Capítulo 03

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Um Amor Inesperado -
Capítulo 03 -

Mercedes: Nenhuma. - diz nervosa
Marina: Não venha me enganar senhora Mercedes, eu ouvi muito bem, e quero saber dessa verdade que vocês tanto me escondem.
Mercedes: Você ouviu errado, não estávamos falando de você.
Marina: Claro que estavam. Digam-me! - pede
Rebeca: Chegou a hora da verdade Mercedes. Conte-a!
Mercedes: Não posso. - diz chorando
Rebeca: Claro que pode. Estamos com você. - olha para José.
Marina: Então há uma verdade. - diz - Qual é? - indaga
Rebeca: Primeiro você tem que se acalmar.
Marina: Eu estou calma, tia, porém quero saber de qual verdade eu não sei.
José: Diga senhora. - pede ele colocando as mãos sobre os ombros de Mercedes
Mercedes: Marina, eu sei que você odeia a sua mãe por pensar que ela te abandonou, porém não foi bem assim.
Marina: O que a senhora sabe sobre essa mulher?
Mercedes: Sei tanta coisa, conheço todos os motivos que a fez te dá ao seu pai para que ele te criasse junto com a esposa dele, a qual você considera como sua mãe.
Marina: Considero não, ela é a minha mãe.
Mercedes: Sim, com a sua mãe. Conheço-a como a palma da minha mão. Ela vem sofrendo todos esses anos por não poder se aproximar de você como quer por que tem medo do seu desprezo, porém eu acho que chegou a hora de você saber quem é essa mulher.
Marina: Uma vez eu disse que não queria saber quem era ela, e continuo sem querer.
Mercedes: Você pediu a verdade, então agora você terá. - fala firmemente - Marina, a sua mãe biológica sou eu. - conta chorando
Marina fica sem reação e olha para Mercedes sem acreditar.
Marina: A senhora? - indaga perplexa
Mercedes: Sim, eu sou a mulher quem te deu a vida.
Marina: Não posso acreditar. - chora enquanto as palavras giram em sua mente - Não pode ser.
Mercedes: Eu não tive escolha, você não podia ficar comigo, e eu te dei, te dei para seu pai para que você pudesse ficar protegida. E graças a ele você teve um lar cheio de amor e carinho, o lar que eu jamais poderia ter lhe dado. - diz chorado e se aproximando - Você é minha filha, meu amor. - diz
Marina: NÃOOOO! EU NÃO SOU A SUA FILHA. NÃO ME CHAME ASSIM. - grita com raiva
Mercedes: Por favor, Marina, não fale assim. - pede
Marina: Eu falo como eu quiser, pois a senhora não significa nada para mim. Minha mãe é aquela senhora que está no hospital. Foi ela quem nunca me abandonou e foi quem me amou, quem me encheu de carinho, que esteve ao meu lado todos os anos e os melhores anos da minha vida. A senhora é uma completa desconhecida.
Mercedes: Entre te perder para o mundo e para outra mulher, eu preferi te perder para uma mulher. Não me arrependendo do que eu fiz apenas me arrependo de não ter contado toda a verdade antes. - diz convicta - Eu tive motivos de sobra para te entregar para a Beatriz e o Ariel, e graças a eles você teve tudo que eu, talvez, não poderia te dá. - diz chorando
Marina: Ainda tem o cinismo de dizer que não se arrepende. - debocha - Se não se arrepende, o que faz aqui? A senhora não significa nada, e de nada vai me adiantar você dizer a verdade, eu não quero saber, pois da senhora nada me interessa.
Rebeca: Não fale assim, Marina, a Mercedes sofreu e sofre até hoje por essa distância.
Marina: Não tia, ela não sofre. - diz - Ela se livrou de um estorvo, pois isso era o que eu era para ela.
Mercedes: Realmente você não conhece o coração de uma mãe. Um filho jamais é um estorvo, e você nunca foi. Se eu tivesse ficado com você, talvez, hoje, eu não estivesse aqui, de frente para você, te revelando toda a verdade. Talvez você não tivesse sido criada com amor e carinho como foi. Você está me julgando sem ao menos conhecer meus motivos.
Marina: E não quero conhecer. - diz irritada - Eu quero sim, que a senhora vá embora da minha casa.
Rebeca: Marina, o que é isso? - indaga - Ela é sua mãe.
Marina: Não, não é, e se ela não sair, saio eu. - diz
Mercedes: Não se preocupe Rebeca, a Marina precisa pensar e de um tempo. Eu vou embora. - diz pegando a bolsa
José: Eu a acompanho senhora. - diz
Mercedes olha para Marina que está de costas para ela e logo se vira para Rebeca.
Mercedes: Obrigada por toda força e apoio. - sorrir levemente
Rebeca: Fica bem. - pede
Mercedes: Tentarei.
As duas se abraçam e Mercedes sai da casa de Marina com José.
Mercedes: Quero ir para casa. - pede chorando
José: Não! A senhora passará a noite aqui. Vamos para minha casa. - chama
Mercedes: Não, quero ir para minha casa.
José: Sei que não tenho esse direito, mas, hoje as ordens são minhas. - diz direto - Vamos para a minha casa. Lá a senhora descansa e pensa com calma.
Mercedes cansada de tudo concorda e José a leva para a casa dele.
José: É simples, mais está cheia de amor e carinho para a senhora. - diz sorrindo triste
Mercedes o olha e não resiste, ela cai aos prantos.
José se aproxima e a abraça.
Mercedes: Você viu José, quanto ódio, quanto desprezo? - indaga abraçada a ele - Ela jamais irá me perdoar. Eu vi em seus olhos todo o ódio que sente por mim.
José: A gente sabia que seria assim senhora, ela não iria aceitar de primeira, a conversa de vocês naquele dia já disse tudo, porém a senhora tem que ter paciência, muita paciência. Sabíamos que não seria fácil, mas ela vai entender, mesmo que demore um pouco, mais ela vai entender.
Mercedes: Eu esperei tanto por esse momento, porém jamais pensei que seria dessa forma tão brutal tão inesperada. Eu planejava de outra forma, não dessa. - chora
José: A gente vai superar mais essa etapa. Não a nada que a senhora Mercedes Artigas não vença. Estamos juntos. Sabes que eu jamais irei abandona-la, e juntos a faremos mudar de ideia. Contando também que, vamos encontrar a Magdalena e vocês serão felizes, você com suas duas filhas. Seu sonho irá se realizar, mesmo que demore. - a abraça mais forte.
Mercedes não entende o que se passa dentro de si mesma, porém sente uma confiança inexplicável nas palavras de José. Ela se afasta de seu corpo e o olha. José retribui o olhar, porém os olhares de ambos se desviam e se encontram em outro lugar, no mesmo lugar, e não são necessariamente os olhos um do outro. José observa a boca de Mercedes e a mesma o acompanha. Ela retribui o olhar no mesmo lugar, e sem que percebam, eles começam a aproximar os rostos. José a pega levemente pela cintura e entre a dor que se apodera de seu coração, Mercedes se entrega ao momento e fecha os olhos vagarosamente. José a observa e não contento mais o desejo que o consumia, ele a beija. Lentamente as bocas se encontram e se unem de forma terna, porém intensa. Mercedes envolve os braços no pescoço de José e o mesmo a abraça mais forte, intensificando cada vez mais o beijo. Ele invade a boca dela com sua língua e busca desesperado pela dela, não tardando em encontra-la, porém, em um ato de lucidez, Mercedes o aparta bruscamente.
José: Perdão senhora. - pede ele nervoso - Eu não me contive.
Mercedes: Por que fez isso? - indaga
José: Não vou negar senhora, já fazia algum tempo que sentia desejo de beija-la. - confessa - Porém eu não queria que fosse assim, em um momento tão frágil, tão delicado, mas ao vê-la, tive a necessidade de passar um pouco do que sinto por esse beijo.
Mercedes: É melhor eu ir dormir. - diz mudando de assunto
José: Espero que isso não mexa no meu emprego e a senhora queira me afastar.
Mercedes: Não José, fique tranquilo. Isso já foi esquecido. - diz sorrindo levemente
José: Eu não irei esquecer. - confessa a olhando
Mercedes: Aonde irei dormir?
José: No meu quarto. - diz ele - Eu irei dormir na sala.
Mercedes: Se eu soubesse que iria dá todo esse trabalho, não teria aceitado.
José: Não é trabalho nenhum, eu faria mil vezes se fosse preciso. - diz sorrindo
José troca os lençóis da cama e dos travesseiros enquanto Mercedes apenas observa.
José: Pronto! Pode deitar e descansar.
Mercedes: Obrigada por tudo, José. - diz sorrindo
José: Não precisa agradecer. Quer tomar um banho?
Mercedes: Não, eu não trouxe roupas.
José: Vista uma camisa minha, tranque a porta e descanse, é melhor que dormir com essa roupa. - diz
Mercedes: Eu aceito.
José busca dentro de seu guarda roupa uma camisa e a entrega.
José: Aqui está. Boa noite e até amanhã.
Mercedes: Igualmente!
José sai e Mercedes vai para o banheiro, onde toma um banho, veste a camisa e logo se deita, onde chora até que adormece.
Na sala, José pensa no beijo trocado e em todo o sofrimento de Mercedes.
José: Como eu queria solucionar todo o sofrimento dela, meu Deus. Queria tanto ser mais que um amigo, para apoiar de forma mais que incondicional. - diz a si mesmo - Eu a amo e já não consigo negar. Que beijo! Que braços envolventes. - sorrir - A amo!
Após pensar por minutos, José adormece.
No meio da madrugada, Mercedes desperta. Ela sente sede e decide tomar um copo com água. Ela se levanta e se direciona a cozinha, porém ao passar pela sala, ela ver José dormindo sem camisa e se aproxima. Ela o observa e sorrir levemente. De imediato, sua cabeça relembra o beijo trocado e ela sorrir confusa. Mercedes se afasta e vai à cozinha, onde bebe um copo com água e logo regressa ao quarto. Ela se deita e pensa novamente no beijo.
Mercedes: Que sensação boa ser beijada e abraçada com desejo. Ele me causa sensações já esquecida. Seu beijo, seu toque me fazem sentir viva, me fazem sentir mulher. - diz a si mesma - Será que eu estou sentindo algo mais que confiança e carinho? Meu Deus, eu não posso amar, eu não tenho tempo para isso, não poderia me dedicar a um amor para mim, preciso matar esse sentimento que nasce antes que ele acabe comigo. - diz a si mesma e logo adormece.
Tempo depois, por volta das cinco da manhã, José desperta. Ele sorrir ao lembrar-se de Mercedes em seu quarto, e sem hesitar, decide entrar vagarosamente. Ele sorrir ao vê-la tão serena toda enrolada no lençol. José se aproxima e observa a transparência de sua camisa nela, que mostra nitidamente seus seios. José sente algo mais e sai do quarto. Ao chegar à sala, ele pensa na possibilidade de fazer amor com Mercedes, e só de imaginar, fica excitado.
José: Não José! Isso não poderá acontecer. Tire-a de sua cabeça, é o melhor. - pede sua razão
José veste uma camisa e vai fazer o café.
Com o barulho que vem da cozinha, Mercedes desperta, toma banho, veste sua roupa e chega à cozinha.
Mercedes: Bom dia. - sorrir o cumprimentando
José: Bom dia senhora. - sorrir - Como dormiu? - indaga
Mercedes: Bem, na medida do possível. - diz triste
José: Tudo irá que resolver, tenha fé.
Mercedes: Fé é algo que tenho constantemente, mesmo quando não quero ter.
José: Então que você jamais a perca.
Mercedes: Não irei perder.
José: Não tem tanta coisa na casa de um homem, mas creio que tenha o suficiente.
Mercedes: Não deveria ter se preocupado, irei tomar apenas uma xícara de café, estou sem fome.
José: Coma pelo menos uma fruta. Ficar sem comer não é a solução.
Mercedes: Eu sei, mais estou sem fome.
José: Está bem, não sou o que dá ordens, sou o que recebe. - diz a olhando
Mercedes: Eu dou muita ordem? - indaga o olhando
José: Não! Porém a minha patroa é a senhora, então eu sou o que obedece, e com muito prazer.
Mercedes: Fico feliz por não ser uma má patroa. - sorrir
José: Eu também. - sorrir - Irá regressar a capital agora?
Mercedes: Não, irei primeiro na casa da Beatriz tentar falar com a Marina e em seguida irei ver a Beatriz no hospital.
José: Senhora, sobre ontem eu queria...
Mercedes: Não se preocupe, sobre ontem, eu já esqueci. - sorrir
José: Esse é o ponto, eu não esqueci e não me arrependo. Talvez eu nunca esqueça. - diz a olhando
Mercedes: O rumo dessa conversa não me agrada, José.
José: Eu sei, e é por isso que quero lhe pedir perdão, mesmo eu não me arrependendo.
Mercedes: Está perdoado. - diz o olhando - Vamos esquecer esse assunto.
José: Como quiser.
Mercedes o olha e pensa consigo; eu também não esqueci, e talvez nunca o faça.
Após tomarem café, José e Mercedes seguem para a casa de Marina.
Ao chegar, são recebidos por Rebeca.
Rebeca: Bom dia. Podem entrar!
Marina: Não! Aqui eu não os quero. - diz chegando à sala
Mercedes: Por favor, deixe-me explicar e dizer como tudo aconteceu.
Marina: Não me interessa senhora, nada que venha de você me interessa. Eu não sou a sua filha, então não me trate como tal, e não queira tratamento de minha parte. - diz direta - E se a senhora continuar insistindo, irei sair da empresa.
Mercedes: A empresa é tão sua quanto minha.
Marina: Se a senhora continuar insistindo, eu saio dela, não importa se é minha ou não.
Mercedes: Está bem, não irei insistir. Um dia você irá se arrepender, e quando o fizer me buscará. Estarei de braços abertos a sua espera. - diz com os olhos cheios de lágrimas.
Marina a olha sair, e após, cai aos prantos.
Rebeca: Ela te quer bem, Marina.
Marina: Não tia, esse amor não quer o bem de ninguém. - diz chorando
Rebeca: Você poderia dá uma chance a ela.
Marina: Não quero. Eu não quero ouvir mentiras, deixemos tudo como está mesmo nada voltando a ser como antes.
Rebeca a abraça e Marina chora.
No carro, José observa pelo retrovisor, o choro silencioso de Mercedes.
José: Dê um tempo a ela, logo ela entenderá.
Mercedes: É o único remédio não é?
José: No momento, sim, e o único que pode fazê-la raciocinar. Ela precisa dele.
Mercedes chorando, concorda.
Após minutos, eles chegam ao hospital.
Mercedes vai até o quarto de Beatriz e a encontra melhor.
Mercedes: Bom dia, Beatriz. - sorrir - Como se sente?
Beatriz: Melhor. - diz baixinho
Mercedes: Vim me despedir, pois já estou regressando à capital.
Beatriz: Quando vem aqui de novo?
Mercedes: Quando for necessário. - diz sorrindo - Mais não se preocupe, eu virei logo.
Beatriz: Então até breve.
Mercedes: Até!
Mercedes se despede de Beatriz e segue para o local onde seu helicóptero já está a sua espera.

#Continua.

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