrir forçadamente e engole todas as palavras de Marina, e ainda mais as "jamais irei perdoar a minha mãe".
Eles mudam de assunto enquanto Beatriz cozinha. Minutos depois, tudo fica pronto e todos jantam.
Após o jantar, todos se reúnem e conversam por algum tempo, até que Mercedes decide ir embora.
Mercedes: Agora eu preciso ir. - diz se levantando
Beatriz: Por que não dorme aqui essa noite, Mercedes? - indaga
Mercedes: Não! Preciso regressar a capital ainda hoje, tenho que ainda ir ao centro noturno.
Beatriz: Entendo! - diz
Mercedes: Boa noite para vocês duas. Obrigada por me receber e por esse jantar. - agradece sorrindo
Marina: Não precisa agradecer, é sempre uma honra tê-la em nossa casa.
Mercedes e José se despedem de Marina e Beatriz e em seguida José segue para o local onde está o helicóptero de Mercedes que a levará de volta a capital.
Durante o caminho eles começam a conversar.

#Continua.

Um Amor InesperadoWhere stories live. Discover now