Acordei com a luz do sol invadindo o meu rosto. Eu nunca gostei de dias de sol. Olhei para cima e virei rapidamente a cabeça. Minha visão precisou se acostumar com a luz ambiente antes que eu voltasse o olhar para o teto. Havia um buraco na tenda hospitalar que estava localizado bem acima de minha cabeça. Levei as mãos até o cabelo e notei o quanto estavam quentes. Há quanto tempo eu estava ali no sol?
-Você não podia ter me tirado daqui? perguntei a Carol mesmo sabendo a resposta e a intenção.
-Tive medo de te acordar se movesse a maca.
"Até parece".
-Onde estão todos? perguntei notando a falta de barulho.
-Empenhados em manter a sua segurança, alteza- disse com desdém e voltou a dar atenção ao livro que estava lendo.
Me levantei e sentei na maca. Estava suando muito e já não cheirava muito bem. Procurei em volta e vi que alguém havia arrastado minha mochila até ali junto com algumas outras. Peguei-a e sai de fininho. Josh guardava a porta, sentado em uma cadeira velha de praia, ele cochilava com o boné no exército na frente do rosto e com a arma empunhada.
-Não estou dormindo- resmungou quando passei por ele- Apenas descansando os olhos.
Eu ri e continuei caminhando.
-Como você está? Ele quis saber. Tirou o boné da frente do rosto e me encarou com olhos vermelhos, o típico sinal de quem havia bebido muito e dormido pouco.
-Eu estou bem, mas que ressaca essa sua em cara- ele bufou em cansaço e se recostou mais na cadeira que parecia prestes a ceder com todo aquele tamanho. Um legítimo brutamontes do exército.
-Beber faz bem- respondeu.
-É sim- concordei- Inclusive estou indo até o rio pegar um pouco de água.
-Ajuda a acalmar a dor.
-Você está com dor? perguntei inspecionando-o. Detectei uma faixa em seu pé descalço.
-Malditos cachorros. Eu nunca gostei deles.
-Pitbuls não são amigáveis.
-Zumbis também não, por isso eles mordem.
-Carol também não, e nem por isso ela morde.
Mas eu imaginei que se não soasse totalmente estranho ela até poderia morder, e espalhar toda aquela raiva recolhida.
Ele riu e tomou um gole de algo em sua garrafa. Duvidava de que fosse água.
-Você menina, é tenebrosa.
-Obrigada- respondi. Ele puxou uma garrafa- dessa vez de água de sua mochila e a jogou para mim. -Obrigada, parte dois.
Ele assentiu e se levantou.
-Onde é mesmo que vamos?
-Eu vou tomar um banho- respondi confiante.
-Você não é louca. Dixon entrou naquele riu, a água deve estar mais limpa naquela poça ali- e apontou para uma poça no chão com uma mistura de água e óleo. Eu ri e retomei a caminhada.
-Você não precisa vir.
-Eu preciso.
-Mas você está ferido.
-E vivo.
Arqueei uma sobrancelha para ele. Era durão, mas não podia negar que também sentia dor.
-Não me olhe assim, eu não queria, mas é o meu trabalho.
-Não precisa mentir Josh, eu sei que você só quer o prazer da minha companhia. Ele balançou a cabeça e indicou o rio.
-Aquelá área, perto da árvore é mais segura para banho. Assenti e comecei a retirar coisas da mochila. Josh, que havia arrastado a cadeira de praia consigo, sentou-se na sombra e concentrou o olhar na outra margem do rio.
-Você não vai ficar ai, vai? perguntei com uma mão na cintura e o pé batucando no chão.
Ele manteve a expressão "profissional" no rosto e disse:
-Não vou a lugar algum.
Com o biquíni e a toalha nas mãos, andei até uma grande árvore e me troquei atrás dela. Ouvi um barulho do outro lado do rio, o movimento gerou pequenas ondas na água.
-Josh- chamei-o saindo detrás da árvore.
-Eu vi- respondeu ele se levantando- Não deve ser nada, um galho ou uma pedra que rolou até a água. Ele puxou o binóculos do pescoço e olhou melhor- Não se preocupe.
Entrei na água rapidamente e comecei a me esfregar, alguns pontos precisavam de mais atenção.
-Vou te matar se não parar de olhar pra mim assim- brinquei com Josh. Ele engoliu em seco e virou o rosto.
-Daryl me alcança antes de você- brincou ele de volta.
-Daryl não é ciumento- comentei prendendo os cabelos molhados em um rabo de cavalo.
-Eu pensei que você o conhecesse, mas sobre isso está tão enganada. Ele te ama, não deixaria ninguém chegar perto de você.
-É por isso que ele odeia Ozônio? perguntei rindo.
-Não, o garoto faz por merecer. Ele te jogou de um carro em movimento.
-Ele quis ajudar o Daryl- defendi.
-E Daryl quis ajudar a Carol- argumentou.
-Eu odeio a Carol.
-Você odeia a Carol por isso- ele disse e riu. E eu ri também porque em parte era verdade.
-Como é que você conseguiu tudo isso? ele mudou de assunto dando atenção a uma bacia quadrada transparente que eu havia arranjado no dia anterior, dentro dela havia vários produtos de higiene pessoal que antes estavam amassados em minha mochila.
-Eu vasculho casas, as vezes não encontramos comida e pilhas e balas, mas todo mundo usava shampoo, sabonete, creme corporal e essas coisas
-E você carrega tudo isso nas costas? ele apontou para a mochila.
-Eu não vou viver o bastante para ter problemas na coluna- respondi.
-Sinceramente Maria- ele disse colocando o boné na frente do rosto de novo- Espero que você viva bastante.
Então eu mergulhei.
Meus pulmões tornaram a implorar por ar. Meu corpo se debatia debaixo d'água, preso a um par de braços fortes e impenetráveis. Eu tentei chutar, arranhar, alcançar alguma coisa, qualquer coisa que fosse, mas não alcancei nada. E quando dei por mim, estava novamente inconsciente.
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DIXON - No Fim Do Mundo
Fanfiction"Quando o mundo caiu as máscaras caíram com ele. As pessoas não precisavam mais esconder seus medos nem seus desejos mais profundos. Quando o mundo caiu nós só tivemos a certeza de que os verdadeiros montros estavam realmente dentro de nós e não era...