Capítulo 84 (revisado)

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Boa tarde pessoal! Não esqueçam de deixar o seu voto 🤗

                                   ♡

Era tarde da noite quando ouvi a maçaneta rangindo, o som de passos no corredor me despertara segundos antes e agora alguém passava pela porta. Estava com uma mão embaixo do travesseiro grudada na pistola novíssima que haviam colocado ao meu dispor, mas era só Daryl chegando de sua ronda. Pelo menos é onde me disseram que ele estaria. Não que eu acreditasse naquilo e não que eu não quisesse atirar nele, mas enfim...

Voltei a prestar atenção ao sono, mas minha sanidade era colocada a prova sempre que Daryl estava por perto e isso dificultava minhas tentativas de dormir. Depois de conversar com Harry, e fora uma longa conversa, decidi colocar tudo em pratos limpos com Daryl. Talvez aquele não fosse o melhor momento, mas talvez o melhor momento para aquela conversa nunca chegasse então resolvi terminar aquilo o quanto antes. Sentei-me na cama, e acendi o abajur, a tentativa de Daryl de trocar de roupa no escuro e em silêncio era mesmo muito eficaz. O homem era como um gato, e olhando para todos aqueles músculos definidos, o cabelos na altura dos ombros... ele era realmente um gato.

-Não consegue dormir? Perguntou ele em um tom doce, mas também doloroso. Eu não acreditava que podia ser tão difícil para ele conversar comigo agora.

-Na verdade não. Tem uma coisa tirando o meu sono.

Ele tirou a camisa e sentou-se em uma cadeira de madeira bem ao lado da mesa em frente à minha cama. Pelo tom da voz e pela postura ele já imaginava o que estava por vir.

-Também tenho coisas a dizer-  disse ele, sempre mantendo o olhar no meu.

-Daryl eu não entendo porque você fez o que fez, e talvez nunca vá entender. Também não sei se quero. Você me contou a história toda e eu não sei como me sinto sobre isso.

Fiz uma pausa. Respirei e continuei:

-No início me senti traída, agora só me sinto sozinha. Não tenho você, nem Ozônio e me sinto culpada por isso, mesmo sabendo que não deveria, vocês foram quem mentiram pra mim então não entendo o peso na minha consciência.

Ele me olhava, concentrado e calado. Duro e doce ao mesmo tempo. Uma fusão perfeita e confusa.

-Eu não sei mais o que falar, e juro, fiquei pensando sobre essa conversa até cair no sono.

Ele assentiu, era hora de falar.

-Eu queria te contar, mas depois de um tempo parecia certo fingir que não sabia de nada. Não me olhe assim -pediu ele- Eu não estava fugindo da verdade, eu só achei melhor esperar pelo momento em que você estivesse segura de verdade pra poder te contar. Você é durona Maria, não aceita ajuda e dificilmente faz o que mando fazer. Eu só queria garantir que você fosse ter pessoas além de mim te protegendo, para quando eu contasse a verdade sobre o meu trabalho e você fosse me odiar, pudesse ter amigos que se importassem com você.

-Se você está falando de Ozônio saiba que ele não se importa comigo.

-Não se importa por que escondeu que conhecia o interesse do governo em você? PELO AMOR DE DEUS, ele estava tentando te proteger. Da mesma forma que eu.

Os gritos dele me fizeram estremecer. Mas nem por isso ele recuou.

-Maria você é adulta, sempre me pareceu muito racional então use a cabeça. Se não entende nossos motivos pelo menos considere nossas intenções. Você está em segurança, as pessoas lá fora terão uma chance por causa disso, não importa o quanto tivemos que sacrificar para que você chegasse aqui.

-Então foi um sacrifício ter que viver em minha função todos esses meses?

Eu estava acumulando uma dor tão intensa que um nó havia se formado em minha garganta.

-Não, eu fiz por amor, porra- bradou ele me silenciando da voz ao pensamento. Eu era só o zumbido de barulho algum. Um vácuo. Um ponto escuro e esquecido.

-Porque eu te amei desde o dia em que vi você enfiando a cabeça de um maldito zumbi num pedaço de ferro na parede. Quando você correu trôpega de volta  para aquele esconderijo tão estúpido que chegava a ser brilhante. Porque eu vivi por você desde aquele momento, mas não pelo trabalho, foi porque você tirou parte de mim do lugar e eu não sabia como colocar de volta. 

Agora ele estava em pé, com o dedo indicador apontado pra mim. Eu não respirava normalmente, mas perto dele era sempre assim. Malditos romances clichês.

-E aquela mulher? Que viu o sol assim que colocou os olhos sobre  você.

Ele baixou o olhar, havia mais do que eu sabia, mas eu tive tempo de imaginar bastante.

-Rose?

-Rose! Falei com minha melhor voz de deboche.

-É uma amiga, a conheci há muito tempo, antes do fim de tudo. Quando voltamos para casa, pensando em encontrar a família nós só encontramos ela e então a levamos para a base. Pelo visto eles a trouxeram para cá.

-Vocês eram íntimos? Perguntei sem esconder o cíume na voz.

-Não muito, mas como eu insisti em ajudá-la acho que ela acha que tem uma dívida comigo.

E pela maneira maliciosa como se agarrava a ele eu suspeitava que ela soubesse bem como agradece-lo pela ajuda. Aquilo me deixava enfurecida. 

-Não sei como conduzir isso- confessei.

-Você parecia decidida quando começou a conversa- disse Daryl.

-Eu quero perdoá-lo e a Ozônio, não porque vocês mereçam meu perdão, mas porque eu mereço paz. E nós vivemos em um maldito mundo cheio de mortos, nada impede que nós sejamos os mortos do amanhã.

-Eu impesso- falou ele aproximando-se de mim. Ajoelhou-se a minha frente  e acariciou uma mecha do meu cabelo então tocou meus lábios com o seu em um beijo lento e breve.

-É muito mais difícil ficar brava com você assim Daryl, por Deus, você me ganha todos os dias.

-Estou em dívida com você há alguns dias então me deixe te recompensar.

Ele me colocou de volta na cama e cobriu meu corpo seminu com um cobertor pesado e peludo, depois vestiu uma camisa limpa e deitou ao meu lado. Que saudades eu tinha daquele corpo, era ali onde me sentia mais segura. Podia ser infantilidade minha achar que Daryl era o homem da minha vida, mas eu culpava os hormônios da gravidez por aqueles pensamentos piegas. Depois de perder totalmente o sono conversando com Daryl sobre amenidades- mesmo em meio aos risos ele parecia tenso- nós ficamos acordados até o meio da madrugada falando sobre nossas vidas antigas, e esse não era o assunto favorito dele. Eu sentia necessidade de estar o mais perto possível dele e comecei a me insinuar como quem não quer nada, mas na verdade queria tudo. Daryl pareceu entender, porque entre uma carícia e outra ele perguntou inocentemente se o sexo não machucaria o bebê, eu comecei a rir tanto que acabei por pegar no sono.  

DIXON - No Fim Do Mundo Donde viven las historias. Descúbrelo ahora