Capítulo 43 (revisado)

771 93 0
                                    

O garoto me guiou para dentro da floresta. Não respondeu a nenhuma de minhas perguntas sobre Maria ou sobre o Governo, me pediu para calar a boca mais de uma vez e a garota parecia irritada por estarem me levando consigo. Eu notei o quanto estava sendo impertinente e o quanto aquilo tudo não combinava comigo. Eu não costumava ser esta pessoa irritante, mas haviam coisas sobre as quais eles podiam me ajudar, e quanto antes colaborassem antes tudo se resolveria. Era a segurança de Maria que estava em jogo aqui, tudo bem eu estar um pouco nervoso. 

                  -Seu pai não vai ficar feliz com isso Carl- disse a garota impaciente.

Ele aliviou o passo, mas seguiu pela trilha em silêncio.

                 -CARL! -insistiu.

                -E o que eu poderia fazer ? Perguntou o garoto que usava um chapéu de Xerife -Deixá-lo lá? Meu pai costuma mesmo não ficar feliz com as decisões que tomo. 

Ele parecia sério demais para alguém com no máximo doze anos. Eles sequer deveriam estar andando por ai sozinho. 

                -Olha sem ofensas -disse a garota para mim e então se voltou para o menino- Mas ele já é velho o bastante para cuidar de si.

                 -Eu não vou discutir isso Enid.

A garota bufou e passou a frente na trilha. A grama ia ficando mais baixa a medida que entrávamos na floresta, as folhagens queimadas mostrando a evidência de que seguidamente pessoas passavam por ali. Deduzi que estávamos nos aproximando quando senti um leve cheiro de carne assando.

                 -Tanto faz- desistiu a menina- mas você sabe o que aconteceu da última vez que deixaram um estranho entrar. 

De qualquer forma agora era tarde para ele resolver me deixar para trás, estávamos perto demais e eu sabia o caminho. 

 Um homem montava guarda em cima de um trailler carregando consigo um rifle de assalto, era um velho, usava um chapéu de pescador e com a pouca luz da noite poderia facilmente ser confundido com um dos mortos. Ele levantou assim que nos viu. 

                 -A noite é um segredo- Dizia Maria.

A voz dela ainda soava como antes na minha cabeça.

                 -Você não permite tempo para reconhecer, é o medo que age.

Droga, eu precisava encontrá-la, precisava saber se estava viva, e se não estivesse, bom, eu teria de viver com isso. Mas eu precisava de uma certeza e naquele momento não tinha nenhuma.

Uma cerca de arame definia o território do acampamento, começava em uma grande árvore e dava a volta na pequena clareira, haviam ainda carros espalhados em pontos estratégicos para fugas rápidas e vários pontos de trabalho básicos de manutenção que mantinham as pessoas ocupadas durante o dia. Mas agora era noite e todos se refugiavam, exceto pelo guarda na vígilia do trailler e por um homem chamado Rick Grimes que se apresentou para mim como líder do acampamento. Ele nos guiou para perto do trailler. Enid tinha razão, ele não parecia nada contente com a decisão idiota do filho e trazer estranhos para o acampamento. Uma mulher de cabelo escuro e extremamente magra saiu de dentro do trailler e abraçou o garoto, Rick ordenou que ela o levasse de volta para a barraca, e disse que ele estava "oficialmente" de castigo. 

               -Ele só tentou me ajudar- defendi sem saber quais eram as palavras adequadas. 

O cara não disse uma palavra, abriu a porta do enorme veículo e acenou para que eu entrasse. Ele achava que eu era assim tão estúpido mesmo? 

               -Olhe cara- comecei- Não quero problemas, só preciso de informações. Vou embora assim que você disser que não pode me ajudar. 

                -Isso sou eu quem decido- afirmou ele colocando a mão no cinto. O coldre de seu revolver era grande, mas não me assustava. Eu já lidei com muitos caras assim, que se sentiam invencíveis. 

Eu costumava ser um deles. 

DIXON - No Fim Do Mundo Where stories live. Discover now