Encontros inusitados

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O mar estava bravo, o sol ardia na pele e o barulho do vento se instalava em meus ouvidos. Plutão resolve correr, e eu corro junto, implorando para ele parar, mas ele estava querendo o que todos os seres vivos desejam: a liberdade! Avisto de longe um homem vestido de roupa de mergulho sair do mar. Paro do correr para tomar fôlego, e avisto plutão indo direto para os braços dele. O estranho com máscara e roupa de mergulho começa a brincar com ele, enquanto caminho em sua direção, com o pouco de oxigênio que  ainda tenho nos pulmões.

- Obrigada por segurá-lo! (Falei ofegante)

- Se deixasse ele iria direto para o Rio! Não é mesmo, garotão!? (diz ele)

Fico aliviada em saber que não sou a única pessoa no mundo que fala com animais.

- Como ele se chama?

A voz dele soa abafada, por causa da máscara de mergulho.

- Plutão!

- plutão já foi planeta... E você ?

Ele está olhando para mim com seus olhos que são mais azuis do que o céu e o mar juntos, num horizonte sem sol.  Fico meio tonta com aquela visão.

- Já fui muitas coisas na vida, menos planeta!

Ele sorri com os olhos, e diz:

- legal o seu nome, só é meio grande, não acha!?

- ah, desculpe! Me chamo Lorena!

- foi um prazer conhecê-la, senhorita Lorena!

Ele me dar as costas, e simplesmente vai embora sem dizer mais nada. Eu odeio ficar na curiosidade, e grito:

- E o seu ?

Ele se volta para mim como se tentasse lembrar o próprio nome.

- Eu me chamo... Omar!

- Obrigada, Omar!

Ele acenou e continuou caminhando com seus pés de pato.

Não é todo dia que isso acontece. Pra falar a verdade, é a primeira vez que eu encontro um mergulhador á essa hora da manhã. Chego em casa com plutão nos braços, suja de areia, e assim que entro, sou interrogada por Julia.

-caramba! Foi se enterrar na areia?

- Julia, você não vai acreditar no que plutão aprontou.

- Eu vou acreditar! Acha que eu não conheço plutão?

- acredita que ele saiu correndo na praia e só parou quando encontrou um mergulhador ?!

- Se eu fosse ele, teria feito a mesma coisa. O cara era gato?

- não, era humano! Por acaso, gato gosta de água, minha amiga?

- Você consegue ser mais infantil do que a Dora.

Olho para Julia com meu olhar "44" e finjo não estar achando graça do seu comentário. Enquanto me arrumo para ir trabalhar, sinto uma sensação estranha de mudança. Mudança não só por fora, mas por dentro. Se bem que eu estou sempre estou em processo de mudança. Chego ansiosa na livraria para ver se há algum recado no meu e-mail, mas não há nenhum. Eu tenho uma mania chata de ficar criando expectativas, e por isso sempre saio frustrada das situações. Espero demais das pessoas. O dia passara tão rápido que nem percebi. Quando estou prestes a desligar o computador para fechar a  livraria, resolvo dar uma última olhadinha no meu e-mail.

Me deparo com uma mensagem de Freddie, e meu coração dispara desnecessariamente. Tento me convencer de que isso ocorreu pelo medo dele ser um psicopata.

O Meu Amigo EscritorWhere stories live. Discover now